Prólogo
Epílogo
Conto
Estas foram as notícias do Estado. _ anuncia a voz do rádio _ agora meio
dia e vinte e cinco. _ encerrava a voz aveludada e tranquila, enquanto uma vinheta
jazzística preenchia musicalmente o fundo do programa.
O som do carro não estava alto, era o suficiente para que o elegante condutor
pudesse ouvir. O homem trajava um terno de marca, uma camisa bem passada, com
a gola envolvida por uma gravata comprada nos últimos meses. O calor da cidade não
era capaz de causar mal-estar ou desconforto algum, afinal, o ar-condicionado ligado
era quase capaz de competir com o volume vindo das caixas de som.
Algum desavisado poderia se equivocar facilmente ao ver o elegante senhor,
e dizer que ele estava a caminho de seu local de trabalho. Contudo, somente um tolo
não perceberia o olhar de satisfação que trazia, um olhar que apenas um homem que
já encerrou seus deveres laborais poderia estampar. Especialmente por essa razão, ele
dirigia tranquilo o carro sedã, sem pressa alguma de chegar a sua moradia.
Tomado pela morosidade o condutor não fez questão de ultrapassar o semáforo
próximo, observou com tranquilidade enquanto passava do verde ao amarelo,
e, já desacelerando o carro, ao vermelho. Parou. Manteve sua atenção na rádio por
alguns minutos, mas logo alguns jovens que atravessavam a faixa lhe chamaram a
atenção.
“Nossa!”, pensou o senhor. “Juro que esses garotos estão vindo para cá cada
vez mais malvestidos. Aquele ali, então, barba por fazer, camiseta repleta de desenhos...
Tampouco sabe se portar, como sacode os braços!”, pensava julgando duramente
os jovens que atravessavam para entrar no prédio que há pouco havia saído.
Antes que os rapazes terminassem de atravessar a faixa, o que fora menos
criticado mentalmente pelo condutor olhou para o carro. No exato momento em
que o senhor pensou ter feito contato visual com o pedestre, ele sentiu seu coração
palpitando, sua visão enturveceu, foi como se todos seus sentidos tivessem desligado
completamente.
Pouco depois o condutor do veículo recobrava a consciência:
“Que foi que aconteceu?”, pensava, enquanto a visão clareava e olhava para as
paredes de uma sala, que lhe parecia familiar, e que estava repleta de estantes. “Que
lugar é esse? Por quê não estou no meu carro? O que aconteceu com meu terno?”,
surpreendeu-se ao reparar que não mais trajava o terno garboso. Olhou para suas
mãos e viu apenas uma camisa listrada cobrindo-lhe os braços, no pulso não havia
mais o relógio que custava algumas centenas de reais, as pernas estavam cobertas
por uma calça cinza bastante puída, e os sapatos gastos não haviam visto o brilho da
graxa em algum tempo.
_ Ô garoto! _ uma voz esquecida, mas que soava habitual, surpreendeu ao
homem _ agora que você assinou a frequência, vê se não enrola pra entrar na sua
sala, fiquei sabendo que seu chefe está aí, não vai querer que ele ache que você está
perdendo tempo com prosa né? _ indagou um senhor se aproximando.
_ Seu Divino!? _ o tom de surpresa não poderia ter sido maior.
_ Vamos trabalhar menino! _ disse o senhor colocando-o para fora da saleta
cheia de estantes.
“Não pode ser! Seu Divino?!? Seu Divino faleceu! Lembro que foi motivo de
luto e honrarias...”, pensava se escorando no outro lado da porta pela qual acabara de
ser expulso, suas pernas bambearam e ele estremecia perplexo com toda essa situação.
Toda sorte de ideias coabitava sua cabeça naquele momento, quanto mais pensamentos
emergiam mais acelerada ficava sua respiração. Temendo qualquer forma de
colapso, centrou sua atenção em algo que pudesse lhe acalmar, avistou um banheiro e
foi em busca de refrescar sua cabeça, como se seu cérebro fosse uma máquina à vapor
suscetível de melhorar seu desempenho mediante alguma forma de resfriamento.
A sua expectativa se frustrou logo que abriu a porta do banheiro, as ideais
e pensamentos foram interrompidos, junto com a total paralisia que o atingiu ao
avistar o espelho. Via seu reflexo incrédulo, era ele mesmo, no entanto, trazia sua
aparência de quando possuía uns vinte e poucos anos de idade. A barriga que havia
conseguido com os anos não estava mais lá. O cabelo que, geneticamente havia cedido
parte da cabeça ao nada, havia regressado. Os pesados óculos que habitualmente
não saíam do rosto não eram mais necessários. O agora jovem, enfrentando o espanto,
começou a se estudar, olhava para o rosto sem rugas, para o corpo jovial, e tudo
que pode considerar foi: “Isso não pode ser real!”.
_ Você tá bem menino? _ disse Seu Divino, que adentrava o lavabo _ Por quê
que você está parado aí até agora?
_ Estou sim, eu só ia... jogar uma água no rosto pra acordar um pouco, mas
já vou para a sala. _ respondeu desculpando-se após a nova surpresa do funcionário
mais velho.
_ Vamos lá rapaz, já te falei que o chefe tá aí, você tem que causar uma boa
impressão, acho que tem boas chances de ser contratado.
O restaurado jovem apenas conseguia concordar com a cabeça, enquanto andava
em direção a sua sala. Em um certo ponto o senhor que lhe acompanhava deixou
que seguisse sozinho, com certeza disse algo motivacional e virou-se para voltar
a sua sala, mas ele não conseguira captar com clareza. Uma quantidade espantosa de
lembranças de revolviam em seu interior: Seu Divino, aquela sala com muitas estantes,
o corredor pelo qual estava andando… Ele parou subitamente:
“Esse é meu antigo estágio!”, reconheceu em pensamento. “Quando eu trabalhei
com o doutor Aparecido, deve ter sido por volta de 77… 78, talvez?”, continuou
seu raciocínio dando alguns passos apressados em direção a uma porta. Quando chegou,
inspecionou a porta, a placa colada ali acusava que sua suspeita tinha se confirmado.
“Isso quer dizer que…”, considerou, abrindo lentamente a porta. _ Lívia! _
anunciou em tom alto, impensadamente.
_ Entra _ disse uma voz vagarosa, desprovida de qualquer forma de ânimo _
seu trabalho está na mesa, melhor começar _ disse a funcionária pálida, com olheiras
fundas e olhos sempre preguiçosos. Como era de praxe, a pálida servidora mal olhou
para o jovem enquanto ele entrava na sala, como se seu olhar fosse algo muito precioso
para desperdiçar com o aprendiz. Debruçou-se sobre os papéis indicados pela
servidora, ainda tentando elaborar uma explicação lógica para tudo, ele não conseguia
manter o foco, sua cabeça ia e voltava em nomes, acontecimentos, lembranças,
rostos, e em uma razão para estar ali revivendo tudo.
Repassou tudo o que acontecia nos minutos que precederam os estranhos
acontecimentos que o levaram de volta aos tempos de estágio, muitas vezes seu raciocínio
era interrompido pelas mesclas de suspiro e reclamação trivial tão características
de Lívia, as quais ficaram enterradas em sua memória como uma das poucas
formas de comunicação diária entre eles. “Que calor né?”, “deviam arrumar esse ar-
-condicionado!”, “até agora não trouxeram o jornal!”, coisas dessa sorte eram comumente
disparadas pela funcionária de tempos em tempos.
Para sua sorte, ainda se lembrava muito bem do trabalho que lhe era atribuído,
mas, foi com surpresa que reconheceu que a atividade detinha certo grau de
complexidade, a qual pensou não ser condizente com seu status de estagiário, ainda
mais dada a falta de assistência que a sua companheira de sala lhe provia. Por vezes os
atalhos propiciados pela tecnologia lhe vieram, instintivamente, como meios capazes
de aumentar sua produtividade, evidente que tais instintos não encontravam efeito
algum, afinal, não havia sequer um computador na sala toda.
Ainda no início da tarde, enquanto sua atenção se dividia entre suas tarefas
habituais, sua colega lamentosa e a solução para a enigmática situação que vivia, o estagiário
notou como o dia estava movimentado, algo raro naquela sala. Lembrava-se
muito bem que, nesses dias mais intensos, o telefone tocava ocasionalmente, e havia
um fluxo regular de pessoas que entravam timidamente para perguntar “o doutor se
encontra?”, olhando para a porta que dava acesso à sala privativa.
Naquela tarde, as primeiras ligações passaram desapercebidas pelo rapaz, que
trabalhava de forma vivaz, no entanto, notou quando um dos primeiros excursionistas
apareceu, questionando o paradeiro de seu superior. Normalmente não lhe
cabia atender ao telefone ou àqueles que visitassem a sala, Lívia era encarregada de
atender ao público, tarefa que desempenhava com um pouco mais de ânimo do que
as interações com o aprendiz. A insólita ebulição de pessoas e telefonemas pela qual o
ambiente passava levaram o jovem a desconfiar que, talvez, a resposta que procurava
poderia residir nessa anomalia.
Assim, o rapaz começou a reparar como as respostas de Lívia eram similares,
não importava se eram direcionadas àqueles que telefonavam ou aos que buscavam
pessoalmente encontrar com seu chefe. “Nossa… Ele acabou de sair”, “Ele saiu pro
almoço, já deve estar voltando”, foram algumas das mais usadas no início da tarde,
e progressivamente começaram a se alterar para “Ele deu uma saidinha pra resolver
algumas coisas, alguns minutos e ele chega”, conforme avançava o horário.
O jovem estranhou as respostas da servidora, afinal, como ele logo verificou,
uma luz emanava por debaixo da porta da sala privativa. Enquanto olhava a fresta
luminosa, o agora estagiário permitiu que um pensamento viesse a sua mente, recordando-
se da época que agora revivia, “nos anos que passou ali naquele prédio,
quantas vezes havia visto o doutor Aparecido?”. Era como se ele sempre estivesse
presente, mas não se lembra de vê-lo tanto assim, talvez a foto pendurada na parede
permitisse essa sensação.
_ Perdeu alguma coisa? Por quê está olhando pro chão desse jeito? Melhor se
concentrar ou vai errar aí, hein! _ Lívia o repreendeu, de forma atônita, percebendo
seu fascínio com a fresta da porta.
“É isso!” pensou o jovem, certo de que encontrara a única explicação para
os estranhos eventos que estava vivenciando. “O motivo para ter regressado a esta
data tão inexpressiva e desimportante só pode estar relacionado a um erro! É a minha
chance de corrigir o que quer que tenha sido, voltar nesse momento não é uma
punição, é uma benção!” pensou, deixando sua surpresa transparecer um pouco em
seu olhar.
_ Ah, sim, desculpe _ disse percebendo que não respondera sua colega de sala
_ Eu já estou quase acabando, acabei me distraindo lembrando dos horários das aulas.
_ despistou a funcionária, cuja resposta foi virar o rosto com um olhar de descrença.
“Um erro! Tudo que tenho que fazer é encontrá-lo e tudo isto acabará!”,
motivou-se o rapaz. Em seguida, começou a repassar todo o trabalho desenvolvido
naquela tarde, reparou, contudo, que a movimentação da sala começava a diminuir,
como a calmaria que segue a tempestade, parecia que tudo estava se alinhando para
que pudesse resolver aquele mistério. Alguns minutos mais tarde, a paz que se instalava
foi finalmente violada por uma batida na porta.
_ Boa tarde senhora, tudo bem? _ anunciou Seu Divino ao entrar na sala de
forma destemida, dirigindo-se à Lívia _ Eu queria apenas chamar o rapaz ali para
tomar um café. Garoto, só você não foi lá lanchar, larga o serviço por alguns minutos
e venha, também precisa repor as energias. _ disse ele se dirigindo ao rapaz.
“Meu Deus, agora não, por favor! Ainda não consegui terminar de revisar
todos os trabalhos”, pensou, enquanto Lívia consentia na sua saída.
_ Acho que hoje eu não vou lanchar, Seu Divino. É que estou revendo os
trabalhos aqui antes de entregar, sabe? _ tentou dissuadi-lo da ideia.
_ Deixa disso meu rapaz, quero trocar uma palavrinha com você. Já sabe que
não há maneira melhor de conversar do que durante um café. Venha, vamos! _ respondeu
de forma que o jovem não poderia recusar.
Inconformado ele saiu da sala, e foi junto do funcionário até a copa no andar
superior. Havia alguns pães para quem quisesse se servir, e café de duas formas, uma
extremamente doce, como mel fresco, e outra amarga e com gosto de borra queimada,
ambas igualmente ruins na opinião do jovem. Ambos se serviram com o bule da
bebida amarga.
_Sabe garoto… _ começou o senhor, enquanto o estagiário desejava com todas
suas forças voltar para sua sala _ eu sei que lhe falei várias vezes para fazer um
bom trabalho, lutar bastante, e que, com certeza, isso seria recompensado. _ continuou
abrindo um sorriso amarelado.
_ Sim, eu sei _ disse o jovem impassível _ é por isso mesmo que eu não posso
demorar muito, tenho que voltar logo para poder terminar de rever tudo. _ disse
impacientemente, almejando a correção do erro que seria sua redenção.
_ Fique tranquilo, meu jovem, até hoje eu não ouvi falar nada ruim sobre seu
trabalho. Todo mundo comete uns deslizes aqui e ali, ainda mais quando está aprendendo.
Estou certo que você cometeu alguns, não é mesmo? _ O aprendiz apenas
acenou com a cabeça, sem entender como poderia estar tão próximo de consertar
as coisas, e, ainda assim, estava preso em uma conversa tão genérica. _ Mas, eu só
queria que você entendesse que… sabe, nem sempre as coisas saem como a gente
imagina. Tá me entendendo?
_ Claro, eu só preciso voltar lá e corrigir algumas coisas _ respondeu o obcecado
estagiário.
_ Eu admiro seu empenho, garoto. Mas, às vezes, isso não é o suficiente, sabe?
Principalmente, sobre aquilo que lhe falei mais cedo, sobre o cargo… ser trabalhador
nem sempre é suficiente, tem outras coisas que fazem a diferença pra gente ser contratado.
E você sabe, nem sempre tem vagas sobrando pra todo mundo.
Aos poucos, lembrou da expectativa que viveu de ser contratado, como havia
se dedicado ainda mais ao seu trabalho, esperando que talvez pudesse ganhar um
pouco mais de dinheiro. Infelizmente, como ele agora lembrava, isso não ocorreria
naquela oportunidade.
A conversa entre os dois logo foi encerrada. A cabeça do jovem agora estava
verdadeiramente revirada. “Será que foi um erro? Por qual motivo seria tão elogiado,
se um erro singular tivesse sido o responsável por quebrar sua expectativa de ser
contratado?”.
Tentava fazer sentido de tudo uma vez mais, agora descontente com a conclusão
que obteve mais cedo. Girou a maçaneta da porta e começou a abri-la quando
viu a porta da sala privativa se fechar, quando alguém saía de seu interior. Parou na
porta da sala e viu Lívia se levantar, logo a figura de uma mulher voluptuosa ofuscou
a desanimada funcionária. Era uma jovem, talvez alguns anos mais velha do que ele
naquele momento, de aparência deslumbrante, longos cabelos negros e pele alva,
como se a própria Lynda Carter tivesse saído do seriado televisivo de domingo.
_ Deixa eu te apresentar, menino, essa aqui é a Rebeca. Ela vai ser contratada
para o cargo do Seu Divino assim que ele se aposentar.
_ Olá, tudo bem? Infelizmente, eu já tenho que ir, vejo vocês em breve. _ disse
a atraente mulher.
Enquanto ela deixava a sala, o jovem reparou que a luz da sala do doutor ainda
estava acessa. Em um instante toda a confusão que habitava sua cabeça se desfez, chegou
a uma conclusão tão óbvia quanto dois mais dois são quatro. Então, uma revolta
que nunca antes habitara seus pensamentos passou a dominá-lo. Em um instante o
jovem pulou em direção a porta da saleta, a servidora ainda esboçou uma reação,
tentou proferir mais uma de suas declarações prontas sobre a ausência do doutor,
sem conseguir, contudo, parar o rapaz.
Ele se enfiou na sala mesmo com a advertência da servidora, em sua cabeça
agora estava certo de que nunca havia visto o doutor em pessoa, mas conhecia sua
aparência, ao menos pela foto pendurada na outra sala. O que estava ali, definitivamente,
não era o homem que esperava ver. O que estava ali, na verdade, não era
homem, não era sequer humano.
Diante do aprendiz se encontrava uma criatura de aparência monstruosa, um
emaranhado de carne e miolos que flutuava, e parecia ter notado sua presença na
sala. Apesar do espanto e da náusea que aquela massa flutuante lhe causava, o jovem
logo decidiu confrontá-la, parecia-lhe que somente assim poderia encerrar o pesadelo
revelador que fora reviver aquele dia há anos esquecido. Ele deu uns dois passos
em direção à monstruosidade, quando a porta da sala se abriu, Lívia adentrou a sala
acompanhada de outros funcionários, que começaram a puxar o rapaz para retirá-lo
da sala. Olhou para eles, tentou resistir, mas eles estavam em vantagem.
Neste exato momento, tentou fitar a criatura uma última vez, mas ela aos
poucos desaparecia, enquanto um som agudo estourava-lhe os ouvidos. Ao ser arrastado
pela porta, o jovem perdeu suas forças, era como se tivesse ficado mais leve,
sentia como se tudo estivesse ficando mais claro, claro de mais para manter os olhos
abertos.
Uma buzina rompe o silêncio. O sinal está verde há alguns instantes, mas o
sedã continua parado, alguns carros atrás já tentam contorná-lo, enquanto outros
impacientes iniciam o estardalhaço. Alguns minutos depois e o sedã continua parado,
o ar-condicionado funciona com força, e o som toca alguns dos últimos sucessos
estrangeiros. O sinal se fecha, e o sedã continua parado. Um condutor enraivecido
desce de seu veículo, para ao lado do carro, cutuca a janela, e em sobressalto buscam
o celular, transparecendo nervosismo.
O pedestre que passou pelo carro sedã minutos antes chega ao edifício de
onde o carro saíra. Atravessa, junto de seu colega, um longo corredor, onde os dois
se despedem e cada um segue um rumo. Sobe as escadas, e entra na segunda sala à
esquerda.
_ E aí, Jorge? Tudo tranquilo? _ perguntou fechando a porta da sala.
_ Opa, e aí, João? Tudo bem, e você? _ Respondeu o funcionário, quase sem
empolgação nenhuma em ver o estagiário entrando na sala.
_ Beleza. Você sabe se o doutor está? Queria trocar uma ideia com ele sobre
um assunto importante…
_ Ih rapaz! Sabe o que é? É que ele acabou de sair pro almoço… _ respondeu
o funcionário ajeitando as mangas da camisa que trajava _ mas não esquenta não, ele
deve chegar daqui a alguns minutos, aí se ele tiver um tempo ele conversa contigo.
_ Ah, tá o.k. então _ respondeu o estagiário sem conseguir esconder uma
parcela de sua frustração.
_ João, você cuida das coisas por aqui bem rapidinho? É que eu vou ter que
ir ali no banco agora, e depois vou tirar meu horário de almoço. Certo? _ Disse já se
levantando da cadeira.
_ Claro, só que…
_Valeu hein garoto. _ falou abrindo a porta. _ ah, mais uma coisa, se alguém
ligar ou vier aqui, diz que o doutor saiu pro almoço e já deve estar chegando. Tá
certo? _ iniciou, já do lado de fora, fechando a porta.