Sinopse
Estamos preparando e revisando este conto, em breve o publicaremos aqui. :DVocê vai descobrir que M&M pode ser muito mais do que apenas um doce da infância e que cabelos bagunçados podem unir duas pessoas para sempre.
Prólogo
Epílogo
Conto
— Marina, vem aqui! Vou trocar seu curativo do joelho!
— Ah, mãe! Tá limpinho...
— Nem A nem B. Tá limpinho pra você. Os micróbios discordam.
Vou choramingando até o banheiro. Vai arder, eu sei. Mamãe tira os esparadrapos e espia o machucado.
— Já está bem melhor, seco e formando casquinha. Ótimo. Vou passar o merthiolate e já nem precisa mais do curativo. Melhor deixar aberto para ventilar.
— Merthiolate arde! Passa só um pouquinho...
— O que arde cura...
— O que aperta segura... – completo fazendo careta. Minha mãe sempre fala isso!
Mamãe passa o terrível merthiolate. Choro, apesar de nem arder tanto assim.
— Não foi tão ruim! Já está cicatrizando... Agora, vê se se comporta né mocinha! Como pode se machucar tanto! Parece moleque!
— Mas eu caí, não foi culpa minha. – enxugo uma lágrima teimosa.
— Caiu fazendo o que?
— Jogando bola, ué?
— Então! Não prefere brincar de casinha?
— Eu gosto de brincar de casinha. Mas jogar bola também é legal!
— É eu sei... mas toma mais cuidado, filha. Nem tem mais espaço nesse joelho pra ralar! Rala o outro, pelo menos!
Rimos. Mamãe é engraçada.
— E agora, o que você vai fazer?
— Agora? Jogar bola! Os meninos vão se encontrar no parquinho daqui a pouco.
— Sério? Seu joelho nem sarou direito!
— Mas tem o outro, né mamãe!
E saio correndo, enquanto ela finge jogar o chinelo em mim. E ouço enquanto ela grita:
— Depois do jogo fala pra virem tomar lanche aqui. Vai ter limonada e bolo!
Chego no parquinho cedo e encontro Mateus sozinho. Deu certo! Ele sempre chega cedo. Acho que gosta de ficar fazendo nada.
— Oi.
— Oi. Como está seu joelho?
— Sarando. Ó.
— Caramba! Quanto sangue! – ele olha, cheio de admiração.
— Não é sangue, bobo! É merthiolate. – pensando bem, da próxima vez vou pedir pra mamãe passar bastantão.
— Ah, mas parece sangue. Dói?
— Só um pouquinho. – falo com cara de super heroína. – Valeu a pena.
— Valeu mesmo! O Rafael ficou com a maior cara de bobão quando você chegou na bola antes dele! E marcou gol ainda por cima!
— É pra ele saber que meninas jogam sim!
— Bem feito!
Rimos. É tão bom estar com ele. Ainda bem que os outros se atrasaram um pouco. Deu pra gente conversar sobre nossos desenhos favoritos e gibis. Ele gosta dos mesmos que eu! Ele é tão legal!
— Que bom que você chegou cedo.
— É. Eu vi que você sempre chega cedo. Gosta de ficar um pouco sem fazer nada?
— Não... é que eu venho torcendo pra você chegar cedo também.
Nisso, chegam Nino e Julio. E em seguida, todos eles. E mais Carla, a irmã do Helio que quis jogar também, já que tinha uma menina jogando... O Rafael não gostou, mas quem liga pra ele? Daí todo mundo quis ver meu joelho e acharam que o merthiolate era sangue. Eu não corrigi ninguém e nem o Mateus, que piscou pra mim. Só ele sabia. Na verdade, eu nem pensava em nada, só no que ele disse por último. Que ele vinha cedo pra me ver. E no seu cabelo bagunçado, que eu tinha vontade de arrumar com os dedos.
Quando o jogo terminou, fomos pra minha casa tomar o lanche e mamãe ficou até tonta com nossa bagunça e feliz em ver que sobrou só um pedacinho pequenininho do bolo, que no fim o Nino comeu de gula. Era a primeira vez que iam na minha casa e estavam curiosos, então mostrei meu quarto, minhas bonecas e meus jogos para eles. Eles acharam muito irado. Meninos são engraçados!
Mateus estava calado. Só olhava tudo com muita atenção e pareceu gostar da Lili.
— Muito bonita, esta boneca.
— Ela é a minha favorita.
— Parece com você.
E ficamos nos olhando. Ele parecia querer dizer alguma coisa. Eu queria dizer alguma coisa. Mas não sei o que, já que nada fazia falta. Sem pensar, passei meus dedos pelo seus cabelos encaracoladinhos. Ele levou um susto e rimos do pulo que ele deu.
Depois que todos foram embora, voltei para o meu quarto e fiquei olhando para Lili e para mim no espelho. Lili é linda, será que ele me acha mesmo tão bonita? E então, vejo, em cima da minha penteadeira, um pacote de M&Ms e um papelzinho com o desenho de um coração. M&M. Marina & Mateus? Será? É sim!
Meu coração bate forte. Adoro M&Ms, mas este eu não vou comer, não. Guardo na minha caixa de tesouros, bem no fundo, do lado da florzinha que ele me deu no parque e da pedra cinza que ele usou pra jogar amarelinha e que peguei escondido.
Não vejo a hora de ir à escola amanhã e vê-lo no intervalo.