Prólogo
Epílogo
Conto
Após um longo e estressante dia, um jovem pega o caminho de casa mais uma vez. Sua vida se resumia em acordar, trabalhar e dormir. Uma monotonia em que ele estava preso e que de alguma forma não podia sair. Parecia uma religião com uma simples doutrina: acordar porque deveria acordar e viver mais um dia. Trabalhar porque tinha que pagar os boletos, exercer a sua função na sua sociedade e finalmente dormir para tentar não acordar e não ter que viver a mesma coisa mais uma vez, mas isso sempre falhava.
Neste exato momento, ele se via diante de uma situação inusitada. Após pegar o ônibus e caminhar pelos mesmos caminhos que ele costumava andar até voltar do trabalho, algo diferente aconteceu.
Pôsteres espalhados pelas paredes indicavam que algo estava acontecendo, algo que ninguém em uma vida pacata e fatídica poderia perceber. O jovem, como sempre, não percebeu, mas começou a sentir.
Uma neblina atinge seus olhos, sua visão se torna turva até que ele é guiado pelas badaladas do Big Ben. São nove batidas. Ele sente que está próximo de casa e apenas segue caminhando em rumo ao desconhecido pela viela.
Sua cabeça é tomada por pensamentos esquisitos. A depressão no mundo, a monotonia, o desapego pela vida, a insignificância dos trabalhadores. Tudo de repente, aparece em sua cabeça e ele como um simples jovem londrino comum ignora.
Quanto mais ele caminha, mais a neblina vai se tornando densa, seus olhos mal enxergam um palmo diante de si e agora ele sente que está cercado por algo que ele não conhece. O Big Ben, porém, lhe revela mais uma situação. Doze badaladas. É meia noite.
“Como eu caminhei quatro horas?” Seu pensamento ainda não tinha aceitado o fato de algo diferente estar ao seu redor. Foi quando ele começou a ouvir um barulho rastejante se aproximando. Como primeira reação ele deu dois passos atrás, mas não tinha para onde ir, ou onde se apoiar. Continuou indo para trás sem um objetivo apenas querendo se afastar do que quer que estava vindo em sua direção.
Finalmente alcançou um apoio para suas costas. Sentiu o gelo tomar conta de sua espinha. Com as mãos tocou e notou que era um prédio londrino, nada era tão gélido quanto aquelas construções. Ao se virar para olhar e seguir o rumo do prédio, a neblina novamente brincou com sua percepção o levou para o lugar onde estava. Estava preso dentro da névoa.
Tentou algo diferente desta vez e seguiu adiante. Criou coragem e partiu, sua coluna estava ereta e quem o visse parecia ser um bravo jovem, quando na verdade, sua existência era insignificante não apenas para as pessoas do seu trabalho como para as pessoas de sua própria família.
“Vou continuar”. Seu semblante era de medo e com as mãos ele tentava abraçar qualquer objeto que ele pudesse tatear. Mas nada acontecia e ele seguia no meio da neblina.
O barulho rastejante começou mais uma vez, desta vez parecia mais perto. Com rapidez ele se virou assustado. Um cartaz com números e letras estranhas atingiu seu rosto e tapou sua visão.
Ele retirou com pressa o pôster de sua face e em meio a névoa começou a tentar ler o que estava escrito ali. Eram letras e símbolos até então totalmente estranhos se comparados ao dialeto londrino. Ele arqueou a sobrancelha em busca de algum significado, mas nada achou. Até que resolveu virar o cartaz e ver se tinha algo atrás dele.
Ele foi invocado e libertado.
Imediatamente soltou o cartaz que se uniu com a neblina, desaparecendo diante de seus olhos. Seu corpo foi tomado por um tremor interno o qual ele não conseguia parar e não sabia o motivo disso. Mais uma vez a névoa densa limitava sua visão e o deixava em completo desespero.
Foi quando uma mão encostou em seu ombro, um pequeno cutucão o fez achar a esperança e medo ao mesmo momento. Rapidamente se virou e a neblina milagrosamente se desfez.
Seus olhos acompanharam um ser que ali apareceu, debaixo para cima. Os pés da criatura não eram definidos, mas havia duas pernas. Erguendo os olhos ele percebeu que não havia pele, apenas músculos e nervos interligados que protegiam os ossos, era uma criatura bizarra. Na parte pélvica ele notou que não tinha genitais, não era um humano, apesar de a estrutura corporal ser humana. Seus dois braços cobertos por músculos e nervos, artérias e pequenas veias. Seu rosto era a coisa mais horrenda, a cabeça de formato oval como a de um humano, porém, sem cabelo, olhos, nariz ou boca. Apenas nervos.
A criatura não tinha mais do que dois metros. Seu corpo era perfeito, medidas, tamanho e proporção, a única coisa bizarra era que a criatura era cobertas por músculos e nervos que não pareciam ter fim.
- O que é você? – Bravamente o jovem conseguiu forças para perguntar.
Mas a criatura nada respondeu.
- O que é você? – Tornou novamente a perguntar, desta vez mais trêmulo e não tão corajoso.
A criatura novamente ficou estática.
O jovem começou a sentir algo ruim, uma energia negativa que o cercava. Não era algo físico, mas sim mental. De repente, começou a chorar. Lágrimas começaram a escorrer de seus olhos e ele se ajoelhou.
A viela estava mais clara neste momento, a neblina não parecia nem ter existido enquanto a misteriosa criatura o observava. O jovem que chorava olhou para a criatura e de seus olhos começaram a escorrer sangue. Uma dor agonizante tomou conta dele, como se ele não fosse capaz de parar de chorar. Quanto mais chorava, mais dor sentia e ele não conseguia fazer parar. Era mais forte que ele, era como se aquela criatura o fizesse se sentir assim.
Seus pensamentos ficaram confusos. Enquanto observava aquele ser exótico e bizarro. Lembrou-se de sua família e como foi taxado de vagabundo por não querer ter feito faculdade e decidiu morar sozinho. Lembrou-se de seus amigos que um dia combinaram de se encontrarem, mas nenhum amigo compareceu. Lembrou-se de uma garota da qual ele tinha algum relacionamento afetivo, mas a garota também tinha relações com outros rapazes quando estava com ele. Enfim, lembrou-se da mediocridade que estava em sua vida. Não entendia os motivos daquelas coisas estarem vindo à tona naquele instante, mas ele chorava por tudo aquilo. Por aquela insignificância.
A criatura continua o encarando embora ela não tivesse olhos. O jovem sentia uma enorme pressão atmosférica e sentia-se cada vez mais triste e dores internas como se fossem diretamente em sua alma surgiam.
Sua mente estava tão confusa que ele começou a enxergar seus pais festejando com seus tios e primos, onde todos estavam comendo um belo churrasco e comemorando uma promoção na empresa de seu primo mais novo. O som era alto, um bom jazz e todos pareciam curtir sem ele. Aquilo o deixou bastante triste. Aos poucos ele foi perdendo a força e curvou-se levando sua cabeça até o chão.
Após isso, teve outra visão. Uma mais turbulenta. Seus supostos amigos, tirando sarro dele para contar vantagem para outras garotas. Essas garotas que um dia também estudaram com ele. O assunto sobre o jovem estranho esquecido pela família parecia divertir todos eles e iam gargalhando a respeito da desgraça alheia.
Mais lágrimas tomaram conta do jovem, desta vez ele levou suas mãos até a cabeça, porque ela começa a doer tanto que parecia que ia explodir a qualquer momento.
Uma terceira visão. Desta vez, seus companheiros de trabalho e seu gerente. Todos conspirando contra você. O jovem era um formado em tecnologia da informação, pós-graduado em programação, porém, não conseguia um salário maior porque não havia espaço para tal. Seus companheiros de equipe e seu chefe, todos festejando e curtindo, enquanto ele sofria calado. No meio da festa, Hugo, o recém-formado, mas amigo de longa data do supervisor, acabou de ganhar a patente de gerente da equipe de TI.
“Quantas mais? Quantas vezes mais eu vou sofrer assim?” Sua dor agora começava a fazer sentido. As dores que ele não sentia durante sua vida, agora vinham à tona. A dor de acordar todos os dias, de sentir peso nas horas que não passam, de sentir que não existe nenhuma energia em você, de trocar um final de semana alegre por uma cama, enfim, da solidão.
Ele abriu seus olhos, ergueu seu tronco e ainda se manteve de joelhos. Esqueceu momentaneamente a criatura em sua frente. Parecia suplicar por algo, se lembrar de algo que lhe fizesse feliz, mas nada lhe vinha à memória.
Suas lembranças se resumiam à decepção, exclusão, tristeza e solidão. Nada de bom lhe vinha à cabeça neste instante. Absolutamente nada. Até mesmo as cores da sua vida haviam desaparecido, existia apenas o preto e o branco que marcava o mundo ao seu redor. Não achava graça em mais nada, não existia alegria em sua vida.
Havia algo relacionado com aquela criatura. “Por que isso agora?” Era tarde demais para encontrar a resposta. Suas forças haviam se esgotado. Era apenas mais um corpo cinza em meio ao mundo preto e branco.
Algumas frases vieram em sua cabeça.
Você tem de tudo.
Isso é frescura, é preguiça.
Hm, você está querendo chamar a atenção.
Tem gente sofrendo querendo viver e você aí reclamando de qualquer coisa.
Outras muitas frases eles ouviu. Das mais diversas pessoas, incluindo conhecidos e desconhecidos. Como se todas essas pessoas o conhecessem. Na verdade, as pessoas conheciam o que ele estava sentindo.
Depressão.
Ele finalmente enxergou o motivo de estar assim, sempre tentou se negar ao que era realmente verdade, mas agora tudo fazia sentido e de alguma forma aquela criatura tinha relação com isso.
Ele encarou a criatura e magicamente ele se viu nela. Era como se aquele ser sem olhos, totalmente sem traço de humanidade significasse algo para ele, mostrasse quem ele realmente era. Seus olhos novamente se encheram de lágrimas como uma súplica e um arrependimento sem igual. Não havia motivos para ele estar triste, ele apenas queria estar assim.
Sua mente navegou pelos cartazes que viu anteriormente dizendo sobre a grande depressão que o mundo vivia. Tudo agora fazia sentido e ele era mais uma vítima desse grande terror que atacava o mundo.
Buscou na criatura que tinha a sua própria imagem agora, algo reconfortante, mas via apenas uma pessoa sem sorriso, com olhos fundos, cabisbaixa e com postura caída. Ela parecia chorar, assim como ele. Era como se fosse um espelho dos próprios sentimentos que ele estava sentindo naquele momento. Assim como a sua cópia em sua frente ele também chorava.
“Será que sou invisível?” Se questionou quando as coisas começaram a parar de martelar a sua cabeça. A dúvida era a pior coisa que poderia existir, ela questionava até mesmo a sua própria existência. “Será que eu existo?” A partir deste momento o sentimento de auto-desistência já tomou conta do jovem. Aos poucos a criatura em sua frente, voltava a ser o que era e ele nem percebia. Perdia-se mais uma vez em seus pensamentos e as lágrimas não paravam, era uma fonte inesgotável de dor.
A criatura então começou a se mexer neste instante. Deu um passo, depois outro e de repente, a neblina tomou conta do lugar mais uma vez. Era como se a criatura fosse a própria neblina.
A criatura parou diante do corpo mórbido do jovem que esperava um fim.
- Me mate. – Suplicou ele com os olhos avermelhados, seu rosto já estava todo molhado de tantas lágrimas. O sangue também estava presente.O jovem estava realmente em uma situação deplorável e apenas a morte lhe podia ser a solução.
A criatura se manteve diante dele. Encostou seu dedo todo envolto de nervos e veias no topo da testa do jovem.
O jovem ouviu uma voz interna.
- Você já está morto.
A frase ecoou pela sua cabeça. Ela foi repetida dezenas de vezes, o ser misterioso simplesmente caminhou e o ignorou ali. Desaparecendo junto com a neblina.
Um vento gélido tomou conta do rosto do jovem que ajoelhado suplicava por salvação. Sua tristeza era tamanha que ele perdeu mesmo a vontade de mexer.
“O que aconteceu comigo?” Olhava para si mesmo e despejava mais um montante de lágrimas. O cartaz que outrora havia lhe tapado a visão, agora estava ao seu lado, jogado ao sopé de um poste de iluminação londrino.
A neblina por esta vez já desaparecera deixando apenas o jovem ali. Com curiosidade tentou mais uma ler o que estava escrito. Desta vez, os símbolos e a estranha linguagem já pareciam familiares à ele. Era como se a criatura ao entrar em contato com ele lhe revelasse algo, revelasse certa sabedoria.
No cartaz continha frases, era uma espécie de culto.
Transformaremos o mundo feliz, em um mundo triste. Transformaremos o colorido em preto e branco. Mancharemos a alegria com tristeza. Destruiremos a amizade com solidão. Substituiremos a compaixão por caos. Alteraremos a esperança por desespero. Não haverá paz. Não haverá mais vida. Ctuxh’dhra marcará a nossa inexistência.
Ele não sabia como reagir diante de ler aquelas palavras. Na verdade, não fazia idéia dos motivos disso estar acontecendo justamente com ele. Quem era Ctuxh’dhra? Tal nome ele nem conseguia pronunciar. Imaginou o que seria aquilo, o que levaria às pessoas a fazerem esse tipo de coisa. “Que tipo de culto é esse?”
Antes que pudesse pensar sobre a resposta. Percebeu barulhos de passos. Os passos vinham até sua direção, não era apenas uma pessoa.
Em seu estado mental e físico ele não se importava com quem quer que fosse. Estava anestesiado pelas dores e sofrimentos internos, tanto que parecia já morto.
Alguns seres encapuzados o cercaram. Seres estranhos que não mostravam a sua cara. Talvez pessoas, criaturas ou qualquer outro ser horrendo. Os estranhos encapuzados, que no total formavam seis, pararam a mais ou menos dois metros de distância deles.
- O que foi? São os comensais da morte agora? – Em meio ao mar de desespero conseguiu uma gota de humor. Não tinha motivos mais para viver, ou acordar se aquilo fosse um pesadelo desejaria acabar tudo ali.
- Muito pelo contrário. Somos a salvação. – Este era um dos encapuzados que revelou sua aparência. Retirando o capuz.
Seus olhos estavam costurados, assim como suas narinas. A única coisa não costurada era a boca do homem que continuava a falar. Seu cabelo era raspado e cicatrizes de automutilações eram marcantes na cabeça oval dele. Aquilo muito lembrava a criatura que ele conheceu anteriormente. Todos os seis eram exatamente iguais.
- Que salvação? – O jovem começava a ter forças para se levantar. Esqueceu-se por algum momento do que havia acontecido anterior. Todos os pensamentos que o deixavam entristecidos haviam congelado dentro de si.
-O Deus da Inexistência e da Tristeza. – Disse outro.
- O que significa isso? – O jovem parecia curioso, simplesmente porque via que tudo parecia relacionado ao ser misterioso que havia visto.
- Significa que o mundo conhecerá a inexistência. Somente o ser supremo pode salvar esta era. – Outro membro daquele culto disse.
- Vocês querem transformar este mundo em um mundo onde somente a tristeza é presente? – Perguntou o jovem com medo da resposta.
- Exatamente. A tristeza não é um sentimento ruim. A tristeza vem sendo retratada como algo ruim por todos, mas é algo comum. É até mais verdadeiro que a própria felicidade. – Revelou o membro do culto. – A tristeza é a verdadeira paz.
As palavras daquele homem esquisito faziam sentido para o jovem. Na verdade, elas completavam o que ele sentia realmente. Tristeza era a salvação e era isso que ele também concordava.
- O que eu tenho a ver com tudo isso? – Perguntou o garoto também já sabendo a resposta mentalmente. Ele provavelmente seria essencial para o ritual, aquelas pessoas estranhas provavelmente estavam atrás dele.
- Você viu o nosso Senhor, não viu? – Perguntou o homem. – Então você é a chave para a invocação Dele.
- Aquilo era o Senhor de vocês? É Ele que vai trazer a inexistência ao mundo? – Ele chegou a duvidar. – Como sei que é verdade? Como sei que não estou delirando? Se eu não estou drogado e vocês estão tentando me fazer algo contra minha vontade?
- Porque você também já está morto, jovem. – Aqueles seis intercalaram as respostas, pareciam todos conectados por algo. – Assim como nós.
Ele então finalmente aceitou. Todos esses anos a vida simplesmente lhe tinha matado. Os amigos, a família, companheiros de trabalho. Todos tinham já esquecido que um dia ele fez parte do ciclo de amizade e de existência deles. A depressão era a porta de entrada para a inexistência.
O jovem balançou a cabeça, concordando com aquilo tudo. Faria de tudo para trazer o Senhor da Tristeza e da Inexistência para o mundo e mudá-lo de alguma forma. Os cultistas começaram os preparativos.
O relógio histórico de Londres marcava duas horas da madrugada. Eles caminhavam pelas ruas vazias de pessoas, mas cheias de tristeza até um determinado local. Daquela viela até a outra viela em que estavam era cerca de trinta minutos caminhando. Ninguém os percebia, eram realmente inexistentes aos olhos das pessoas comuns, daquelas alegres e felizes.
Entraram em uma antiga casa. A casa repleta de símbolos e gravuras retratando a origem e o fim do mundo. A tristeza era marcada como uma luz ao final do túnel, ali a felicidade era a pior coisa para eles, principalmente porque a felicidade era o que separava-os de outras pessoas. Os alegres eram tidos como bons e os tristes como ruins.
As paredes marcavam o ritual. Primeiro os outros servos deveriam retirar o sangue do receptáculo do Deus com a adaga. Depois com o sangue retirado e espalhado por todo o recinto, tudo aconteceria de maneira natural.
Começou então, a adaga era toda diferente das demais que ele já havia visto. Ela era encurvada e não parecia ter uma ponta fina, era aparentemente quebrada na metade dela. Seu cabo tinha uma coisa estranha também, era composto por algum organismo diferente de tudo que ele já viu. Como se fosse cheia de nervos e veias.
No centro da casa um símbolo lembrando um pentagrama, mas não era uma estrela e nem tinha cinco pontas. Era um círculo com simbologias diferentes de tudo que ele já viu, parecia haver um polvo, uma serpente e um espectro como um cosmo. O símbolo reagiu assim que o jovem pisou sob ele.
O ritual começou. A adaga não cortava, ela não perfurava, ela raspava o jovem. Era uma dor agonizante, mas se lembrando do que passou, era uma simples dor da qual não fazia a menor diferença. Ele ficou estático enquanto os cultistas faziam o seu trabalho. Seu pensamento ia distante e ele parecia contente em trazer a paz ao mundo.
Em segundos, o sangue já pingava no círculo estranho que estava ali. Este mesmo círculo ganhava uma coloração translúcida, da qual o jovem não foi capaz de suportar. Seu espírito estava se esvaindo de seu corpo. Sua alma já não mais lhe pertencia. O jovem morreu, ele foi sacrificado para algo maior.
Conforme o jovem morria, o espírito do Deus da Tristeza e da Inexistência ganhava forma, tamanho e proporção. Ele era tão grande quanto uma montanha. Sua imensidão era tremenda que ele destruía quase por completo a cidade londrina. Seu corpo repleto de veias, nervos e músculos ultrapassavam os céus. Sua cabeça oval e sem olhos, boca ou nariz também eram presentes. Sua cabeça era como a lua ou o sol, estava em todo o lugar como se ele encarasse à todos os habitantes do planeta.
Quem o encarasse perderia toda a alegria da vida e se tornaria uma pessoa inexistente, assim como o jovem um dia foi.
Em poucos minutos, o mundo que conhecemos foi perdendo alegria, esperança, felicidade e harmonia. Tudo foi ficando preto e branco, o cinza existia em demasia. Nada mais importava, ninguém tinha forças para fazer nada. Ninguém queria mais viver.
Ctuxh’dhra era o Senhor da Tristeza e da Inexistência e o mundo após isso, nunca mais existiu.