Ícaro no futuro (ou guarda para sempre os conselhos do teu pai)

Sci-Fi
Começou, agora termina queride!

Conquista Literária
Conto publicado em
ACID NEON: Narrativas de um futuro próximo vol. 01

Prólogo

Epílogo

Conto

Áudio drama
Ícaro no futuro (ou guarda para sempre os conselhos do teu pai)
0:00
0:00

não me grites o fim

Ora essa, é mesmo o fim a primeira coisa que vou revelar, gritando.

Sou malévolo. Não me submeto a regras.

Depois de vários episódios patéticos e brutais, voltei à minha normalidade. Consegui recuperar e estou pronto para voltar à vidinha e, assim, por mais cem anos.

Neste corpo, consigo fazer tudo e, com ele, voltarei a flanar. Será?

Como todos sabemos, Ícaro era filho de Dédalo. Juntos, construíram o labirinto do Minotauro, no qual aprisionaram o terrível monstro. Mais tarde, Teseu matou-o. Depois da morte do Minotauro, Dédalo e o filho ficaram presos no labirinto. Então, construíram asas artificiais com cera de abelhas e penas de pássaros, moldando-as com as mãos, para que se transformassem em asas de verdade. Desta forma, Dédalo conseguiu fugir, tendo alertado o filho para não se aproximar do sol, porque a cera das asas poderia derreter. No entanto, Ícaro não ouviu os conselhos do pai (pois não se submetia a regras) e, tomado pelo desejo de voar próximo ao sol, acabou por se despenhar e caiu no mar Egeu. o problema

A distração não durou mais de três segundos e tudo por causa de uma espécie evoluída de falcão, chamado Minotauro.

Eu estava, no aparelho, a jogar à batalha naval com um dragão tecno. Até estava a defender-me relativamente bem. O anormal do falcão, acabado de chegar do cometa 6666tyk, vinha com aquele entusiasmo mordaz de quem quer contar novidades. Tocou-me com as asas no braço e, por causa disso, uma bala do navio-tanque do adversário (fácil de defender, isso é que me doeu mais) atingiu o meu porta- -aviões virtual e o meu coração.

Eu já sabia que aquele aparelho estava a ficar obsoleto (versão.mega#93279). Até já estava amortizado. Tinha sido lançado no mercado global há mais de um mês. Foi um bocado irresponsável da minha parte jogar, nesse aparelho caquético, com um dragão tecno que, para além de roubar diariamente os seus aparelhos de última geração, pode usar as guelras e, ainda, deitar fogo a tudo, derretendo o que haja por derreter.

A verdade é que gosto de gastar a minha energia a correr riscos. É a minha realidade, nada há a fazer e pouco importa.

Antes de perder os sentidos, já intuía que estava em perigo e que o órgão vital estava destruído. Aqui, houve um hiato de tempo, talvez meia-hora, em que não soube o que se passou. Devo ter desmaiado, ou assim. Tenho uma ideia vaga dos voos do Minotauro e de outros amparos barulhentos me terem levado. à procura da solução

Quando acordei estava numa nave espacial, daquelas onde a pressão atmosférica é mais favorável, toda de um branco imaculado. Moviam-se à minha volta figuras estranhas, também vestidas de branco. Uma dessas figuras, a que vou chamar figura 1, informou-me que o meu coração tinha ficado sem arranjo possível e que eu tinha que optar: ou esperava que se encontrasse um humano desprevenido a quem se furtasse o coração para fazer o implante ou, então - a solução que a equipa clínica considerava mais adequada (porém, mais morosa e dispendiosa) -, arranjava-se um corpo totalmente novo. Eu tinha apenas cinco minutos para tomar a decisão. Perdi dois a perguntar porque me aconselhavam a trocar de corpo e a ouvir a resposta. “É que a nossa máquina viu que os seus rins também já não estão grande coisa, nem o fígado”. Ainda tentei ripostar, um bocado desconfiado, dizendo que não percebia como isso poderia ter acontecido já que, desde que nasci, sempre tomei todos os comprimidos alimentícios às horas certas e que só podia ser um tremendo equívoco. A figura 1, rosnou: “Você é que sabe, mas olhe que a sua coluna vertebral também aparenta ter duas hérnias e, daqui a alguns meses…”

Comigo, é sempre assim. A solução mais cara é sempre a mais adequada.

“Está bem, vou seguir o vosso conselho, faço mudança integral de corpo.”

Três minutos depois, mais ou menos, já me tinham separado do corpo que, segundo me disseram, não teve qualquer utilidade, pois nem aquele modelo de pénis era procurado no mercado de órgãos. Melindrado, tive que me conformar.

Estava, então, decapitado. O meu corpo era, agora, um paralelepípedo branco, tipo frigorífico do século XX, ligado a várias máquinas e écrans que, em permanência, apitavam, em várias cadências, lançando uns raios néon azuis e vermelhos contra as paredes laterais brancas. Tudo branco, lembram-se? Até estava com enjoos imaginários. Digo imaginários, porque, claro está, o estômago tinha ido com o corpo real.

A parede à minha frente estava coberta com um espelho #25xD para me trazer realidade à cabeça. A minha cabeça, a espreitar em cima da máquina… Eu.

Comecei a recitar um poema ingénuo, que me lembrava o meu pai. Tinha a ver com o facto de, sem coração, não sermos um ser (mas um boneco), da vontade imensa que tínhamos de conseguir voar e dos cuidados a ter com as asas. Qualquer coisa comovente e antiquada desse tipo.

Para afastar o tédio, deitei a língua de fora e pisquei os olhos. Estava com muito boa cara, corado e tal. Fiquei furibundo quando reparei que a crista do cabelo não estava ao alto. Uso aquela laca com iões atrativos, mas comigo só funciona a da marca antinewton, que eles não devem ter aqui. Já vos anunciei a minha tendência para as coisas caras, certo? Se já não estava confortável sem a crista levantada, imaginem quando dei com os furos do nariz, sem apetrechos decorativos! Fiquei doido da vida, logo a imaginar que as orelhas estariam despojadas dos alargadores, coisa que não conseguia confirmar, apesar da alta tecnologia do espelho. Estava impedido de rodar a cabeça. Ainda tentei elevá-la, como costumava fazer quando precisava de relaxar. Pratico diariamente um tipo de yoga, uma descoberta para aí dos finais do século XXI, em que, pela concentração, a cabeça se eleva do corpo e pode deambular em circunferências com raio de cinco metros. O pescoço tem que ser treinado dois minutos para conseguir praticar o exercício, desde que previamente oleado com girafapower, um produto já bastante fora de moda, mas ainda em uso para os praticantes dessa modalidade secular. A perícia reside em não bater com a cabeça no resto do corpo, nem no solo e não deixar que o pescoço se enrole, para que não se dê a estrangulação.

Estava eu nestas lucubrações, quando reparei num dedo espetado, suspenso no ar e envolto numa espécie de tornado mínimo, que via através do espelho. Cada vez que o tornado (e o dedo) faziam razia à minha cabeça, sentia um sopro de ar gelado e um cheiro a creolina, misturado com sangue. Vendo melhor, parecia mesmo ser o meu dedo indicador, mas não consegui ter a certeza.

Entrou, de rompante, outra figura branca, a que vou chamar figura 2, e pôs-se à minha frente, de costas para o espelho. Vinha com um tablet versão 369#DX (“O quê? Aqui ainda usam isso? Isto é uma viagem ao passado ou quê?”) para que eu escolhesse o meu corpo entre os disponíveis. Indiquei-lhe os requisitos básicos: corpo hermafrodita, de não mais de cem anos (para combinar com a idade real que a cara aparentava), cerca de dois metros e trinta e cem quilos de peso, no máximo.

A figura 2, depois de ligar a sua preciosidade (o tal tablet dos tempos dos dinossauros, que risota), iniciou uma pesquisa avançada, comandada pela sua retina direita (vi logo que não era esquerdino, como eu) e, de seguida, começou a passar os modelos dos corpos.

Eu, que até nem sou esquisito, primeiro achava que todos os corpos eram aceitáveis, mas, depois, vendo melhor, acabava por não gostar de nenhum. Uns tinham tatuagens de anjos da guarda ou de seres mitológicos bonzinhos (eu só apreciava tatuagens medonhas), outros tinham joanetes, outros apresentavam barrigas salientes.

Como não consegui decidir em noventa segundos, foi-me sugerido que mandasse vir um estilista de conjugações e um designer de órgãos, para, respetivamente, aconselhamento e, eventual, reconstrução parcial à medida, se fosse caso disso. A intervenção no processo dos consultores especialistas fazia aumentar bastante a conta, mas não deixava de ser uma garantia para que me sentisse bem no meu futuro corpo e comigo próprio, no futuro.

Trocámos ideias acerca de preços e eu pedi para consultar a minha conta bancária virtual, pedido esse que, ao primeiro segundo, me pareceu logo inviável, já que as consultas e movimentos têm que ser efetuadas através de impressões digitais (não podiam ser feitas através de retinas). Ao terceiro segundo, entendi que o meu dedo indicador tinha sido resgatado para esse efeito. Fiquei bastante descansado por estar em tão boas mãos. Ligavam a pormenores e isso é fulcral. O que eles não viram nas análises é que sou esquerdino e, nas pressas, guardaram-me o dedo direito, cujas impressões digitais não conferem, em absoluto, com as do dedo esquerdo, como é óbvio. “No fim disto tudo ainda lhes instauro um processo judicial”, pensei eu. Ao quarto segundo lembrei-me que tinha sido implantada a anarquia. Bem, seja. Continuando, o meu coração ia saltando pela boca… Ah, é verdade, não tenho coração. Experienciei, contudo, a mesma sensação vinda de dentro da máquina. Deve ter sido devido ao circuito interno que substitui o coração. “Será que vou ficar aqui uma vida dentro da máquina, até encontrar uma solução para movimentar a conta?” Quer dizer, no fundo, era relativamente fácil resolver este enigma, já que, com a retina, podia passar uma procuração a outra retina e, verificada a coerência entre a retina e as impressões digitais do procurador, seria uma possibilidade. Porém, não gosto de burocracias e esse expediente era de evitar para minha salvaguarda. Aliás, nem sei se nos regimes anarquistas existe o instrumento legal da procuração.

Vendo que eu estava a complicar e que se aproximava a hora do almoço, a figura 1 entrou (reconheci-a através do espelho), abriu uma pequena porta da máquina que suportava a minha cabeça e perguntou-me o que é que eu queria almoçar. Primeiro respondi-lhe que não queria nada, mas depois reconsiderei. Pedi picanha, com feijão preto, couve e farofa e, para sobremesa, um quindim. A figura 1 fez um sinal com o nariz e apareceu, como que por magia, uma mesa com comprimidos alimentícios separados dentro de várias caixas. De imediato, atirou cinco comprimidos diferentes, em cor, tamanho e textura para dentro da máquina e fechou a portinhola.

Esqueci-me do pormenor de que, a fazer a digestão, tenho sempre mais dificuldade em concentrar-me. Mesmo assim, em deambulações mentais, lá me consegui lembrar de que havia uma alternativa ao dedo esquerdo para acesso à conta virtual. Era a pergunta-chave para recuperar o acesso, cuja resposta só eu sabia. Quando a figura 2 reapareceu, estabeleci o acesso mental através do seu tablet (já vos disse que era jurássico?) e pedi para entrar no Banco através da pergunta/resposta de salvação. A pergunta era “Em que dia vai morrer?” e a resposta era “Duzentos anos depois de ter nascido”. Fácil. Problema resolvido. Para minha satisfação, a conta virtual estava recheada pelas recompensas, por ter esventrado dois tipos na China. Esses sim, os chineses, prometem e pagam. Já nem estava habituado a tanta honestidade no cumprimento das obrigações recíprocas. Também, se o não tivessem feito e eu, agora, por causa do novo corpo, tivesse que contrair um empréstimo a cinco dias, iam ver. Sabotava-lhes os aparelhos das multinacionais e dava-lhes cabo de toda a informação secreta. Como retaliação, claro.

E pronto.

Verificação feita, pedi para virem os consultores especialistas, sem me esquecer de avisar que se fizessem acompanhar de um enfeitiçador de cristas porque, sem o meu produto, só com uma intervenção dessas a minha crista conseguiria ficar direita, o que seria essencial para os consultores poderem avaliar a minha nova “vida”, com segurança e eficácia.

Em quatro ou cinco minutos chegaram os três especialistas. Nuns segundos bem contados, o enfeitiçador pôs- -me a crista a preceito e foi-se embora, deixando-me a fatura, através de troca de sinais entre retinas. “A ver se não me esqueço de fazer a transferência ou de passar lá a pagar”.

O estilista de conjugações tinha um tablet muito mais moderno do que o da figura 2 e transformou o espelho num quadro branco interativo, onde projetou a minha cabeça em 3D, à medida que ia passando as imagens dos corpos e evidenciando as respetivas características. O designer de órgãos estava atento, desejoso que eu escolhesse um corpo que precisasse de melhorias, para que não se tivesse deslocado em vão. Um desperdício de tempo e de átomos-combustível, já que os orçamentos eram grátis, para os impedidos de se deslocarem (e era esse o meu caso).

Rapidamente escolhemos um corpo atlético, de noventa e nove anos de idade, só alimentado a comprimidos, com uma tatuagem de caveira nas costas (facílimo de adaptar ao terror, que queria dar a mim próprio), e da altura e compleição convenientes. O problema era que tinha uns seios salientes e eu não queria isso para mim. Nem pensar! O estilista de conjugações foi-se embora e só ficou o designer de órgãos, exuberantemente feliz, por ser necessário retirar os seios do corpo e redesenhá-los. Disse que era um trabalho bastante fácil e que ficaria pronto em quinze segundos, só que tinha de ser realizado no seu atelier.

Através da máquina, com o cérebro ao comando, chamei a figura 2 para lhe dar a informação sobre o corpo escolhido e que teria que ser levantado na fábrica do estilista de conjugações. Alertei para o facto de, logo que tivessem o corpo escolhido consigo, terem de passar no atelier do designer de órgãos para ele fazer os melhoramentos necessários. Ficou logo com má cara, mas como lhe disse que o trabalho seria realizado em quinze segundos, denotou algum alívio. A figura 2 informou-me que ia tratar disso pessoalmente. Eu transferiria o montante total para a sua conta, para que pagasse o corpo ao estilista, liquidasse ao designer os arranjos e retirasse a margem para o internamento na nave espacial, operações, materiais e tal.

A operação de transplante de corpo foi, então, marcada para daí a cinco minutos, altura em que eu já teria feito a digestão da refeição saudável.

Explicaram-me que, por ser uma tarefa muito complexa, demoraria dois minutos e trinta segundos e, ainda, que teria de ficar no recobro noventa segundos, três minutos nos cuidados intensivos e cinco minutos no quarto. Achei demasiado tempo, um exagero cautelar, mas tive que aceitar.

Quando recebeu a mensagem mental de que o designer de corpos acabara o seu trabalho e que a figura 2 estava em trânsito com o novo corpo adaptado, a figura 1 hipnotizou- me. Não senti nada durante a operação e a recuperação acabou por ser rápida.

Trinta minutos depois estava a pairar no ar, livre das figuras brancas, livre da nave branca, satisfeito com o novo corpo, que tinha mais vitalidade e melhor odor corporal do que o anterior. A minha conta digital também estava muito mais leve, claro. Pouco importa para o caso.

problema resolvido?

Ia-me esquecendo de vos contar que substituíram o dedo direito do corpo novo pelo antigo. E aí é que estalou uma grande confusão. Aparentemente, o corpo transplantado era destro e, por isso, os neurónios ainda estão a demorar algum tempo a habituar-se à nova realidade. Como sou um otimista nato, acredito que tudo vai correr bem.

A porta de casa abre-se com as impressões digitais de qualquer um dos meus dedos, embora, antes de ir para lá ainda tenha que passar pelo enfeitiçador de cristas para pagar o serviço feito e para endireitar a crista outra vez. Logo de seguida, irei ao tatuador para aumentar a caveira e repor as minhas horrendas tatuagens de culto. O que me vale é que posso comprar-lhe novos anéis para os buracos do nariz e alargadores para as orelhas. Já agora, aproveito esta oportunidade e faço um rearranjo total de mim. Também, na verdade, estava mesmo a precisar de alargadores mais modernos. Ah e o aparelho, claro! Tenho que roubar (significa furtar, com violência, ah, ah) um de última tecnologia. Estou ávido de sangue e de más ações. Matarei, em breve, o estúpido do dragão que me fez isto. Já estou a cogitar no labirinto que lhe vou montar, logo que chegue a casa. E o Minotauro também não se vai ficar a rir, já que foi ele o culpado desta situação toda. Oiço e vejo o que tem para me contar e mostrar e “Fogo com ele!”. Eu sou mesmo mau, e vingativo, e …

Pouco atento aos conselhos do pai, dos quais desdenhou.

posfácio

Fascinado com o corpo novo, já com o aparelho de última geração debaixo do braço, conduziu em êxtase a sua nave móvel pelos ares, não seguindo as mais elementares regras de voo. “Haverá regras de voo nas anarquias?” Aproximou- se demasiado do sol e deu-se um fenómeno adverso para este tempo, uma espécie de curto-circuito, ainda por explicar pelos cientistas, tendo desaparecido nos ares.

Não chegou a abrir a porta de casa.

Não matou o dragão nem o Minotauro.

O fim gritado foi um equívoco.

Como todos sabemos, Ícaro era filho de Dédalo. Juntos, construíram o labirinto do Minotauro, no qual aprisionaram o terrível monstro. Mais tarde, Teseu matou-o. Depois da morte do Minotauro, Dédalo e o filho ficaram presos no labirinto. Então, construíram asas artificiais com cera de abelhas e penas de pássaros, moldando-as com as mãos, para que se transformassem em asas de verdade. Desta forma, Dédalo conseguiu fugir, tendo alertado o filho para não se aproximar do sol, porque a cera das asas poderia derreter.

No entanto, Ícaro não ouviu os conselhos do pai (pois não se submetia a regras) e, tomado pelo desejo de voar próximo ao sol, acabou por se despenhar e caiu no mar Egeu.

Para continuar lendo
Ambiente de leitura
Claro
Cinza
Sépia
Escuro
-T
Tamanho de Fonte
+T
Ícone de DownloadÍcone de formato de leitura
Ambiente de Leitura
Voltar ao topo

O hub de Literatura Nacional mais legal da internet. Explore o desconhecido e descubra o inimaginável.

Leia contos originais de graça aqui na Bilbbo

Contos Originais

Aqui você encontra contos totalmente originais de novos autores nacionais.

Leia
+
Minicontos originais para você ler quando quiser gratuitamente.

Minicontos Originais

Conheça os Minis da Bilbbo que de pequenas não possuem nada.

Leia
+

Podcast literário

Quinzenalmente um episódio novo com profissionais e autores do mercado independente.

Ouça agora
+
Ícone do blog de literatura independente.

Blog
literário

Leia reviews, análises e o que mais der na telha lá no nosso blog.

Leia no blog