Aqui na Bilbbo.
Senti quando me apalparam os bolsos, e sem saber quem era, virei-me bruscamente, buscando em alguma direção encontrar o responsável, que me subtraíra o ouro e a prata. Em vão, não encontrei sequer resquícios, mas além disso, alguns pelos brancos se sobressaíram em meio ao emaranhado de minha barba e cabelos.
“- Ladrão!” – assim bradei.
Os guardas logo se prontificaram a buscar pelo meliante, mas também sem sucesso, quando então senti tocar-me novamente, e logo um punhado de conhecidos, amigos e familiares, desapareceram. Seria um sequestrador? Pensei comigo.
Mas antes que entendesse tudo que se passava, fui tomado pelo cansaço e enfraquecido, roubaram-me também a vitalidade.
Por fim, caída ao chão, notei uma velha ampulheta e logo compreendi, o ladrão era o tempo.
- Perdemos mais um. Na mineração.
- O quê?
- Perdemos mais um. Na fundição.
- Porra! na fundição ou na mineração?
- Fundição e mineração... só um minuto...e mais quatro na explosão de uma caldeira. Acabou de acontecer.
- Merda! Esses putos querem acabar com minha empresa! com minha família! com o meu dinheiro! estão morrendo aos montes! isso é um absurdo! que gente incompetente! não duram mais que três meses! sempre morrendo!
- O senhor deveria investir em robôs. São indestrutíveis...
- Você sabe quanto custa um robô? um absurdo! absurdo!
- Prefiro aproveitar o fato dos robôs terem acabado com direitos trabalhistas, trabalham por migalhas, não geram custo...
- Quantos morreram esse mês?
- Nessa unidade, 70.
- Peça outra carga de imigrantes. E seja breve. Tempo é dinheiro.
Ele nasceu em um magnífico palácio. Antes que pudesse sentir fome lhe davam de comer. Antes que desejasse algo já o possuía em mãos. Frio ou calor, nunca sentiu.
Todos lhe sorriam. Todos o bajulavam. Tudo lhe era possível.
Um dia, enquanto admirava a paisagem por uma de suas janelas, viu um pardal pousar sobre o peitoril.
O jovem exigiu que o pássaro pousasse em sua mão, mas o pardal voou para longe, pois era livre.
O coração do mancebo despedaçou-se, à semelhança de uma frágil taça de cristal.
Caído, nos braços de um de seus servos, deu seu último suspiro.
A minha rotina era sempre a mesma, todos os dias por volta das 06:00 acordava com a minha esposa sussurrando no meu ouvido. Lembro-me bem daquela doce voz dizendo:
- Bom dia, meu amor.
Isso de fato alegrava o meu dia.
Mas um dia em especial eu jamais irei esquecer, era um domingo chuvoso, acordei com a sua mão passando em minhas costas e senti seu rosto chegando próximo ao meu ouvido, logo ouvi aquela voz tentando me acordar, mas comoeu havia trabalhado até tarde na noite passada, apenas me virei e voltei a dormir.
Quando acordei, já não havia ninguém na minha cama, então me levantei e peguei o celular para checar as horas, era 12:15 em um 4 de Novembro.
Nesse instante, a única coisa que pude lembrar, é que naquele dia fazia exatos 2 anos da sua morte
Esta escrita e essas linhas, não são minhas! Teria eu tão mau gosto a ponto de copiar o enredo de um outro rosto? Seria assim tão descarado a ponto de usar um roteiro que já fora apresentado?
Não! Não são mesmo minhas estas palavras confusas e ato criativo redundante, não sou assim tão categórico e simplório, para escrever algo tão sem alma e sem coração. No entanto há que se admitir que vendeu um milhão de cópias e talvez venda muito mais, mesmo sendo assim uma história tão fugaz e previsível.
Seria o paladar do leitor tão pouco aprazível a ponto de fazer render este ensaio de livro!? No entanto há que se admitir que os jornais anunciam ser o próximo best seller.
Não gosto disso! Não é meu livro, mas por via das dúvidas deixarei em meu pseudônimo.
Prometera, ontem, uma massagem. Hoje esqueceu, amanhã também não lembrará, semana que vem muito menos. É folga, emenda de feriado, descerebrado, só pode, um descabimento desse, deixar a dona assim, de costas duras, bastava erguer o dedão e apertar aonde dói, não mata não, serviço de casa castiga a carcaça igual pegar no batente, parece que não entende.
Ela não quer mais, que fique maneta, esse quengo, a escopeta tá ali de canto, o tranco do último disparo foi tanto que travou a coluna, ai ai ai, esmigalhou os dedos todos.
Deixa passar o feriado que ela arruma outra mão, de outro homem, se insistir na preguiça vai fazer companhia para os demais na vala do quintal, é capaz de nascer um pé de frouxo se enterrar um terceiro no local. Oh mundo pra ter homem mole!
Ainda doem as costas.
Encantada com os cheiros, sons, movimentos, cores, formas e sabores; perdeu-se de sua família.
Pôs-se a perguntar aos transeuntes sobre o paradeiro dela. Apenas sorriam e lhe afagavam. Não entendiam a sua língua.
Depois de certo tempo, andar sem a família torna tudo muito ruim: os cheiros, sons, sabores e cores não se comparavam aos de sua casa. Queria voltar e não sabia como. Pôs-se a chorar uma angústia compungente.
Uma transeunte pequena, de olhos fagueiros cor de mel, tomou-lhe nos braços e, parecendo entender seu idioma, lhe acolheu em um abraço:
— Não chore menina! O que você faz longe de sua mãezinha?! Vou chamar-lhe de Bete, ok?!
Um beijo canino (que os humanos chamam de lambida) foi o sim bem traduzido pela mãe humana com quem conviveu por quatorze anos.
Embolar as roupas, enfiá-las na mala, apenas o essencial, sim, o suficiente para viver só, apartado de qualquer opressão, o necessário para dias de frio e calor, uma bebida quente para atravessar a modorra, um livro para atiçar o tédio, de preferência com figuras, pois ainda não lê bem, mas decidiu-se; quer fazer aquilo que lhe apeteça.
Ora, a vida é pra ser vivida, desfrutada já que finita!
Contra a mutilação dos instintos protestava planejando fuga, criança dona do próprio nariz, assim se via até a mãe, batendo pé sob o beiral, braços em xícara, exclamar indiferente a pena daquela partida, pois jazia no forno um bolo.
Desconfiou o blefe, não nascera ontem, mas é inconfundível o cheiro de açúcar queimado com canela.
Tá bom mãe, amanhã eu fujo pra valer.
Entre a areia da praia e o horizonte, há um mundão d’água pra mergulhar.
Fico aqui sentada, desenhando coisas com um graveto, imaginando quando o mar vai apagar. Um coração, meu nome e o nome de alguém.
Não importa mais; o mar apaga.
O mar leva e não volta mais.
Meus olhos se fixam onde a linha divisa o resto do mundo.
“Será que consigo nadar até lá...?
Seria um esforço inútil, já que sei que não vou te encontrar.”
Pensando em tudo e em nada, nem noto que a tarde chega e a noite cai.
Um vento frio me envolve e percebo que é a solidão quem me abraça, calma, mas com mãos enormes.
Um arrepio me eriça os pelos e não tenho mais medo - te reconheço.
Um gosto de lágrima me chega aos lábios, engulo em seco, e me despeço de ti.
- Estou fazendo uma bagunça.
- Tudo bem, limpo rapidinho.
- Uma moça bonita como você... deve ter coisa melhor pra fazer.
- De jeito nenhum. Espero a semana toda para vir te ver.
- Já nos conhecemos? Desculpe.... minha memória anda confusa.
- Não se preocupe, também esqueço coisas.
- Anda piorando... esta doença...
- O médico disse que a senhora está melhorando.
A velhinha sorri.
- Você me lembra minha filha.
- Fale da sua filha.
- É a melhor filha do mundo. Mas não nos vemos há muito tempo. Pedi que não a chamassem quando fiquei doente. Não quis atrapalhar.
- Tenho certeza de que ela gostaria de estar aqui.
- Melhor assim. Além do mais, logo vou sarar. Ai, derramei o suco! Desculpe... estou fazendo uma bagunça.
- Acontece. Vamos trocar esta camisola.
- Obrigada, minha filha.
- De nada, mãe.
Equilibrar pedras é minha atividade preferida.
Encaixar suas imperfeições, procurar seu eixo central por horas a fio, empilhar, uma a uma, as rochas assimétricas, formando totens de exímia beleza.
Enquanto busco o ponto correto de uma pedra ovalada sobre uma quadrada, ouço passos.
Alguém se aproxima.
“Está na hora de conseguir mais pedras para equilibrar!”
Sugerem, sibilantes, as serpentes em minha cabeça.
Temos horário para acordar, para comer, para começar a trabalhar, para sair e até para dormir.
Somos monitorados em estabelecimentos, estacionamentos e ruas.
Vivemos conectados 24horas por dia.
Nossa maior conquista está exposta nas redes sociais. Nosso maior desconforto também.
Temos validade. Precisamos de manutenções mecânicas. Vivemos em filas.
Todo mundo se conhece por videos, mensagens instantâneas e aplicativos. Somos movidos por likes, views e matches.
As eras das máquinas chegou.
Nós somos as máquinas.
Desde criança tinha curiosidade em conhecer o baú secreto do senhor Wilson, um velho sábio que parecia saber de todas as coisas. Sempre ouvi dizer que se descobríssemos o que havia ali conseguiríamos finalmente descobrir o segredo que nos mantém vivos.
Mas nunca ninguém conseguiu entrar naquela sala amarela onde ele ficava guardado pois o ancião não permitia que ninguém se aproximasse.
Até que numa quarta-feira chuvosa enquanto Wilson preparava um café consegui aquilo que sempre foi tão ábdito, entrei na sala e rapidamente abri aquela grande caixa de madeira rústica, retirei um papel e li:
“Quando você descobrir o segredo que o mantém vivo não terá mais razão para continuar vivo. Não tenha pressa, nem medo e não busque sentido, viver já é a melhor descoberta que poderia fazer!”
Eu ouvia o vento e ele me ouvia.
Disso eu tinha certeza. O velho diz que
a magia só vem quando conhecemos nossa própria verdade, então eu colocaria a minha à prova.
Olhei para baixo e vi as pedras afiadas por anos de dedicação das águas
do Mar da Noite. Dei um passo em direção à beira do penhasco e sussurrei para o vento:
Ouça-me agora! E pulei.
De repente, o velho estava ao meu lado, as mãos enrugadas segurando as minhas no ar.
“Você ouve o vento aprendiz, é por isso que eu sempre sopro de volta quando você pede.”.
“Você?” Eu perguntei.
“Não deveria estar tão surpresa. Quantos anos achou que teria o próprio vento?”
A fumaça subia pelo fino cano da minha pistola.O cheiro forte da pólvora queimava e aquecia meus pulmões.
Era amargo, mas ao mesmo tempo, saboroso. Fazendo meu amarelado sorriso surgir.
Eu tremia com a adrenalina, que aos poucos ia tomando conta do meu corpo.
A cerveja escorria dos barris e dançava pelo chão da taverna, lentamente se misturando com o vermelho sangue dos corpos perfurados e já sem vida.
Quatro balas. Quatro homens ainda de pé. O nervosismo aumentava o sorriso.
"Que se foda" - foi o pensamento que me fez levantar.
A primeira bala perfurou o ombro.
A segunda e a terceira rasgaram o peito. A quarta se perdeu em algum outro lugar.
Minhas quatro balas, no entanto, continuaram no tambor. Meu sangue se juntou também a cerveja, e a tremedeira enfim parou.
Mas o amarelado sorriso não saiu do meu rosto.
O que foi filha?
Porquê está chorando?
Nada não mãe, é apenas minha TPM. Dessa vez esta bem complicada.
Termino a conversa e subo para meu quarto.
Não consigo parar de pensar.
Era essa semana que iria dar a luz. Hoje completariam os 9 meses. Ele se chamaria Pedro.
Ironia não?! Ser o mesmo nome do açougueiro que tirou ele de mim.
Meu pai manda eu virar "homem de verdade" e diz que os adolescentes de hoje são "frescos demais" toda vez que falo sobre veganismo em casa.
Entendo a dificuldade em ver a carne como produto da exploração, já que somos acostumados a vê-la como o prato principal de quase todas as refeições.
Mas desde o dia em que vi aquele documentário, não consigo mais engolir essa história. Milhares de seres humanos são presos em pequenas celas, forçados a comer uma mistura para encorpar. As mulheres são estupradas a fim de engravidar e produzir leite.
Se nascer uma menina, encontrará o mesmo destino que a mãe; se for menino, provavelmente será transformado em vitela.
A mídia e médicos dizem que eles não podem mais ser classificados como seres humanos, que nós os salvamos da fome e da miséria e que é extremamente necessário para a nossa saúde continuar consumindo carne e leite.
Séculos atrás extinguimos todos os animais irracionais da Terra. Será questão de tempo até nos extinguirmos também.
Oi, você. Sim, você mesmo que está lendo. Como foi seu dia? Espero que hoje você tenha vencido seus demônios internos, levantado da cama e retomado a rotina. Que você tenha conseguido organizar suas ideias e começado aquele projeto, mesmo com seu coração batendo a mil. Que você se permitiu andar por aí, mesmo querendo desesperadamente correr pra casa.
Ah, e mesmo que hoje não tenha sido o melhor dos dias, e a escuridão, velha amiga, foi sua companhia, junto com tudo que há nela e te fere. Está tudo bem. Está tudo bem se você chorar!
No fim, estamos todos sentados na beira de um abismo, que flerta conosco, chamando para conhecer o fundo. Nós esquecemos que somos seres alados, e que do abismo, nós tomamos impulso para voar.
Então, vá e voe. E verás que nada vai te impedir de alcançar o mais profundo dos céus. Você é muito mais do que pode imaginar.
Sentada, ao meu lado, na sala de aula, está a menina mais linda do mundo. Seu nome é Roberta. É minha vizinha de frente, mas não sei se ela sabe. E hoje ela está mais triste do que de costume. Pelo seus olhos vermelhos, com o esquerdo levemente inchado, sei que as coisas não andam muito bem.
Quando seus pais brigam, sempre sobra pra ela. Gostaria muito de tirá-la desse mundo de dor...
Eu sigo o caminho que ela faz, cortando por um beco. Chuto uma pedra que bate numa lata. Roberta olha pra trás, mas ao me ver, relaxa. Sorrindo, vou ao seu encontro. Quero mostrar que eu entendo sua tristeza.
Seguro com minhas duas mãos seu pescoço e aperto. Roberta se assusta, depois se entrega. Vejo nos seus olhos que ela segue em paz. Suas lágrimas são de agradecimento.
Existem muitas formas de ter empatia pelos outros, e muitas formas de demonstrá-las. Cada um faz sua parte, não é mesmo?
Passo entre carros em um balé improvisado. Não tenho medo que me atropelem, isso seria até um favor. Talvez um favor à eles mesmos.
Desvio de um carro aqui e acolá, escuto uma buzinada seguida de um xingamento. Meu único pé de tênis está quente em contato com o asfalto. Chego ao outro lado da avenida e me sento na calçada, contemplando o movimento de vai e vem dos carros e sua sinfonia de motores e buzinas.
Respiro fundo e sorrio, afinal, será mais um dia para se batalhar por um espaço em meio a todos
Já faz algum tempo que ando me planejando.
Não fiz carta de despedida, não deixei coisas separadas para aqueles que poderiam querer algum tipo de satisfação. Apenas me planejei, cada passo, cada movimento, cada ação.
Quando deixei aquele lugar, finalmente me desfiz das amarras que há tantos anos me prendiam e, pela primeira vez em muito tempo, respirei com alívio e sorri verdadeiramente.
Quando mais novo, escutei por muitas vezes histórias de uma espécie de morto-vivo que ficava vagando por ai, impossibilitado de descansar pois havia sido banido do céu e do inferno, condenado a permanecer no mundo dos vivos.
Isso sempre me pareceu uma das muitas histórias que me contavam para garantir que eu fosse uma criança bem comportada.
Até o dia em que me deparei com um corpo, extramente seco, no final de seu processo de decomposição, vagando de um lado para o outro na rua de casa.
Conheça todas as Conquistas oficias Bilbbo.
Conheça todas as Conquistas oficias Bilbbo.
As melhores utilizações para viagens no tempo durante a narrativa.
Conheça todas as Conquistas oficias Bilbbo.
Conheça todas as Conquistas oficias Bilbbo.
Contos que inspiraram a criação de novas publicações dentro da Bilbbo.
Conheça todas as Conquistas oficias Bilbbo.
A relação do homem e o tempo.
Conheça todas as Conquistas oficias Bilbbo.
Conheça todas as Conquistas oficias Bilbbo.
As mortes mais chocantes de um personagem importante para a trama.
Conheça todas as Conquistas oficias Bilbbo.
Eis a grande questão: Como podem existir histórias com finais tão dramáticos?
Conheça todas as Conquistas oficias Bilbbo.
Eis a grande questão: Como podem existir histórias com finais tão dramáticos?
Conheça todas as Conquistas oficias Bilbbo.