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Suspense
Amor?
Suspense

I.

Odeio chuvas de verão.
Em um momento está tudo claro e do nada, ela vem, em toda sua glória. A chuva me pegou pouco antes de chegar em casa. Entro, tiro os óculos e a roupa molhada e vou pro banheiro. Só depois me dou conta de que esqueci o shampoo no guarda-roupa. Droga.

II.

Ouço a porta abrindo, meu amor chegou, que bom.
— Amor? Pode pegar meu shampoo pra mim? Tá lá no guarda-roupa.
Ele não responde, deve estar estressado hoje, mas escuto a porta do guarda-roupa abrindo e em seguida a silhueta de sua mão deixando o shampoo no box.

III.

— Obrigado querido.
Terminando de me enxugar. Ouço a porta de casa abrindo novamente. Ponho os óculos e saio do banheiro.
— Oi amor. Vai sair de novo?

IV.

— O que quer dizer, meu bem? Acabei de chegar.
— Se você acabou de chegar... Então quem me entregou o meu shampoo?

V.

Presságio
Suspense

I.

Eu explicava para o Frank.

Conhecia aquele suor frio escorrendo pela espinha. Era mau presságio. Algo daria errado. E Frank ali, quieto.

II.

Enfim, surgiram as sirenes:

“Eu te disse, homem, conheço os sinais. Estou ferrado”. Mas com um filete de sangue escorrendo na testa, Frank não dizia mais nada.

III.

IV.

V.

Dormente
Suspense

I.

Dizem que você vê demônios.
Dizem que você não pode se mexer.
Dizem que o terror é insuportável.

II.

A madrugada não é tão escura quanto as pessoas pensam.
Eu não sei o que adormeceu primeiro, se o meu corpo ou os meus sentimentos.
Mas acordei sozinho na escuridão e, pela primeira vez, senti medo.

III.

Onde estava o demônio? Onde estava? Imóvel, eu o busquei com o olhar.
Mas não havia nada. Era o breu. Aquilo era novo. Mas meu corpo, meu corpo...
Continuava inacessível.

IV.

Pensando bem, tudo faz sentido.
Os demônios só se interessam pelos vivos.

V.

Salvação
Suspense

I.

Adão corria sempre até o fim daquela via inacabada. Gostava de fazê-lo durante à tarde, quando o pôr do sol refletia-se sob as águas da represa.

Também era um momento em que as pessoas iam menos lá. Ainda mais naquele inverno.

II.

Enquanto observava as nuvens tingidas de vermelho e roxo, como numa aquarela, notou alguém se debatendo nas águas da represa.


— Que droga! — disse, embora estivesse sozinho. Exceto pelo futuro afogado.

III.

Ninguém deveria entrar na represa, muito menos tentar nadar. Mas Adão ignorou aquilo.

Correu até a cerca, atravessou-a e mergulhou nas águas frias. Salvaria aquele idiota de si mesmo. Quando se aproximou, deparou-se com o rosto anfíbio.

IV.

Ninguém deveria entrar na represa, muito menos tentar nadar. Mas Adão ignorou aquilo.

Correu até a cerca, atravessou-a e mergulhou nas águas frias. Salvaria aquele idiota de si mesmo. Quando se aproximou, deparou-se com o rosto anfíbio.

V.

Festa
Suspense

I.

O homem saiu da festa para o jardim, meio bêbado. Precisava respirar um pouco. Atrás de si a música ainda tocava alta e as pessoas riam.

Foi somente quando se encostou na parede que notou que não estava sozinho. Uma mulher esguia estava lá, fumando cigarro.

II.

-Vim respirar um pouco.
Ela concordou, sem desviar os olhos da paisagem. Da penthouse dava para ver a cidade acesa e as estrelas.
-Como está lá dentro?
-Animado.
Ele se aproximou e a morena lhe ofereceu o cigarro. O homem aceitou e deu uma tragada.

III.

-Quando acha que vai acontecer?
Ela deu os ombros.
-É melhor não saber, eu acho.
-Verdade.
Ficaram em silêncio ao que uma risada alta e o barulho de algo se quebrando os fez rir.
Ele devolveu o cigarro.

IV.

Foi quando o céu começou a ficar vermelho e um vento quente os atingiu em cheio.
A mulher deu uma longa tragada e jogou a bituca no chão, apagando-a com a ponta do salto.
-Não deveria estar com a família?
-Eu não tenho ninguém.

V.

Ambos olharam um para o outro e se deram as mãos pouco antes do cometa atingir a Terra.
E a festa finalmente acabou.

Despedida
Suspense

I.

Ela costumava tomar chá enquanto observava o crepúsculo do alto andar onde morava.

No prédio vizinho ninguém fazia o mesmo, por isso assustou-se quando viu alguém postado na janela do apartamento nivelado ao seu.

II.

O homem segurava uma rosa de pétalas negras como uma noite sem luar. 

Seu rosto estava oculto na penumbra e mesmo assim ela sabia que ele a observava. O estranho ficou lá, imóvel, até acenar.

III.

Fingindo não o observar ela deu-lhe as costas e foi até a cozinha deixar sua xícara vazia.

Ao voltar para sala, olhou de relance para a janela, mas o homem havia sumido. Suspirou aliviada e atirou-se no sofá.

IV.

Sua noite seria tranquila como todas as outras não fosse o que a fez sufocar um grito na garganta.

V.

Sobre uma das almofadas jazia uma rosa de pétalas negras.

Ajudinha!
Suspense

I.

Quando os conheci eles tocavam para meia dúzia de bêbados em um bar.

Hoje em dia ninguém mais quer saber de rock n’ roll ou blues. Uma pena. Mas lá estavam, bastante empolgados, sonhando em ganhar um mundo, que na verdade, nunca daria ouvido para eles.

II.

Os garotos eram bons. Bons de verdade. Hoje em dia isso também é difícil. Atualmente o que importa não é mais importante. Sempre fiz o meu trabalho com um sorriso no rosto. Mas com esses rapazes… Com eles foi ainda mais prazeroso.

III.

Vê-los agora, tocando para 30 mil pessoas, não é algo que me surpreende.
Sim, eu sou muito bom no que faço. Tenho bastante noção disso. E acredite em mim, meu amigo. O que eu cobrei deles na época, é o mesmo que posso cobrar de você.

IV.

E então, quer viver o resto da vida sendo um nada?

O que me diz?

É um bom preço pela sua alma…

V.

Mesmo
Suspense

I.

“Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se no andar”.
Ele leu a placa e riu. “Que aviso inútil”.

Ao entrar, comentou esse pensamento com o ascensorista, que discordou dele.
- Você estaria certo, se o aviso fosse sobre o elevador.

II.

- É sobre o quê, então?
- Não sobre o quê, mas quem: Mesmerus, o espírito ceifador. Ou, como ficou conhecido, Mesmo.

O homem alcançou o seu crucifixo pendurado no pescoço. Riu para disfarçar o nervoso.

III.

- Ficaria com medo, se eu acreditasse nessas coisas.
- Ninguém precisa acreditar em nada, para algo ser real.

Silêncio.

O único som era o das engrenagens. Foi então que o homem percebeu que o seu andar não estava selecionado.

IV.

- Você não me perguntou para que andar eu vou.
- Não perguntei.
- Ué, mas tá descendo? Eu queria subir.
- Todos querem.

V.

Rosa
Suspense

I.

Diego mantinha em casa uma rosa. Por segurança, a deixava trancada e sem sol, regando-a somente o suficiente para que ela não morresse.

A rosa não tinha mais espinhos, pois ele havia os tirado um por um até deixá-la indefesa. Ás vezes até mesmo lhe arrancava uma pétala, só para provar que podia.

II.

Vivendo naquelas condições, a rosa começou a murchar. Já nem mais parecia uma rosa e, em dado momento, até mesmo esqueceu que um dia havia sido uma.

III.

Em uma noite, Diego chegou tão bêbado que quebrou seu vaso. O graveto seco rolou pelo chão, caindo perto da janela. De lá pode ver o jardim e as outras flores.

IV.

Movida então por uma coragem que não sabia ter, Rosa disse basta. Fez suas malas e partiu, sabendo que estava na hora de desabrochar. E, principalmente, que não estava sozinha.

V.

Enforcado
Suspense

I.

Fico parado observando o homem andar reclinado até o patíbulo, quase curvado até o chão, como se o peso de seus pecados o empurrasse para baixo.

A multidão grita, vaiando o condenado, enquanto o juiz lê seus crimes. Invasão. Roubo. Assassinato.

II.

Me mexo com desconforto e encaro o culpado de frente, relembrando da última vez que havia visto minha esposa, antes de a terem encontrado em meio uma poça de sangue. O homem me encara de volta e um pouco de luta parece voltar aos seus olhos.

Tarde demais.

III.

O chão se abre e a platéia reage com alegria enquanto suas pernas balançam no ar. Eu desvio o olhare espero o espetáculo terminar. Alguém aperta meu ombro e afirma que devo estar aliviado.

E eu realmente estou.

IV.

Agora sem a única testemunha, poderei herdar o dinheiro sem problema. E nunca mais vou ter que aturar aquela mulher novamente.

V.

Cotidiano
Suspense

I.

O trânsito estava intenso às 17h no centro do Rio, mas Eduardo não ligava. Era a terceira viagem que fazia sem descer do coletivo.

Com a testa colada contra a janela, acompanhava o cortejo luminoso das lanternas traseiras dos veículos, e suspirava.

II.

De repente…

- Perdeu otário! Passa tudo! - sussurrou um sujeito esquisito que tinha acabado de sentar a seu lado.

- Cara, acho que não vai dar. Noite ruim. - ele respondeu, sem mover um músculo.

III.

- Tá tirando onda, playboy? Passa o celular! - Rosnava o ladrão, com uma faca contra suas costelas.

Lentamente, Eduardo se ajeitou no banco e olhou para o meliante.

IV.

- Lamento. Um outro passou antes de você, e já não tenho mais nada que possa me tirar, a não ser a bala que ele deixou na minha testa. Serve?

V.

Término
Suspense

I.

-Você me ama? -ele perguntou, segurando sua mão com força,para que lhe desse atenção.

-Oi?

-Caramba, Ana! É tão difícil falar essas palavras? É tão difícil você demonstrar algum tipo de afeto?

II.

Ana estava chocada.

-Tanto tempo me dedicando a você, me entregando a você, cuidando de tudo por você, e o que eu ganhei? Hãn?

-Theo, olha…

III.

Theo perdeu a paciência. Apertou sua mão com mais força. Prevendo o caminho que ele tomaria, Ana tentou se soltar.

-Nada! Sempre me sugando, e nada!!!

-Não, Theo, por favor!

-Sinto muito!

IV.

Com a mão livre, pegou a estaca e afundou sua ponta no peito de Ana, que transformou-se numa criatura grotesca, e depois em pó, que foi levado por um vento anormal.

Era melhor passar uma vida mortal sozinho, do que viver uma eternidade com alguém que não correspondia ao seu amor.

V.

Quarentena
Suspense

I.

6ª dia de Quarentena.

Querido diário, sem nada para fazer, comecei a observar a rotina dos vizinhos. Descobri que, mesmo em quarentena, a Beth (minha vizinha) arranja um jeito de trair o marido. Irresponsável. Estamos em quarentena, porra!

II.

9ª dia de Quarentena.

Não é que o velho Bill (meu outro vizinho), tacou o foda-se para o isolamento.

III.

12ª dia de Quarentena.

Querido diário, faz três dias que observo o velho Bill. Ele sai de carro toda noite, e quando volta tira algo do porta malas, mas não consigo identificar.

IV.

15ª dia de Quarentena.

Decidi que amanhã à noite vou entrar na casa do velho Bill, logo assim que ele sair.

V.

16ª dia de Quarentena.

Encontrei corpos no porão. Tudo cheirava a carniça. O velho Bill chegou bem na hora e acho que me viu saindo do seu quintal. A polícia ainda não chegou, mas...

Isolamento
Suspense

I.

Ruas vazias. Comércio local fechado. Silêncio.

Mesmo sendo mais recluso, não estava preparado para aquele isolamento.

Recorria ao celular, mas as notícias e opiniões divergiam, e não havia nenhuma mensagem significante.

II.

Não era “frescura”: de livros e séries, ele estava muito bem, os exercícios latejavam seus músculos e a casa estava tão limpa que virou compulsão.

Aqueles dias já estavam afetando seu psicológico cada vez mais.

III.

Cadê os vizinhos? As crianças?
Cadê todo mundo? A ansiedade bateu.
Estaria ficando…?

TOC-TOC.

Rapidamente, abriu a porta.

IV.

- Oi, Ivã. Desculpe vir assim sem avisar, mas... sabe como é? Esse isolamento está me deixando meio maluca...

- Que bom que veio! Entre, Bianca! Quer fazer alguma coisa?

-Conversar!....E um café, também.

V.

Ó Céus
Suspense

I.

Lurdes estava sentada no banco da praça alimentando as pombas, quando um homem bastante alto sentou-se ao seu lado.

- Você veio me buscar?
- Sim.

- Posso terminar de alimentar as pombas?
- Claro.

II.

Após finalmente terminar de alimentar cada um dos pequenos pássaros, Lurdes olhou para o homem que vestia um elegante terno e perguntou.

- Como é lá? Digo, como é o céu?
- É lindo, perfeito e maravilhoso, como tem de ser.

III.

- Eu vou gostar?
- Provavelmente, gostaria bastante.

- Gostaria? - Perguntou surpresa.
- Sim, infelizmente você não vai pra lá.

Lurdes, agora em choque, tremia. Certamente, se já não fosse morrer, morreria de infarto agora mesmo.

IV.

- Mas sempre fui uma pessoa boa, bela, recatada e do lar.

- Eu sei Lurdes, é uma pena mesmo você não ter curtido aquela imagem de Jesus no Facebook e ter escolhido ir para o inferno.

V.

Batidas
Suspense

I.

Uma, duas, três batidas fortes. Ninguém veio.

Uma, duas, três, dessa vez quatro batidas fortes. Ninguém veio. Eu gritei... Mas ninguém veio.

II.

Até que senti algo batendo na madeira. Será que finalmente vieram?

Mas era apenas a terra que jogavam sobre o caixão.

III.

IV.

V.

Sorte
Suspense

I.

Cibele acreditava que se ouvisse o Universo, ele lhe retribuiria de alguma forma, mas também relacionava sua sorte ao seu par de tênis verdes.

Se a semana começasse atravancada, era vestí-los e tudo fluiria bem até sexta-feira.

II.

Naquela sexta-feira não foi diferente: seu chefe elogiara seu serviço, teve seu almoço pago por um colega, sua nota na prova final fora a máxima e ainda pode se presentear com um novo corte de cabelo, pago com o dinheiro que achou na rua.

III.

Agradeceu ao Universo pela enxurrada de boa sorte.

Não percebeu que sua carona seguia para um caminho diferente, e nem que aquele não era o carro, nem o motorista do aplicativo.

IV.

Cibele foi achada treze semanas depois, vestindo apenas seus tênis verdes. 

O assassino quis mantê-los, pois acreditou que era um sinal de sorte pela sua sétima vítima.

V.

Adolfo
Suspense

I.

Nem os olhos roxos conseguiam retirar o sorriso simpático, enquanto ela oferecia seus biscoitinhos para toda a delegacia.

O delegado chamou-a em sua sala.

- Dona Nina, conte novamente seu incidente, por favor.

II.

- Pois bem. Dos maridos que tive, Adolfo até foi um dos bons, mas se fosse contrariado, era em mim que descontava sua frustração.

- Sempre foi ou hoje foi a gota d'água?

- Ele era bem previsível, sabe? Mas aí...

III.

- Mas aí...?

Um brilho no olhar daquela senhora ligou o alerta na cabeça dele.

- Não admito palavrão em minha casa, senhor. Ele me chamou de puta! Enfiei minha melhor faca nas costas dele.

Dona Nina sorriu.

IV.

Ele recebeu uma mensagem no celular: "Achamos mais 'coisas' na casa da senhora."

- Aceita outro biscoitinho enquanto lhe conto minha sina de viúva?

V.

Alfredo
Suspense

I.

Calma, Dona Nina falava com o delegado, enquanto este devorava seu biscoitinho.

- Alfredo foi meu primeiro marido. Desatento ao extremo. Passei os primeiros anos me devotando a ele.

No celular do delegado, mensagens surgiam.

II.

"Ela tem um porão! Parece o asilo de 'Jogos Mortais'. Quem mais morava com eles?"

Doce, ela falava:

- Aí, você tem uma iluminação. Ele me trocava pelos amigos e o futebol. - Que espécie de homem faz isso? Um dia, passei as roupas dele e preparei o café.

III.

- Até pão quente com manteiga fiz. Mal-humorado, não disse nem bom dia ou muito obrigado. Comeu em silêncio, o traste! Sequer sentiu o gosto do veneno de rato.

Em silêncio, o delegado olhou o biscoitinho mordido.

IV.

- Não se preocupe. O senhor parece dar a atenção necessária a uma mulher.

Disse ela sorrindo.

V.

Alberto
Suspense

I.

"Estou aguardando a análise de um objeto suspeito.", dizia a mensagem.

- Dona Nina, pelo que eu percebi, não houve nenhum marido que não….

- Me aborreceu? Ela sorriu.

- Ah, bem, teve o Alberto. Tocava violão e cantava para mim.

II.

- Adorava Ritchie…"Menina veneno, você tem um jeito doce de ser…"

- Outro marido com A?!

- E tem algo errado nisso, senhor?

- Não, inclusive, meu nome é Adriano. 

- Mas o mundo é pequeno demais!

III.

- Aceite mais um biscoito, sim?
Ofereceu, deliciada.

- E o que houve com o Alberto?

- Oh! Meu querido Alberto faleceu.Era alguns anos mais velho do que eu. Câncer no pâncreas; não havia o que fazer! Quase fui à falência para salvá-lo. 

IV.

“Confirmamos que o abajur é feito de carne humana.”, estava na mensagem.

- Mas ainda bem que salvei uma parte dele que vela meu sono todas as noites...

V.

Aquino
Suspense

I.

O delegado, educado, falava:
- A escrivã foi fazer um café. Aceita?
 
-Por que não?
Dona Nina sorriu.

-Aquino, meu outro marido, bebia muito, para curar as ressacas. Eu perdoava o alcoolismo. Não satisfeito, ele me traiu com uma sirigaita qualquer.

II.

- Por causa dele, quase fiz algo que me arrependi. Com o encanador. Um rapaz bonito. E eu era mais jovem.

- Ele me beijava perto da pia. Me fazia sentir coisas, sensações. Quando eu lembrei que era casada, acertei a cabeça dele com a chave de grifo.

III.

- Aquino chegou bêbado e cheirando perfume barato. 'Estava cuidando de minhas coisas, megera!', ele disse.

- A culpa foi dele. Quase virei uma adúltera. Por isso, acertei-o com a mesma chave de grifo.

IV.

- Os dois adubam meu jardim até hoje.

No celular, surgiu a mensagem:
"Há dois esqueletos no jardim."

V.

Alcides
Suspense

I.

Os biscoitinhos tinham acabado. Dona Nina parecia uma avó contemplando seu neto. O delegado estava empanturrado. Tentou se justificar:

- Parei de fumar há pouco tempo, então, estou substituindo o cigarro pelo doce. Mas estavam realmente bons!

II.

- Entendo. Meu Alcides tentou muitas vezes largar esse vício também. Fez de tudo um pouco, e começou a engordar, mas não de uma forma boa. Ele comia um bolo inteiro se eu deixasse, sabe?

- E imagino que a senhora ficou escrava do fogão?

III.

- Fiquei, mas não por muito tempo. Piscou.

Sem mensagens. Bom sinal?

- Não precisei fazer muito. Ele morreu intoxicado com uma fornada de biscoitinhos, exatamente como essa.

IV.

- Usei meu ingrediente secreto... Pó de Maridos.

Gargalhou. 

O delegado só teve tempo de chegar ao corredor. Outros desavisados estavam no mesmo estado.

V.

Adriano
Suspense

I.

Alguns meses depois...

- Sabia que viria me visitar.
Disse dona Nina, na área de visitas da Prisão.

Adriano sentou-se ao lado dela:
- Tinha de vir. Tenho uma pergunta. A senhora poderia permanecer ilesa. Por que ir à delegacia? Por que se entregar?

II.

O sorriso no rosto, a senhora disse:
- Não. Eu não me entreguei. De que adiantaria fazer o que fiz, sem contar a ninguém. Não tenho filhos e o senhor me pareceu o mais próximo a um neto.

- Peraí! Não se arrependeu?

III.

- Todos os meus maridos foram homens terríveis. Ninguém vê isso. Quem era o monstro, afinal?

- Mesmo com o que acharam em sua casa, a senhora ainda conseguirá sair por causa de sua idade.

- O advogado foi muito bom. Lembrou meu finado Astrogildo.

IV.

- A senhora teve um marido advogado?

- Se tiver tempo, posso continuar contando minha sina de viúva.

V.

Inigualável
Suspense

I.

A primeira vez que lhe vi foi em um café perto do meu prédio. Cruzamos olhares, você sorriu, pediu licença, e então eu soube que nunca mais poderia te deixar ir.

Depois disso, te achei nas redes sociais e nos encontramos ainda quatro vezes pela cidade. Eu me vi aprendendo cada charme e hábito seu, rindo de seu humor rápido e inteligente.

II.

Saiba, eu acho que você é a pessoa mais incrível do mundo. Forte e complemente única.

Fiquei muito feliz quando em nosso quinto encontro, reuni coragem e te acompanhei da parada de ônibus até sua casa.

III.

Hoje, depois de um mês, percebi que você esqueceu as chaves no portão de entrada. Mas não se preocupe, eu já as peguei.

IV.

Agora mal posso esperar para finalmente nos conhecermos em pessoa.

V.

Edgar
Suspense

I.

Oi. Meu nome é Edgar, e gosto dele, mas me chamam sempre de “seu coisinha”.

Será uma praga? Estou pensando em botar uma placa no peito, já que meu crachá não é suficiente.

II.

Na última sexta fiz hora extra. Não fui beber com o pessoal. Estava muito chateado. Senti que me convidaram por pena. Sou bem mais velho, mas um cara legal.

Participo de rateios, lembrancinhas, aniversários, ajudo os novatos... Contudo, não parece o bastante.

III.

Observo as fotos em seus celulares, mas nunca estou nelas.

Na segunda cheguei cedo, liguei o ar condicionado, a Xerox e até passei café. Achei que demonstrariam algum remorso, mas chegaram aos poucos sem sequer me dar um bom dia.

IV.

Reclamaram da sala fria, de um cheiro estranho no ar, e do café gelado. Povo ingrato! Irado, chutei umas cadeiras, mas acho que exagerei. Gritaram apavorados.

Frustrado, fui juntar minhas coisas e percebi alguém caído sobre minha mesa.

V.

Era eu, morto, desde o fim de semana e, como sempre, ignorado.

Conversa
Suspense

I.

- Ei, Lucas! Como foi a conversa com a Fernanda ontem?

- Foi ótima, Jorge. Finalmente decidimos, de forma consciente, que não queremos ter filhos.

- Mas...
- Jorge tentou falar, mas a resposta da pergunta não feita, veio de graça.

II.

- Essa noite daremos um jeito nas crianças.

III.

IV.

V.

Visita
Suspense

I.

- Papai, tem um homem lá em baixo. Disse que quer falar com o senhor.

- Você o convidou para entrar?

- Claro que ela convidou.

Disse a elegante voz, com um delicioso sarcasmo.

II.

- Este é o problema em ensinar bons modos para os filhos, antes de contar para eles sobre vampiros.

III.

IV.

V.

Acidentes
Suspense

I.

Quando eu ainda era um garotinho, desejei muito ter um bichinho de estimação, e que fosse só meu.     Minha mãe, como qualquer mãe, me advertiu sobre a responsabilidade e permitiu que eu tivesse. Ela sabia que eu cuidaria muito bem dele.

II.

Meu irmão, parecia não se importar com o fato de ter um animalzinho em casa, mas sempre que ele ficava a sós com meu bichinho, um "acidente" acontecia. Minha mãe, para evitar um confronto direto, me presenteava com outro. Quantos peixinhos, passarinhos e hamsters eu tive! E todos eles "acidentados".

III.

Então, veio meu primeiro cachorrinho;   o vira-lata mais esperto do mundo. Minha mãe sabia o quanto eu queria.  E eu sabia que não demoraria muito, e meu irmão ficaria sozinho com ele.

Decidi então ser prático: meu irmão sofreu um "acidente". Ele se foi, e meu cachorrinho ficou.

IV.

Vivi muito feliz com ele! E posso dizer que minha mãe também. Bom, ela nunca me disse o contrário, e nem ousou.

V.

O Bebê
Suspense

I.

- Oi querido, como está o bebê?
- Está bem, chorou um pouco, mas agora dormiu.

- Que bom, estava preocupada.
- Fica tranquila, ele vai ficar bem.

II.

- E os pais dele?
- Ainda estão no porta-malas.

III.

IV.

V.

Contos de
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