Fantasma de neon

Sci-Fi
Começou, agora termina queride!

Conquista Literária
Conto publicado em
ACID NEON: Narrativas de um futuro próximo vol. 01

Prólogo

Epílogo

Conto

Áudio drama
Fantasma de neon
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Era isso. Havia recebido mais uma missão da Irmandade Eletrik4. Geralmente significava alguma missão de extermínio, coisa que ele odeia, no entanto também era os melhores pagamentos. Também tinha ressalvas a respeito do contratante. A irmandade era um grupo rebelde que aderia a formas violentas e terroristas para se promover e derrubar o Conselho de Gestão Lunar. Ele, Zarron, gostava de trabalhar para clientes mais discretos em seus modus operandi, ainda mais para a missão de execução. Geralmente os alvos da irmandade eram figuras eminentes, que dariam exposição a eles. Negócio arriscado, sempre. Mas também valeria a pena o pagamento.

Isso é o que poderia supor. Diferente das outras vezes, o mensageiro da irmandade, ao lhe encontrar, não lhe passou diretamente o nome do alvo.

- Você saberá quem é assim que estiver no ponto Zero, hora Zero.

Dizia.

Adiantou o pagamento em 20% de créditos. Confirmei no codec de pulso minha conta recebendo os valores não rastreáveis.

Tinha pedido 30% de adiantamento. O mensageiro, então, me estende um pequeno tubo prateado.

- Aqui está os outros 10%. Acho que uma dose espe- cial de Speed vai tornar a missão mais fácil para você.

Pensei em rejeitar. Queria estar limpo para conseguir realizar a missão. Mas, sinceramente, uma boa dose disso tornaria tudo mais fácil, mesmo. Eu fico no meu melhor quando acelerado. E, dependendo das circunstâncias com o alvo, estar nessas condições poderia ser uma vantagem para mim.

Nova mensagem no meu Codec. Dessa vez, o mensageiro transmitiu a localização do meu alvo. Nas cercanias do setor 14. Uma das áreas mais abandonadas do complexo lunar.

Estranhei a localização. Ninguém importante, pelo menos, dos alvos habituais, passaria por ali, a menos que estivesse lidando com coisas escusas. Era um greto obscuro, onde apenas viciados e gente pior era frequentadora habitual. Alguém da esfera política estaria por ali?

Mas não me caberia questionar. Eu apenas sigo ordens. Salto no Motorphase e na primeira arrancada as lâminas magnéticas falham em pô-lo no ar. Tinha que consertar isso. Um novo arranque, ruge o alternador elétrico, e as pás magnéticas finalmente se acendem por completo e coloca a moto 20 centímetros acima do chão. Encaixo o tubo prateado no respirador do capacete e prontamente uma nuvem esverdeada se esparrama para dentro dele. Uma respirada forte e ela desaparece para dentro de meus pulmões. Então arranco em direção ao Setor 14.

Atravesso os setores pelas conexões alternativas. Não ousaria pegar nenhuma mainway

Essas horas, também , certamente estariam lotadas de gente. Sigo em paralelo a elas, mas não precisaria ir por ali e correr o risco de ser identificado. O oxigênio do meu cilindro era o suficiente para dez viagens por fora das estradas envidraçadas, ambientadas, da cidade. E de qualquer forma, o acesso ao setor 14 não é feito pelas principais. Era uma área esquecida, uma das primeiras construções da colonização. Agora serve de abrigo para a marginalia.

Chego ao setor 14. Uma base arruinada. Escura. O bioma de vidro, que mantinha o local oxigenado está quebrado. Apenas alguém com seu próprio aparelho de respiração era capaz de sobreviver ali. Diminuo a velocidade da motorphase e a estaciono próximo de uma das parede destruídas que agora viraram porta de acesso a base.

Retiro meu blaster, coloco em modo silencioso. Apenas vultos passam por um momento próximo de mim, mas não dei atenção. Ainda precisava de confirmação do alvo.

O Codec dispara mais uma vez. Nova instrução: “Entre na base, procure sala de comando de som. Ali estará seu alvo.”

Entro no Setor como solicitado. Uma base arruinada, sem luz. Ligo os iluminadores de meu capacete e um ou outro vulto negro foge para longe do facho de luz. Aciono o codec para uma varredura do ambiente. Em um segundo, ele me mostra o mapa do local. Apontando para mais distante num dos escuros corredores, a sala de som.

Sigo, vagarosamente, a indicação do aparelho. Os corredores escuros, fios elétricos partidos faiscavam e jogavam um pequeno lume de palmos, mas fora isso, a lanterna do capacete era o único ponto luminoso.

Passeio em silêncio, embora ser o único ser com uma lanterna ali já chamasse a atenção demais. Não ousaria desliga- la para me tornar mais furtivo. Os poucos passos e pessoas fugiam rapidamente de mim. Viciados, provavelmente. Não desligaria a luz para ser emboscado pelas figuras. Era bom que eles me vissem ali. Era bom que eu notasse a presença deles.

No entanto, ainda não saberia dizer a quem devia executar.

Passo a passo. Ganho o corredor. Uma faísca elétrica pula muito próximo de meu visor. Reagi colocando a mão contra o pequeno estouro. Uma vertigem, repentina.

O corredor em que estava, então, começa a se tornar um pouco iluminado. Na verdade, pequenos cortes de luz nas paredes, e nas arestas. Toco em um dos cortes, e o brilho deles parecia vir de nenhuma fonte. Como se uma tinta brilhante tivesse riscado aquele ponto.

Continuo, vagaroso, a percorrer o corredor, agora brilhante. Um vulto passa novamente por mim, mas dessa vez, ao invés de uma figura sombria e difícil de determinar, vejo um fantasma brilhante, como se a mesma tinta solta na parede tivesse sido jogada em suas vestes.

Ele vai para um canto e posso acompanha-lo pela diáfana luz que começou a iluminar o ambiente. Desligo a lanterna e vejo. Estava imerso em uma noite de neon, como nos setores de casino da base lunar. Por todo o canto uma luminescência fraca, de cores mortiças, surge para transformar aquele outrora escuro e nefasto corredor em uma espécie de danceteria. As luzes não giravam, mas partiam de todos os cantos, em todas as cores. Minha cabeça começava a doer. O ambiente tornou-se mais claustrofóbico que no breu de antes.

Novamente um dos fantasmas brilhantes passa por mim. Mas dessa vez para em minha frente. Um segundo e um terceiro faz o mesmo. Estavam cobertos da cabeça aos pés por um manto claro, onde o caleidoscópio de cores halogênicas se projetavam. Um quarto, e quinto também se aproxima, pelos lados. Estava agora numa sala. Vejo o codec. A sala de som.

Confuso, a vertigem começa a ficar pior. Espero um momento a mensagem do Codec sobre o alvo que deveria ser dizimado.

Ele bipa. Nova mensagem da irmandade. Alvo: Zarron.

Era eu o alvo deles?

Tento me recompor o mais rápido possível, mas a vertigem piorava rapidamente. Algo no Speed não estava certo. Levanto meu blaster. Os fantasmas descobrem seus braços empunhando suas próprias armas.

O brilho anêmico da sala de repente explode em intensas luzes e sons de disparos.

A vertigem cessa dando lugar à uma sensação anestesiada.

O brilho de neon começa a escurecer, então. Até voltar ao breu completo.

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