Complexo de Deus

Sci-Fi
Começou, agora termina queride!

Conquista Literária
Conto publicado em
ACID NEON: Narrativas de um futuro próximo vol. 02

Prólogo

Epílogo

Conto

Áudio drama
Complexo de Deus
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— Já está online?

— Já.

Era bem menos ameaçador do que Thomas um dia

esperou que pudesse ser. Duas horas atrás ainda estava em

seu computador, programando mais um algoritmo de busca

e agora estava de frente para o destino de seus códigos.

Era um trabalho de uma monotonia inacreditável, ao menos

para aqueles que não fossem curiosos demais; supervisionar

sistemas de detecção provava ser mais e mais contraintuitivo

quando tudo era extremamente automatizado e pouco auxílio

manual era necessário, mas julgou que manter sua boca

fechada e os seus cliques longe daquilo que deveria proteger

fosse mais importante do que tentar ser mais esperto do que

a máquina.

Thomas era o homem por trás do radar: o “grande”

radar, como costumava dizer, cheio de um ressentimento

nascido através de uma suave, amarga decepção. Trinta e

poucas pastas era tudo que Thomas guardava, com tamanha

atenção que o número sempre fugia de sua memória. Não

importava. Não era um homem de números e sim de padrões.

E quebras nos padrões era o que ele era pago para

indicar e reportar. Um congestionamento em determinada

conexão, uma subrotina direcionada sem o seu devido input;

qualquer coisa que o sistema não fosse determinado a detectar

sozinho. Não era o trabalho dos sonhos nem a utopia

que pensou que seria em seus anos jovens, quando ainda era

um ávido leitor de Gibson e sua mente estava na matriz de

Neuromancer, sonhando alto com linhas de código em verde

neon quebrando diante de seus olhos conforme avançava

mais e mais, entranhado nos segredos guardados por bits e

comandos.

De vez em quando era fortuito o bastante para seguir

um IP mascarado na Bélgica até o seu dono na Pensilvânia.

Protocolos por cima de protocolos em um grande jogo de

detetive; era assim que Thomas passava suas madrugadas, na

solidão de um escritório hexagonal, sobre uma plataforma

entre paredes de vidro e servidores e a sombra ocasional de

um supervisor para ver se tudo estava em ordem. “Uma vez

delator, sempre delator”, pensava.

Era um caminho natural para T. Só negócios e nada

mais. Entregar seus cinco comparsas em troca de livrar-se de

trinta anos de prisão por roubo de propriedade do governo e

de informações confidenciais? Um dilema ético para muitos,

uma oportunidade única para Thomas. Estava livre na semana

seguinte, com uma tornozeleira permanentemente acoplada

ao seu tornozelo e um emprego cuja responsabilidade

era justamente jamais permitir que o que ele conseguiu fosse

feito novamente; um algoz para todos os futuros jovens ludibriados

demais com a noção de liberdade e hacktivismo.

Consolava-se sabendo que podia ser pior; podia ter

dado certo. Podiam, os seis, terem saído do sistema sem serem

detectados, ainda que não livres da paranoia nos anos

seguintes de um destacamento da SWAT invadindo seus

apartamentos e cobrando uma justiça há muito empoeirada,

mas ainda assim impunes. Thomas havia dado a volta por

cima final, a última grande cartada em aceitar ser o operador

de defesa cibernética que impediria que qualquer outra pessoa

pudesse repetir o seu ato, algo que ele teria total controle

em assegurar que o seu feito jamais seria eclipsado pelo de

outro hacker.

Deram as chaves do Louvre ao maior assaltante de

museus do mundo. E apelar para o seu ego foi a coisa mais

inteligente que a Agência Nacional de Defesa fez em toda a

sua vida. Em tempos de traição, segredos e sussurros, a confiança

era um commodity caro e escasso. Foi uma surpresa

para Thomas quando confiaram no rapaz o suficiente para

mostrarem seu maior e último projeto.

— E o que ele faz?

O agente lançou um olhar ao hacker que não sustentou

uma explicação sozinho. Com braços cruzados e o queixo

apoiado em uma das mãos, o homem de terno foi então

mais eloquente em mostrar sua frustração.

— Achei que só de olhar você saberia. Que decepção,

Pickett.

— Sou um analista, não um mecânico. Você age

como se estivesse abrindo o capô de um carro e me pedindo

para olhar dentro. Como é que vou saber o que é se nunca

vi antes?

— É um mainframe quântico. — Waters esclarece, não

sem antes gozar com a ignorância de Thomas Pickett. Eram

raras as vezes em que alguém o pegava desprevenido, e era

sempre reconfortante saber que ainda sabia mais do que um

jovem como ele. — É deste lugar que as informações saem, e

por aqui que elas também entram.

— Quais informações?

— Todas.

Thomas parou por um momento para tentar, ele

próprio desta vez, dissecar aquela informação. O frio dentro

da sala era típico dos setores de armazenamento de informações,

com suas massas intermináveis de computadores

monolíticos, retângulos enfileirados debaixo de um sistema

intenso de resfriamento, como um exército de terracota do

novo milênio. Três lances de escadas com dois degraus cada

o separavam do núcleo do processador, no centro da plataforma.

A Thomas, aquilo lembrava um tambor de um re-

vólver, um cilíndro com diversos outros entre as suas fatias

de cromo que revolviam em um movimento mínimo mas

constante.

Qualquer coisa além do rumor estático das unidades

de processamento e mainframes era difícil de ser ouvida,

mas seus pensamentos eram barulhentos e ruidosos naquele

saguão infértil e organizado, como um cemitério de abelhas.

— Sei o que está fazendo, Waters, e não vai rolar.

Desde os anos oitenta as informações digitais não são centralizadas.

Se acham que posso vazar alguma informação e

estão me alimentando com mentiras, é só dizer. Não tenho

interesse em dedurar os segredos de mais ninguém.

— Acredite no que quiser, garoto, só fui pago para te

mostrar, não para te fazer acreditar. Nenhuma informação é

centralizada, mas aqui — Waters aponta para o supercomputador

no centro da plataforma, e seu gesto assinala a entonação

de sua voz —, aqui é por onde todas passam.

— Um gargalo?

— Um gargalo, funil, o que quiser chamar. Pense em

um pedágio, é como eu gosto de pensar. Tudo que um dia

fica online, passa por nós primeiro.

— O que ele armazena?

— Nada. Ele só processa o que recebe em tempo real.

Nós o chamávamos de Periscópio. Ele é o que você andou

guardando todo esse tempo.

Thomas entendeu e confirmou suas suspeitas imediatamente.

Waters ergue a caneta aos lábios. Quase a traga

como um cigarro, um hábito difícil de largar e que ainda

ameniza sua ansiedade, mesmo quando ausente.

— Aquelas pastas estavam vazias, não estavam?

Aquelas que me colocaram para proteger?

— Primeiro, ninguém quis colocar informações vitais

nas suas mãos. Foi uma decisão unânime. Segundo, tudo que

havia lá dentro eram duplicatas de coisas que você já sabia.

Precisávamos que você defendesse aquele servidor como se

sua reputação estivesse em jogo. Precisávamos que o Periscópio

aprendesse, com você, a se defender.

— Então ele tem um mecanismo de autoaprendizagem.

— Demorou ainda mais para Thomas perceber o que

estava diante dele. Acreditava que superprojetos como aquele

só existissem dentro de livros do Tom Clancy. — É uma

inteligência artificial.

— Não nesse sentido. Sim, ele pode organizar padrões

e aprender comportamentos, pode categorizá-los e

repeti-los a priori. Mas não é um computador autônomo. As

suas diretrizes de defesa precisavam de um parâmetro para

aprender a detectar ameaças de verdade. Cada vez que você

detectava um intruso, o Periscópio estudava seu comportamento

e repetia seus padrões.

— Não sei como me sinto a respeito de ser vigiado

dessa maneira. Não por uma máquina.

— A gente se acostuma tanto a usá-las. — Waters

cruza os braços, mas direciona um olhar afiado ao mais jovem,

meio acusatório. — Que não pensamos que elas também

podem nos usar.

— Eu e quantos mais outros?

— Cinco ou seis bilhões, mais ou menos.

O escopo de todo aquele projeto era muito maior

que Thomas Pickett um dia pensou em estar diante, agora

que sabia da verdade. O seu ego fraturado não deixou que a

realidade do que estava sendo apresentado a ele o atingisse

com seu impacto completo. Seus braços se cruzaram diante

do peito, e os dedos voltaram a coçar a barba que voltava

a crescer após dois dias sem voltar para casa. Amargo, só

conseguia pensar em como havia sido superado pela própria

coisa que um dia tentou descobrir, e o agente ao seu lado

certamente sentia-se satisfeito em vê-lo desconcertado.

— Então, três anos atrás, quando invadi o sistema de

vocês, era isso que eu estava tentando descobrir?

— Você teria sido caçado bem mais rápido se o Pe-

riscópio estivesse operante. Mas agora, por simbiose, você o

fortaleceu. Só precisamos monitorar e cortar os falsos positivos

que ele apresentar.

— Não pode ser. Vocês não teriam perdido tempo me

colocado para proteger um servidor cheio de informações

vazias, seria um desperdício de talento. Tem algo que você

não está me contando.

— Eu estou te contando toda a verdade. — E estava

saboreando cada momento dela também. — Se você soubesse

que estava fazendo parte de um projeto tão grande, tentaria

colocar algo de você nele, tentaria deixar sua assinatura.

Precisávamos deixar o projeto estudar você, usar você. Você

ensinou a ele tudo o que sabe, sem descobrir metade de tudo

o que ele é.

Os dedos de unhas finas e roídas de ansiedade se fecharam

firmes contra o próprio punho, e por um momento

colocou na balança a sua liberdade contra o soco nos dentes

do agente, que nunca veio a acontecer. O longo suspiro que

o colocou de volta nos trilhos foi estéril e ruidoso, com gosto

de derrota.

— Mas eu estava certo. Há um programa de espionagem

nesse país, não é?

— Não. — Waters estava dedicado a não lhe dar nem

aquela migalha de vitória. — Há um programa de espionagem

ao redor do mundo inteiro.

— Me explique.

— Descobrimos que não precisamos estar em cada

computador e celular ao redor do planeta. Só precisamos

criar uma backdoor, um desvio por onde essas informações

fluam até nós. Você deve saber disso. Deve saber como empresas

aparentemente boazinhas têm contrato conosco e nos

concedem informações de seus clientes de tempos em tempos.

— Redes sociais.

— Redes sociais. Estranho como um garoto tenha

criado uma empresa bilionária quase de um ano para o outro,

não? É quase como se ele tivesse tido uma... ajuda interna.

— Mas ele não teve.

— Claro que não teve. — O riso ficou preso dentro

da boca de Waters, condescendente. — Nesse sentido, não

precisamos fazer muito. Pedimos os dados dos usuários, e

ele nos entrega. As pessoas confiam nele, por alguma razão.

— Seu próximo gesto foi dar com os ombros. — Da mesma

forma que alguém confia no seu traficante, imagino. Mas vício

não se discute. Acham que vale a pena o risco.

— Nem todo mundo usa as redes sociais. Não seria o

suficiente para vigiar o mundo inteiro.

— Não, mas é o começo. Os dados foram suficientes

para criarmos algoritmos de previsão de comportamento,

análise de tendências, o tipo de coisa que nos permitiu estudar

a manipulação da população.

— Com o quê? Billboard? Televisão?

— A princípio sim. Parece trivial, mas entender o

gosto do público e fabricar artistas obsoletos para comprovar

nossas teses foi crucial para passarmos para projetos mais

agressivos, como as eleições. Há um limite no que podemos

fazer baseado apenas nas informações da nossa população.

Chega uma hora em que precisamos... entrar dentro dela.

— Então o que fizeram?

— Sabe o que é o mais irônico, Pickett? Noventa porcento

das pessoas te dirá os seus maiores segredos, se você

simplesmente pedir. Câmeras, microfones, documentos, arquivos,

tudo em nosso poder eles sabem que podemos ler,

acessar, espionar, e ainda assim resolvem arriscar. Precisamos

fazer apenas valer o risco. Ora, nenhum drogado deixa

de injetar por causa do risco de uma overdose, não é? É um

mau necessário. Tudo o que precisamos fazer era achar outro

culpado, outro bode expiatório.

— Seus cretinos. — Pickett não pareceu realmente

acusá-lo com a ofensa, e a Waters tampouco desagradou o

adjetivo.

— Pouco a pouco instigamos medo na população.

Criamos uma política de segurança extrema, de vigilância

necessária, de revistas em aeroportos e invasão de privacidade.

Apontamos um inimigo invisível do outro lado do

planeta e pronto, temos nossa narrativa apoiando nossos

negócios. Fizemos a população acreditar que precisavam escolher

entre liberdade e segurança e eles nos deram a chave

do mundo.

— E depois?

— Depois, a sociedade tomou conta disso. O consumerismo

agiu a nosso favor. Toda vez que precisamos

aprimorar nossos softwares tudo o que temos que fazer é

contatar as grandes empresas e elas lançam um novo modelo

que todos correm para comprar. Ninguém liga para os

sinais: câmeras ligando sozinhas, sensores de voz ouvindo

conversas, todos descartam como apenas um bug. Mas por

trás de cada bug há um processo. E por trás de cada processo

há algum de nós observando. O homem que hoje brinca

com um drone junto de seu filho escolhe ignorar que essa é

a mesma tecnologia matando dissidentes no Oriente Médio,

e a piada da sociedade é aquele que se isola em alguma cidade

no Alaska sem contato com o mundo exterior. Vê como é

fácil influenciar o mundo? As pessoas têm medo de inteligências

artificiais à la Hollywood, e enquanto elas estiverem

ocupadas pensando naquela merda do Exterminador do Futuro,

não vão perceber o quão inteligentes seus smartphones

realmente são.

— Aquele filme é um clássico, não ofende. — A breve

troca de olhares entre ambos foi o suficiente para colocarem

a conversa de volta nos trilhos. — Mesmo que consiga espionar

e ter acesso a todos os dados de cada pessoa do planeta,

o sistema sempre vai ser falho. Não há como predizer tudo,

saber tudo, conhecer tudo.

— Não precisamos. Precisamos apenas o suficiente

para ainda exercermos certo domínio sobre o público. O

que não cabe em nossas mãos não é necessário. Gostamos

de pensar que isso é a ilusão do livre arbítrio, uma liberdade

falsa que concedemos apenas porque estamos ocupados

demais. — O canto de seus lábios curvou-se com uma risada

torta. — Nem Deus tem tempo para todos, Pickett.

— Você também teve algo a ver com o escândalo das

indústrias farmacêuticas recentemente, não é?

O olhar de soslaio do agente disse tudo. Apreciava

cada momento daquela inversão de papeis, onde por um

momento o hacker sabe-tudo parecia outra vez cair em uma

matriz estranha aos seus conhecimentos; o olhar perdido

que encontrava com o dele deixava Waters profundamente

satisfeito. Ao mesmo tempo, dois militares entraram pela

mesma porta pela qual haviam passado antes, suas conversas

entre sussurros escusos.

— Elas nunca foram o verdadeiro vilão da sociedade.

Foi nosso trabalho fazer o cidadão comum duvidar da medicina

e rejeitar vacinas. E não foi difícil. As pessoas costumam

duvidar de tudo o que é organizado e poderoso demais. O

maior golpe que já aplicamos foi fingir que nosso governo

é tolo, desorganizado, ineficiente. Enquanto isso, tivemos

tempo de fazer a população voltar sua raiva para antagonistas

menores, e focar nossos olhos no que realmente importa.

— Na internet?

— Como eu disse, as pessoas se sentem confortáveis

lá. Confortáveis o bastante para confiarem em pessoas que

não devem, e revelarem o que não podem. Você sabe disso,

é quase uma religião. Os cultos de personalidade, estranhos

em fóruns anônimos digitando suas confissões, pessoas rejeitando

a medicina e acreditando em geocentrismo novamente.

Nosso maior trunfo não foi criar um computador

hiperinteligente, só uma população que fosse mais burra que

ele.

— Então você criou... isso. Um computador que pro-

cessasse todas as informações dos computadores do mundo

ao mesmo tempo?

— Nem todas, apenas as que queremos ver. Mas as

informações estão à nossa disposição. Hoje é mais fácil que

alguém confie em algo inanimado, a confiança é algo cada

vez menos dividido entre humanos. Tudo que precisamos

fazer foi entrar do outro lado do confessionário.

De repente, aquele computador diante dos dois tornou-

se símbolo de algo bem maior para Pickett, um monumento

à curiosidade e trapaça humana, ao mesmo tempo os

olhos no abismo e a mão invisível que moldava o mundo,

onisciente e onipresente. Não o incomodou tanto ter sido

enganado por ele quando soube que o mundo inteiro também

havia seguido seu exemplo, mas sua inexpressiva inexistente

face não aliviou de suas costas o peso de ser constantemente

observado, de estar diante de algo inescapável.

— Vocês só precisam de um nome apropriado para

essa coisa.

— É mesmo? — Waters ergue uma sobrancelha, divertido,

mas resolve dar corda ao garoto. — E no que está

pensando?

— Em Voltaire, o filósofo.

— Voltaire? — Sua voz desata a um riso desta vez. —

Vai chamar o computador de Voltaire?

— Não. Estou pensando em algo que ele disse uma

vez...

Sem olhos, Pickett sabia que o computador o olhava

de volta. Sem ouvidos, sabia que conhecia cada uma de suas

palavras. Não precisava olhar para o mainframe para encará-

-lo, pois já estava em sua presença muito antes de saber. Foi

estranha a sensação de ter consciência de que seu destino já

estava decidido a partir do momento em que resolveu invadir

aquele servidor do governo, cada passo posterior pelos

próximos meses e anos calculados friamente, esperando pelo

passo em falso rumo à armadilha que o esperava. Waters

havia dito que o computador era incapaz de soluções cognitivas

e inteligência artificial, mas até certo ponto, Pickett

discordava; havia algo de sádico na maneira como fabricava

o destino daqueles que resolviam desafiá-lo.

— “...se não existisse um deus, seria necessário inventá-lo”.

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