Prólogo
Epílogo
Conto
Muito bem… Arredores de Galway, Irlanda, o ano é 1985.
Meu nome não é importante, sou apenas um viajante passando na hora certa no lugar errado. Um homem me encontrou na estrada que dava acesso para o condado de Galway com alguns vários cadernos em mãos e me contou uma história um tanto quanto absurda, mas… Apesar de sua história absurda e de seus olhos insanos ele dizia a verdade. Levei ele ou… o que sobrou daquele homem, até uma estalagem abandonada ali perto, que por sinal é onde estou hoje… Próximo de uma estrada para a praia. Ouvi ele por horas a fio, ele não comeu nem bebeu o tempo todo enquanto eu sorvia alguns goles de uísque para tentar manter minha sanidade de tudo aquilo. Depois de horas quando ele finalmente parou de falar, apenas se levantou e disse que eu deveria fazer com que mais pessoas conhecessem essa história e deixou a estalagem. Desde então nunca mais vi este homem que nunca me disse seu nome.
Os cadernos que este homem deixou comigo são diários e anotações de um jornalista de Dublin chamado Brannon O’Sullivan, o nome me era familiar e descobri que se tratava de um escritor e folclorista com alguns poucos livros publicados além do nome no caderno de cultura do jornal de Dublin. Os cadernos contam a história que o desconhecido que me entregou com detalhes mais pessoais, anotações sobre outras coisas que aconteceram nesta… história.
Eu decidi acatar o pedido do desconhecido e vou lhes contar o que aconteceu em Galway no ano de 1984. Mas antes de contar a história desde seu início, acho que é importante que vocês conheçam as peças que se moveram neste tabuleiro. E decidi começar pelo dono dos cadernos que me permitiram entender e organizar melhor tudo o que aconteceu. Tudo o que vocês escutarão de mim são relatos de um homem insano e dos relatos tão absurdos quanto o limite da imaginação é capaz de sonhar. Espero que acreditem em minhas palavras, assim como acreditei na daquele desconhecido... Pois certas histórias são boas para se contar, porém certas histórias são necessárias.
Brannon O’Sullivan era um escritor e um folclorista frustrado. Nascido e criado em Dublin ele sonhava em ser um escritor e explorar os muitos folclores lendas e mitos irlandeses. Mas ele não teve muito apoio de seus pais nisso e o mais próximo de concluir seu sonho foi estudar jornalismo para, pelo menos, trabalhar com palavras e histórias.
Aos 33 anos, com 2 livros publicados e 6 rejeitados por outras editoras, ele trabalhava como correspondente do jornal de Dublin escrevendo matérias para o caderno de cultura. Não era a vida de escritor que sonhava mas já era alguma coisa. Ele estava em Castlebar quando recebeu uma ligação do jornal para o hotel em que estava hospedado deixando um recado ao jornalista:
“Brannon, precisamos que vá para Galway. Parece que alguém foi crucificado no lugar, acho que pode dar uma boa história. Vá para lá o quanto antes, fique uns dias, descubra o máximo que puder e nos mande uma história.”
Isso deixou o jornalista intrigado, talvez quem anotou o recado tenha entendido errado ou algo assim. Quem seria crucificado em Galway em 1984? Apesar do absurdo que ouviu, parte dele torcia para que fosse verdade.
Brannon demorou para dormir naquela noite e, quando por fim, conseguiu pregar os olhos teve sonhos estranhos envolvendo o mar e sombras. No dia seguinte, ele embarcou no trem e depois pegou um ônibus para chegar no cinzento e pacato condado de Galway.
O coitado mal sabia o que o esperava… meu Deus…
Enfim, está ficando tarde agora, não é um assunto agradável de falar quando a noite chega. As sombras parecem ficar maiores e faz dias que não tenho uma boa noite de sono… Mas estou cumprindo meu papel e prometo que vocês conhecerão toda esta história. Até uma próxima… seja lá quem for você.