Prólogo
Epílogo
Conto
Ego Tragando seu cigarro inodoro com cautela para não ser preso novamente pela lei de antitabagismo, o fotógrafo Jacob Crawler, estava à espreita em meio a enormes tubulações de esgoto que se entrelaçam pela periferia da Cidade da União, para flagrar alguma movimentação ilegal da Frente Liberal, um grupo de revolucionários que buscam descentralizar o poder do maior bloco de países do mundo a ONOM (Ordem Novo Mundo). Fechando seu olho esquerdo e gesticulando suas mãos, Jacob dá comandos de zoom para a câmera implantada em seu olho direito até encontrar dois integrantes da Frente Libertária. Eram dois jovens com não mais que 40 anos, carregando enormes caixas para uma van, provavelmente armas de fogo, Jacob reúne as provas em filmagens e fotos salvando os arquivos em seu próprio implante ocular. ― Perdi meu olho verdadeiro como preço dos pecados e vícios que cometi, é nessas horas que eu vejo que valeu a pena ― sussurra em tom irônico para ele mesmo. Sem ser visto pelos rebeldes ele se esgueira por vielas com esgoto a céu aberto, diferente da iluminação artificial que simula o dia no centro da cidade, a real luz cinza do dia pouco ilumina os barracos e antigas construções. Após pas- 148 sar por uma ponte que cortava um gigantesco duto de esgoto Jacob retorna a estrada que leva até o centro da Cidade da União. A estonteante luz coral avermelhada emulando o pôr do sol tocava sua pele quando Jacob desceu de um ValtA ( Veículo autômato de Aluguel). Acima do parlamento hologramas luminosos alertavam sobre chuva, não chovia de verdade há décadas, essa chuva assim como a luz ultravioleta também era sintético, emitida pelos mesmos drones que emulam o lindo crepúsculo artificial. Jacob chega ao Departamento de Polícia. Ao subir as escadas da entrada ele é abordado por um droid de monitoramento. ― Jacob A. Crawler, registro n° 49788 003, ficha criminal; autuado por uso de tabaco, acusado de envolvimento com o tráfico e jogos de azar… ― a ficha criminal e documentos de Jacob projetam na tela de LEDs frontal sobre a cabeça do droid. ― Sem provas sem crimes! Quanta mágua, isso foi há uns 30 anos ― Debruçando sobre o robô Jacob o interrompe ― posso falar com meu “amigo” Inspetor Claude? Tenho em mãos um presentinho que ele vai amar. ― Como ainda tem coragem de aparecer aqui Crawler? ― repentinamente a imagem do Inspetor Claude é projetada na face do droid, um homem robusto e de pele negra. ― Me convide logo pra entrar e tomar um chá, vim pela recompensa sobre informações do grupo “terrorista” Frente Libertária. Ao entrar na sala de investigações Jacob olha com atenção para toda a sala e enquanto toca em pastas com seu braço mecânico e olha ao redor, ele conversa com Inspetor Claude. ― Sem ressentimentos, fiquei recluso apenas por 15 anos! Mas vamos direto aos negócios aqui estão os arquivos. ― Jacob visualiza em seu implante ocular o menu, e através de gestos seleciona a opção de enviar arquivos. ― Não me faça de bobo! O prendi por tabagismo pois foi a única brecha que deixou. ― Bravejou Claude esmurrando a mesa enquanto transferiram a recompensa para Jacob. A chuva artificial exalava um cheiro específico, a única coisa não sintética era a escuridão da noite onde o neon das luzes da cidade davam vida e contorno a ela. Com seu casaco sobretudo encharcado, Jacob Crawler chega em Neon Bird, lugar onde vão todas as classes sociais, o bairro mais vivo durante as noites da Cidade da União. Disputando espaço com centenas de pessoas passando por letreiros luminosos que piscavam em frequências quase hipnóticas, hologramas vibrantes, ambulantes e barracas de todo o tipo. Finalmente Jacob está de frente para o Edifício Huanlong. Por de trás do restaurante fino funcionava uma grande casa de jogos e apostas, onde Jacob devia milhões de créditos. De forma brusca é recebido e escoltado por dois seguranças asiáticos, um homem e uma mulher completamente tatuados, algo comum na máfia Kyokatsu. ― Que mãos fortes amor, queria sentir essa pegada em outra ocasião. ― Flerta sem sucesso algum com a segurança de cabelo estilo moicano rosa. Ele é levado até a cobertura, decoração oriental e altares budistas, paredes de vidro davam vista para Neon Bird que mesmo esfumaçada pela chuva ainda era igualmente bela. ― Veio me entregar o outro braço Sr. Crawler? ― Com voz séria o líder da máfia Kyokatsu aponta uma katana samurai para o braço restante de Jacob. ― Já não basta ter me amputado o direito? Como bem sabe sou canhoto, e vou precisar dele. Vim lhe pagar o que devo, Yagami. ― Responde Jacob amigavelmente enquanto transfere os créditos que deve para Yagami. Onde está o restante? ― Fechando seus olhos,Yagami nota que falta uma parte da quantia. ― Como restante do pagamento tenho informações sobre investigações sendo feitas... ― Jacob é interrompido enquanto claramente tentava ganhar tempo. ― Segurem ele ― de maneira calma Yagami assume postura de ataque com a espada ― o senhor desonra minha casa com suas trapaças e mentiras, leva milhões de meus créditos e mesmo após perder um braço ainda tem palavras para tentar me ludibriar? Agora pagará os seus pecados com a própria vida. Imobilizado de joelhos era o fim de Jacob Crawler, Yagami executa o golpe, ao invés de carne sendo cortada, o som foi de lâmina riscando em aço. Com a força de seu braço protético Jacob consegue derrubar o capanga que o imobilizou e ainda aparar o golpe da espada! Em resposta, a segurança com cabelos cor de rosa abriu fogo contra Jacob, lhe dando como única saída atravessar a parede de vidro com um salto. Estilhaços de vidro o arranhavam e em queda livre o tempo parecia parar, por sorte uma barraca amorteceu sua queda, em instantes desaparece no mar de pessoas chamado Neon Bird. Pecados “... O messias nos guiou rumo à vitória na última guerra, agora guia nossa nação, toda a glória á Köehaein…”. O claustrofóbico apartamento de Jacob Crawler cheirava a whisky barato e fumaça filtrada, em sua parede a TV holográfica projeta a programação religiosa estatal. Enquanto aplicava curativos de cicatrização instantânea, Jacob pensa à quem recorrer como fiador, afinal a qualquer momento a Kyokatsu vai encontra-lo. ― O grupo terrorista “Frente Liberal” ameaça nosso governo perfeito, isso não ficará impune, pois quem desafia a Köehaein desafia ao próprio Deus ― pela TV holográfica o discurso do presidente exaltando o líder messiânico deixa bem claro quem realmente governa ONOM ― Querem sujar nossas mentes com fantasias como Aliens ou seres mais evoluídos de outros planetas! Balela! O ser humano é o ser mais perfeito de todos, nenhum outro animal tem expectativa de vida de 150 anos. ― 300 anos de teorias e nada que comprove existência alienígena, milhares de anos e nada que comprove Deus, 86 anos e todos conhecem Jacob Crawler, prefiro acreditar em mim. ― sussurrando desliga a TV Holográfica. Jacob se lembra de alguém que pode ajuda-lo, e imediatamente entra em contato com Finch Lester um velho amigo com vasto conhecimento do submundo. No mesmo aparelho holográfico que antes projetava as imagens da TV, Jacob executa alguns gestos com sua mão direita, através de reconhecimentos gestuais o aparelho faz uma ligação para Lester que após alguns toques atende a Holo-conferência e sua imagem se projeta no apartamento como se estivesse presente. ― Quanto tempo J. Crawler! Como vai o olho direito? ― pergunta Finch sorridente. ― Melhor do que nunca, essa belezinha agora possui 2.000 megapixels ― orgulhoso Jacob mostra sua prótese ocular, e continua ― É bom te ver Finch, mas preciso de ajuda. ― Não posso te emprestar mais crédito nenhum cara ― Finch suspira. ― Vamos lá Finn, Não há nada que possa fazer? Eu topo qualquer coisa, não quero perder mais um braço OU A VIDA ― transpirando, Jacob tenta um sorriso. ― Está bem J. , eu ouvi sobre algo mas não entraria nessa se eu fosse você ― Finch o alerta de maneira séria― Envolve um laboratório clandestino de genética, mas o pagamento é bem alto. Aqui está o endereço. De volta á periferia, dutos de esgoto dificultam a passagem pelas vielas. O olhar de jovens baderneiros intimidava, porém não mais que o de qualquer outro morador. Ao chegar no endereço dado por Finch, Jacob é recebido com receio por alguém misterioso. ― “O cinza do céu é mais denso que o negro da água”― após acertar a senha a porta se abre. Uma pessoa de baixa estatura com um capuz o recebe e lhe conduz pelo barraco até entrarem no sótão onde funcionava um laboratório improvisado. ― Deite-se na maca por favor ― retirando o capuz, o misterioso contato de Finch Lester revela ser uma linda e delicada moça de cabelos curtos e brancos ― Assine aqui . Como de costume ao ver uma garota bonita, esboçando um sorriso cafajeste Jacob Crawler começa seus gracejos, enquanto assinava na projeção do contrato. ― Não costumo me deitar com garotas sem saber o nome delas ― deitado, Jacob fala de maneira mansa. ―Astara ― ela responde rapidamente aplicando um aparelho em suas pálpebras esquerdas para não se fecharem. ― Cuidado só tenho esse olho ― diz ironicamente enquanto ela raspava uma camada milimétrica da cavidade ocular ― não vai aplicar a anestesia? ― Já foi aplicada ― de poucas palavras, Astara tinha um diferente sotaque. ― Já terminamos por hoje, a segunda parte do procedimento será semana que vem, como descrito no contrato você receberá os créditos após concluí-la. ― Uma semana? ― surpreso e desapontado Jacob exclama ― Isso se eu ainda estiver vivo, mas me diga do que se trata esses testes? ― Após séculos usando anticoncepcionais e inibidores hormonais, a raça humana agora enfrenta um grande índice de infertilidade, como defesa contra auto extinção em pouco tempo a biologia humana aumentou significativamente sua expectativa de vida. Esse estudo pode mudar os rumos disso pois a tendência é a taxa de natalidade chegar a zero. ― Nunca parei para analisar isso, levando em conta que realmente o governo e os dogmas de Khöehaein, estão sempre criando leis e restrições para não termos filhos ― Jacob se levanta com dificuldade e não possui forças para se manter de pé ― Você está sem forças, eu te dou uma carona, tem para onde ir? ― Astara pergunta. ― Na verdade hoje dormirei em alguma marquise, pois tenho certeza que se voltar ao meu apartamento estarei morto. ― Se quiser pode passar uma noite comigo no hotel em que estou hospedada, você não pode morrer até terminarmos os procedimentos. ― ela parece preocupada em não conseguir terminar o experimento. O quarto presidencial no South Bay Hotel era bem luxuoso, com vista para a Praia Artificial tipo de ambiente em que Jacob não costuma frequentar, ele já se acomoda acendendo um cigarro e tirando de seu sobretudo um cantil metálico de whisky. ― Que indelicadeza a minha, aceita uma dose? ― sentado no sofá Jacob oferece o entorpecente ― Eu nunca bebi antes, mas eu aceito. ― Segurando o cantil de maneira esquisita Astara toma um gole. ― Nunca ouvi esse sotaque antes da onde você vem? ― De bem longe… ― pensativa, responde a moça. E Jacob assente em sinal afirmativo com a cabeça sem se aprofundar em sua pergunta. Alguns minutos de silêncio pairam entre os dois. Astara contempla da janela a fina chuva que cai lá fora, Jacob visivelmente embriagado terminava seu whisky. O silêncio então é quebrado por Jacob. ― Bem o assunto está ótimo, mas eu tive um dia intenso e preciso de um banho, onde fica o banheiro “amor”? ― sínico Jacob segurava risos. ― No final do corre... Hic* ― um soluço involuntário a interrompe. Por ser muito branca, seu nariz e bochechas coram em um tom carmesim, a bebida forte parece tê-la deixado alta. Jacob segue para o banheiro. Mais alguns minutos se passam e Jacob retorna à sala com apenas uma toalha branca enrolada em volta de seu corpo de seu quadril para baixo, cabelos molhados e algumas gotas d’água ainda sobre seus ombros. ― Espero que não se incomode, usei a sua toalha. ― Ele brinca. ― Seu banho foi agradável? ― Pergunta a moça com um sorriso brincalhão em seu rosto ao perceber como a toalha era pequena para ele. ― O melhor banho que tive em muito tempo. ― Afirma Jacob. Astara passa por Jacob até o banheiro e retorna com uma toalha de rosto em mãos. ― Não secou totalmente a água… ― Ela lhe avisa e prontamente está em frente a ele secando as gotas de água que ainda haviam nos ombros e braços de Jacob. Ele apenas fecha os olhos ao sentir aquele toque feminino e leve sobre a sua pele de forma que, ele não sabia como, mas ela o fazia relaxar toda a tensão muscular que havia em seu corpo. Era como se todos os problemas houvessem desaparecido e apenas aquele momento importava. Astara deixa a toalha de lado e com as mãos sobre os ombros de Jacob, ela se coloca na ponta dos pés para beijá-lo, e ele retribui com carinho o gesto da moça. Os dois caminham para o quarto onde trocam algumas carícias e por fim o auge do prazer é consumado. Para Astara fora a primeira vez, para Jacob a melhor que já teve em toda sua vida. Altruísmo Jacob e Astara são acordados por barulhos de tiro, rapidamente Astara contata a recepção para ver o que estava acontecendo, as imagens holográficas mostravam os recepcionistas debruçados mortos no balcão de atendimento banhado por sangue. Assustada Astara muda para as imagens do corredor onde pelo holograma vê homens da kyokatsu rumo ao seu apartamento. Antes que pudesse fazer qualquer coisa a porta de entrada de seu apartamento explode em pedaços por um tiro de plasma, Yagami entra com uma pistola em em punho. ― Pensou que poderia escapar do seu destino? Tenho olhos por toda cidade, Sr. Crawler seus pecados devem ser pagos ― Apontando sua pistola na direção de Jacob, Yagami dá espaço à quatro capangas entrarem. Seu dedo indicador ornamentado por anéis de ouro desliza pelo gatilho. Ao puxar o gatilho sua arma não dispara e uma força quase que gravitacional a puxa de sua mão, pairando no ar a pistola aponta para Yagami. ― Abaixem as armas, e saiam agora! ― Grita Astara que com uma mão em sua testa parecia levitar a pistola com a força de seus pensamentos. ― O que estão esperando? Atirem! ― Yagami dá ordem aos seus homens. Com um simples gesto Astara esticando seu braço e abrindo suas mãos, fez com que todos que estavam no quarto de Hotel subitamente caíssem desacordados. ― O que foi isso? Se não me explicar o que está acontecendo, eu estou fora desse maldito experimento. ― Impactado e com olhar de medo, algo raro na vida de Jacob, ele indaga Astara. ― Os tiros chamaram a atenção da polícia, o governo de Köehaein deve estar nos monitorando agora. Venha vou lhe mostrar algo ― ela o leva para o quarto, agora que seu experimento secreto está em risco. Astara retira de uma das gavetas um dispositivo esférico, tecnologia que Jacob nunca tinha antes visto. A esfera produz um feixe de luz âmbar e subitamente eles são transportados para uma sala branca com arquitetura minimalista. ― Jacob me perdoe por te envolver nisso, não achei que seria necessário lhe revelar o real propósito de nosso experimento, porém agora que pode ser o fim dele, você merece ao menos ouvir a verdade ― de pé Astara permanece prostrada frente a Jacob visivelmente perplexo. ― Tecnologia de teletransporte? Mas já foi provado que era impossível e inviável o teletransporte de qualquer matéria! ― Essa é apenas uma das muitas mentiras que o seu governo encoberta, esse é o interior de meu veículo espacial. Eu vim de um planeta muito longínquo chamado Undravyr, nossa espécie tem a expectativa de vida de apenas 10 anos, eu tenho 4, estou na meia idade, e desde a minha adolescência estudo uma forma de aumenta-la significamente. Após anos de pesquisas encontrei a raça humana, com uma compatibilidade genética quase perfeita, e incríveis 150 anos estimados. Não consegui que meu planeta financiasse minhas pesquisas, pois a Terra firmou um acordo com outros planetas de nunca revelar a nossa existência para vocês, então vim de forma clandestina ― enquanto ela explicava algumas imagens se projetavam pela sala branca ― Essas são imagens do meu planeta, diferente da Terra, em Undravyr não existe guerra, não temos tempo a perder com disputas fúteis pois temos em mente que a qualquer momento nossa vida pode chegar ao fim, não temos tempo para arte, para hobbies ou vícios. ― Se é tão perfeito, por que você quer mudar? Eu não trocaria 10 anos no paraíso, para viver 150 no inferno. ― Indaga Jacob quase paralisado com a perturbadora realidade. ― Ao chegar aqui eu percebi o que estava acontecendo, e o quão decadente é seu planeta, por exemplo no meu dialeto não existe a palavra “guerra” eu demorei até entender o conceito, estudei as 3 guerras mundiais. ― É interrompida por Jacob ― Antes de enumera-las, faziam parte do cotidiano. ― Comenta Jacob. ― Enfim, eu e um pequeno grupo de cientistas do meu planeta, resolvemos nos infiltrar e ajuda-los, combinando nosso DNA ao de vocês, esse projeto se chama “Nivhiun” que em meu dialeto significa algo como “imortal” ou “sem pecados”, próximo da palavra “santo”. Nossos descendentes híbridos terão alta expectativa de vida e um índice nulo de infertilidade, além da natureza pacífica da minha espécie graças a baixa taxa hormonal. Isso impedirá que vocês humanos causem sua própria extinção. Ao voltarem para o quarto de hotel, Jacob senta no luxuoso sofá colonial com estilhaços de porta e lascas de parede por toda sala, pega seu frasco de alumínio e nota que acabou a bebida, ele o sacode para cair umas últimas gotas de whisky em sua língua ― Se a ideia é salvar a humanidade, acho que vocês cometeram um grave erro em me escolher, por que alguém errante como eu? ― sem ter o que fazer Jacob pergunta à Astara. ― Você é um dos poucos do planeta Terra que ainda é fértil. ― Então vamos correr com isso, quando começa a próxima etapa? ― Ofegante Jacob questiona. ― Ela já está feita! Nesse momento estou grávida, carrego em meu ventre o primeiro filho entre nossas espécimes. ― Olhando sua barriga Astara disse. Jacob paralisado com a notícia dá as costas para Astara e vai em direção a Holo-conferência. ― Finch? Preciso de um último favor, envie esse arquivo para algum amigo seu da Frente Liberal. Diga que passem esse video para toda população. ― No Holoprojetor uma mensagem junto a uma barra de porcentagem anunciava o compartilhamento do arquivo de vídeo, onde continha toda a conversa com Astara, sendo enviado para Finch. ― E agora? ― perguntou Astara ― Como você disse, agora deixe que o próprio ser humano acabe com ele mesmo. A luz da aurora no amanhecer artificial é cessada por um momento por uma interferência dando lugar ao frio cinza da verdadeira manhã, quando a imagem parecia ser restaurada na verdade era um vídeo, que em looping contínuo reproduzia o arquivo de vídeo onde Astara confessava a verdade para Jacob Crowler. Em questão de minutos toda a cidade assistia à verdade sobre seu messias, Köehaein, que da sacada do parlamento trajando uma espécie de manto tentava acalmar a multidão que gritava angustiada com sede por verdades, a Frente Liberal finalmente começa seu golpe de estado. Fuligem no ar e caos nas ruas, sentada no letreiro luminoso do hotel, Astara parece contatar sua equipe de pesquisa por meio de um dispositivo em seu pulso, enquanto Crawler assistia o caos na Cidade da União pelo terraço de South Bay Hotel. O céu cinza refletia as cores da cidade em chamas, ele olha seu último cigarro e antes de acendê-lo, Jacob arremessa a droga apagada em direção das ruas lotadas de manifestantes.