Prólogo
Epílogo
Conto
Eis o próspero futuro da nação: um bando de jovens completamente bêbados
circulando em um descaso completo nessa casa fria minimalista, falando alto, rindo,
encostando nos quadros caros como se fossem uma parede qualquer, brincando com
as estátuas e apoiando copos nos livros. Livros de mesa, que tristes são os livros de
enfeite, a erudição bruta ignorante. Esse lugar é uma estrutura complexa, mas frágil,
sustentada por uns poucos slogans que nos grudaram à cabeça. Somos tão felizes. O
amor é leve, o amor é suave. O amor vai vir quando a gente menos espera. O mundo
é daqueles que vão atrás dele. Nós temos muita sorte de ter tudo isso.
Todos no limiar da saudade, só não se lembram do quê.
Descobriram que sofrer por desamor era um prazer hegemônico e para exterminar
esse vício, mudaram os nomes das coisas. Melhor, agora o amor não dói mais.
Mesmo por que não temos tempo para sofrer a falta de um alguém e nem esperar por
ele quando estamos tão ocupados indo de encontro ao mundo. Você sabe, cada um
de nós precisa ir atrás dos seus sonhos e seus sonhos devem ser nobres. Que sorte a
nossa.
Talvez estejamos mesmo felizes, agora e talvez e não todos. No fundo, a sorte
é de todos os que tem a chance de não ser a gente, estamos felizes somente quando
e onde podemos não ser a nossa vida cotidiana. Digam que eu sou ingrata, repitam
bem alto. Pelo menos, eles não sabem que estão perdendo, enquanto nós ganhamos
sem ter cabeça para dormir anoite. Ao correr em disparado nessa avenida de mão
única, com nossos carros sofisticados importados, sem lembrar que ela dá para indiferença
de uma rua sem saída.
Eu assisto a tudo isso tentando me convencer de que eu sou mais. Se concebe
tão grotesca a ideia de fazer parte disso. Pior ainda pensar que isso é a única forma,
será que eu saberia compor esse culto às coisas como membro permanente?
Alguém sentou do meu lado. “Você é muito bonita”. “Eu sei, também acho”,
eu respondo e ele ri. Eu sorrio, olho no espelho do outro lado da sala, a minha cintura
minuciosamente curvada, a barriga aparente bronzeada, os ossos por debaixo do colar
colorido, os ombros brilhantes, meu cabelo dourado e os cílios enormes, compõe
uma figura encantadora e eu celebro isso com uma vaidade vermelha deliciosa. Não
sou muito mais do que as coisas que a gente cultua, certamente o suficiente para que
eu me encaixe no grupo de meninas bonitas para alguns gostos e tipos. Ele ainda me
encara curioso e achando graça em toda a situação, enquanto eu jogo meu cabelo de
um lado para o outro e sorrio para o meu próprio reflexo no espelho. “O que você
está fazendo? ”, ele pergunta, se aproximando mais. Olho para ele: “Pensando no
quanto você tem razão”. Ele riu mais uma vez, de uma risada pejorativa e debochada
(antes de me beijar disse que eu não sou melhor do que ninguém).
Eu divido os meninos que eu gosto em dois grupos, há aqueles como você,
intelectuais, que me tratam como se eu fosse uma obra de arte, valorizam os meus
talentos, tem gostos parecidos com os meus, estão sempre por perto, acham que
me amar já é em si um privilégio, aqueles que seriam perfeitos para eu me apaixonar,
mas nunca acontece. Os outros são as paixões, meninos estúpidos, sem muito
conteúdo, charmosos e maiores que eu, que sabem que eu não sou melhor do que
ninguém, que gostam de mim, mas preferem as que são menos ainda, gostam de
mim quando eu sou menos. Mesmo assim, para eles eu serei sempre demais, exagero
um pouco, é assim que funciona: o único amor que dura denso apaixonado é aquele
que não é correspondido. Cada vez que eu escolho um desses dois tipos eu digo algo
para mim e para o mundo. Se eu ainda escolhi o segundo tipo nessa noite, é por que
ainda há tempo.
Depois, eu ainda saí do meu isolamento introspectivo para lidar com as pessoas.
Os jovens se organizam em rodas e o desafio é manter um assunto interessante
o suficiente para que elas não se desfaçam, e que seja atraída cada vez mais gente.
Panis et circenses. Isso acontece assim e dessa forma, já que todos são tão desinteressantes
e insuportáveis, que qualquer diálogo que valha alguma coisa chega a ser uma
relíquia em lugares como esse, é melhor ser aplaudido como aberração do que vaiado
por não ser nada.
Todos estavam bêbados e pouco importa, decidi perguntar o que querem
fazer da vida, quem sabe assim eu obteria uma boa resposta sincera, teria algumas
ideias minimamente boas.
Triste foi ouvir inúmeros cursos de graduação e opções de carreira, triste é
quando nem o álcool melhora a concepção de vida das pessoas, nem toda uma farmácia
nos vasos sanguíneos dessa geração faria diferença mínima. Ninguém nunca
largaria a escola, se tornaria astronauta, ou se deixaria levar pela corrupção do mundo,
não. O que querem fazer da vida se resume em uma palavra, nem toda a ciência
e a filosofia foram capaz de explicar a vida, mas a gente define em uma palavra. A
overdose não mata mais, tudo evoluiu para que a gente a tolerasse com gosto, e como
toleramos. Engenheiros inúteis, médicos e economistas e advogados, inúteis todos
eles, por que fazem isso da vida, fazem da vida isso e não se deve fazer da vida nada
que possa ser resumido em uma palavra pouco lírica.
Eu não tenho a mínima ideia, será que a errada sou eu? Às vezes, eu me sinto
como as bonecas que eu um dia cansei de brincar, sou tão sozinha, assisto a toda essa
gente e se não for real certamente eu me arrumei demais para a ilusão efêmera. É só
que. Não sei. Eu não quero crescer, eu tenho medo de me tirarem de mim, eu tenho
muito medo.
Na verdade, eu só rio das respostas e continuo fazendo o meu showzinho e
implorando pela sua atenção, por que sei que você me odeia, mas me ama mesmo assim.
Você finge que não me vê, na verdade, eu sei que me repara muito bem— quando
eu quero eu sou sempre percebida, minha presença pode ser tão sorrateira quanto
espalhafatosa, nunca duvide de uma menina que não tem nenhum bom motivo para
fazer tudo o que faz.
Já reparei que não costumo chamar as pessoas pelo nome, é uma forma de
não olhar nos olhos? Meu comportamento é sempre tão falsificado, plagiar uma felicidade
absurda foi um costume que eu me habituei e hoje existo como se viver fosse
natural.
Uma vez li que a mentira é sempre uma espécie de infidelidade. Então está
bem certo e confirmada a minha tese de que a infidelidade é hegemônica. Mentimos
em média 200 vezes por dia para os outros, sabia? A vida é só uma porção de mentiras
que a gente escolheu acreditar, mais as que a gente conta para os outros. Acreditar
na verdade é a maior ingenuidade já proclamada, ainda tem gente que acredita. A
mentira, essa mentira, e os jovens organizados e preocupados com o mercado de
trabalho é o lixo que a gente recolheu das ruas e ensinou nas escolas.
E a infidelidade, meu deus, nunca reparamos que a coisa menos natural no
mundo é ser fiel? Não que isso faça com que pese menos, é só que trair não é um
desvio, é o caminho mais óbvio. Eu nunca fui fiel a nada e mentiria todas as vezes
sem nenhum pudor, me orgulho disso. Como um funeral e todos condenam a humanidade,
mas ninguém sabe quem foi que matou o mundo.
Pelo menos, alguns de nós ainda se apaixonam, é comovente sim. Paixões suaves,
que ajudam a viver. Se apaixonar todos os dias talvez seja a única saída. Amantes
também existem em um número razoável, o que é bom também. O que faltam
mesmo são os amantes apaixonados, triste, mas tudo bem, eu sei que nem todos
estão prontos para pular do oitavo andar, ainda mais hoje em dia quando e onde o
sofrimento nunca vale a pena, a vida não deve ser nociva. Você sabe, eu sempre vou
te amar, mesmo apaixonada por outros alguéns, o amor não acaba, algumas lágrimas
escorrem e o relógio corre e as coisas passam, o amor vai embora, perde, mata e
morre, apesar disso, só se transforma, o amor, se é amor, nunca acaba.
Para mim, o amor é aquilo que existe apesar. Por que era ele, por que era
ela, por que era eu e assim por diante. Todo o outro lado. É um negócio que a gente
guarda com a gente, só para seguir tendo o que carregar. A paixão não, ela é essa coisa
louca, que o gosto avoluma, o corpo estremece e o cheiro aperta o peito com uma
voracidade inata, a paixão é o gosto bom que o oposto tem, sempre um gosto bom,
ainda que a gente prefira o amargo, o doce, o azedo, o salgado, ou o quinto sabor. A
paixão descontrola e desconsola. O amor existe apesar de o gosto não agradar mais, o
amor dorme sempre ao lado, diferente das paixões eloquentes, que vivem sempre na
dor bonita que o sexo atrás, o amor também é muito vivo na solidão das noites frias,
sem aquecer nem nada. Na paixão, a gente se convence temporariamente de que a
vida é uma festa, o amor nos convence para sempre de que a vida pode ser razoável e
na maioria das vezes isso basta. Nunca conheci um caso real de dois amantes apaixonados
eternos, acho que essas duas coisas quando combinadas resultam em verdadeiros
assassinos, se convertem em bichos perigosos, mas eu tenho um pressentimento
de que se soubéssemos de perto como é essa forma de insanidade, também teríamos
toda a coragem para enfim sermos nós mesmos. Eu só vi na literatura e no cinema,
mesmo assim, já aviso de antemão que venderia a minha alma ao diabo se me dissessem
que existe sim. Enquanto isso, sigo com a certeza de que o único amor que
dura é aquele de janelas de serenatas caladas, o que atira céus abertos e cai no deserto.
Persiste enquanto amor, somente quando parte da paixão desalenta.
O que você vai fazer da vida, também não sabe, aposto. Somos perdidos, somos
essa espécie de perdição, pois amamos mais do que nos apaixonamos, seremos
sempre uma boa história para contar. Me vem um nó na garganta. Talvez seja hora
de ir embora daqui.
A volta para casa foi muito agradável. Ficamos todos quietos, eu, uma amiga,
você e alguns amigos seus no carro. Eu adoro percursos longos, eu estava meio
dormindo, a rua se misturava em um bonito devaneio, as luzes borradas ficavam tão
lindas, a rua vazia é mais cheia do que eu, não quero chegar em casa. Você devia pensar
que eu estava dormindo, ficava me olhando fixamente, como se ninguém pudesse
vê-lo. Não chora, amor.
Quando eu te perguntei se você gostava da sua namorada, você disse que sim
e segurou na minha mão como que respondendo que é bem óbvio que gostar não
basta. É tão ruim quando eu deixo de ser um problema meu.
Chego em casa e reparo no espelho do elevador que eu não sou tão bonita
assim. Não sou.
A minha vaidade é tão abominável assim? A minha autoestima desmedida,
meu orgulho absoluto, a minha certeza de que eu sou melhor? Eu só tenho plena
convicção de que sou boa, não preciso de ninguém, não quero precisar de ninguém.
Sozinha eu sou mais, sozinha eu posso tudo. E todos ajudam a criar esse monstro,
reafirmando a minha superioridade e ainda assim eu preciso existir como se toda
essa gente importasse (por que importa). A verdade é que eu gosto de ser abraçada e
de algum carinho, mesmo não tendo ideia de como retribuir. Todas essas coisas que
eu escrevi na cabeça, um monte de palavras, mas eu não sei como começar e onde
acabar. Talvez eu só seja meio estúpida por não admitir uma porção de coisas, eu
sinto muito, mesmo, acho que digo isso como justificativa e também como pedido
de perdão.
Eu costumo sonhar com rosas vermelhas. Não importa o que aconteça, eu
sempre ganho rosas vermelhas, mas a atmosfera, longe de ser romântica, é sombria,
densa e embaçada. As rosas vêm como uma espécie de aviso e é assustador o olhar
das pessoas que entregam as rosas. As rosas vermelhas. O vermelho é a cor mais densa,
é o tom mais amargo de todos os tons. Às vezes ainda, ressoa uma trilha sonora
desafinada e gritante: meus sonhos são acompanhados de baladas bregas. Sempre
assim, eu me deparo com um lugar qualquer que eu já frequentei e toca baixinho
uma melodia distante, às vezes sussurrada por alguém, outras entoada por algum
instrumento, e porventura só a se confundir com o barulho do vento. As coisas são
quase descoloridas, as pessoas também, mas tudo segue aparentemente normal, uma
situação normal, até que alguém me dá uma rosa vermelha e o vermelho é a única
cor viva e que ataca, todo o resto permanece quase que em preto e branco. E quando
eu toco nos espinhos, algumas gotas de sangue respingam e mancham meu vestido
branco, aí eu reparo que estou vestida de noiva. Nisso, a música passa a crescer até
se tornar insuportável e todo o resto continua normal e a olhar para mim como se
eu fosse estrangeira segurando a rosa vermelha. Tem algo pegando fogo também,
aliás é como se a própria música pegasse fogo e eu acabo olhando para a fogueira me
confundindo com qualquer coisa que também arde em chamas.
Acordei assustada com o barulho da chuva, mas era só um tiroteio na rua de
cima. Já é quase de manhã e tudo ainda é deserto. Levantei-me da cama, da cama das
tempestades e do deleite do grito, dos pesadelos enchentes e dos estrondosos ruídos,
do trovão ardente, das circunstâncias violentas e olhei para o rio. Como um rio seco
é a mesma coisa que nada, o rio está em toda parte, salvo o fato de estar seco.
Eu gosto do caminho para a escola, eu gosto de todos os caminhos, prefiro ser
meio do que fim. Sobre esperas em geral: eu tenho um apreço enorme pelos trânsitos
infernais, por atendimento ruim, pelo tédio irremediável, em suma, pelas horas gastas
bestamente. Como se a arte de perder não fosse nenhum mistério, não é mesmo
nada sério. Nenhum compromisso pode ser mais urgente do que essa espera que é
o estar-entre. A ação e a praticidade me parecem muito mais tediosas, enquanto o
pacato é tão toscamente sagrado e sincero (como eu). Que perfeita é a nossa estranha
condição de demora. Não quero chegar a lugar nenhum.
Não me importo muito com a escola em si, quer dizer, às vezes eu gosto sim,
mas na maioria do tempo é como se eu não estivesse mesmo lá. Se soubessem que eu
sou mais ausente do que todos os alunos que não vão às aulas, há tempos que eu teria
repetido por falta, por ter faltado comigo, com aqueles que sentam perto e com os
pobres professores que merecem muito mais. Eu gosto da ideia de ensinar, mas tenho
medo do que alguém que aprendeu as minhas lições pode fazer consigo mesmo.
Sempre assisto às aulas na defensiva, como se todas as autoridades tivessem como
objetivo único me convencer de algo absurdo. Que absurdo, tenho uma guerra em
mente e ainda costumo achar o meu campo de batalha mais seguro, morro de medo
dos acordos de paz.
Vi você passando do outro lado do pátio com uma rosa vermelha e já me
assustei, arrepiada. Não, não era um pesadelo, que bom, penso com todos os ossos
do meu corpo tensionados. Ainda assim, é um aviso. Talvez o que nos falte seja justamente
aquela decadência das baladas bregas. Doces pecados, torturas do amor, não
creio em mais nada, ainda bem que tocou essa música suave. Coração de papel, hier
encore, la solitudine e que tudo mais vá para o inferno.
Eu queria que as flores não doessem.
Homens: gosto das cores de suas roupas; do jeito deles andarem; da crueldade
de certas caras. Vez por outra, vejo um rosto de beleza quase pura, total e completamente
masculina. Eles levam vantagem sobre a gente: planejam melhor as coisas, são
mais organizados. Enquanto só as mulheres escrevem cartas (uma metáfora que eu
ainda não descobri o que significa, mas parece funcionar), eles, os homens, pensam
na gente, concentrados, estudiosos, decididos: a nos aceitar, a nos descartar, a nos
trocar, a nos matar ou simplesmente a nos abandonar. No fim das contas, pouco
importa; seja lá o que decidirem, a gente acaba mesmo na solidão e na loucura.
Vi um par desses sapatos assim postos e adiante colocados, no concreto batido
surrado, parado no meio-fio em plena Presidente Vargas. E, ao me perguntar, por
quê por nenhum caminho caminhavam, vi que os tais calçados estavam descalçados
na calçada, não estavam sendo usados, como se estivessem alheios cansados de serem
calçados por meias descasadas. Nesse caso, não há dúvida, foi o homem que se perdeu
e não os sapatos que foram perdidos por qualquer sujeito desajeitado. Como não
amar os sapatos dos homens invisíveis? Só contam a versão das meninas que perdem
seus sapatos de cristal, esses sapatos pretos, sujos, surrados, quase que desaparecendo
na rua cinzenta são a mais dura história silenciada.
Eu preciso fazer alguma coisa, mas ao entrar no departamento dos achados e
perdidos não sei mais se sou achada ou perdida e um desespero me desabada em uma
tacada só. Todos seguram rosas vermelhas. Nos campos de concentração nazistas os
prisioneiros usavam sapatos em tamanhos trocados. Vestir os sapatos dos outros é
sempre uma experiência torturante à qual ninguém deveria ser submetido à força.
Meu deus, onde está o homem invisível dos sapatos? Enquanto eu penso, corro louca
tentando procurá-lo e todos seguram rosas vermelhas e querem que eu as receba de
bom grado. Olho para baixo e a minha sombra se desgrudou dos meus pés, meus pés
que também estão descalços e furados (será mesmo impossível fugir do nosso próprio
destino?). Piso no chão frio, mas não sinto nada, além do cheiro de queimado.
Todos destroem os sapatos com suas tochas e armas, bem seguros de que os
perdidos devem ser eliminados, para que os outros se achem minimamente. Eu já
aceitei um buquê completo e os espinhos me rasgam a pele e o vermelho se esvai
pelos meus pés pelados, eu caminho rumo ao altar para jurar o amor na saúde e na
doença, tudo se estilhaça em cacos. O fogo queima cada vez mais ardente, não ouço
as baladas bregas, só gargalhadas ocas passivas e balas perdidas. Em algum lugar na
multidão enxergo seus pés também descalços, amor. Se eu dissesse que não sabia que
tudo acabaria assim, estaria mentindo. O céu fica sempre nublado, mas não chove,
eu gostava de você por que você tinha cheiro de terra molhada apesar do deserto que
a cidade se consolidava. Não, os sapatos eram seus, você era o homem perdido e eu
não consegui te encontrar a tempo. A rua dói vermelha, as rosas densas vermelhas.
Como não amar os sapatos dos homens invisíveis? Como não amar?