A lenda do Umibozu

Terror
Maio de 2019
Começou, agora termina queride!

Conquista Literária
Conto publicado em
Viagens pelo Desconhecido

Sinopse

Estamos preparando e revisando este conto, em breve o publicaremos aqui. :D

Uma tripulação em mar aberto, procurando por uma aventura parece o começo de uma história perfeita. Apenas não se esperava por um antigo morador da imensidão azul e o terrível encontro com seus maiores medos...

Prólogo

Epílogo

Conto

Áudio drama
A lenda do Umibozu
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A lua estava linda no céu. Ela era tão brilhante quanto o sol do meio dia em dias de verão exaustivo, porém, ela não tinha calor e sim brilho. Sua imensidão era tamanha que nenhum outro astro brilhante era comparável a ela, naquela noite.

O mar estava tranqüilo. Não havia nenhuma turbulência, nem ondas perigosas, nem nada do tipo, nem parecia que eles estavam a navegar em águas perigosas como aquelas.

- O que estamos fazendo aqui mesmo? – Perguntou um pirata, era um dos aprendizes daquela tripulação. Ele vestia uma bandana vermelha, também uma camisa branca com listras horizontais pretas e uma calça surrada cor bege. – Não entendo o que estamos fazendo aqui.

- Já está com medo, Reed? – Disse o outro aprendiz, este já não vestia bandana, mas tinha quase o mesmo tipo de vestimenta do companheiro, o que mudava eram as cores, camisa azul e listras amarelas, seu cabelo era longo e preto, com ondulações nas pontas.

- Lá vem você com essa história de novo, Beck. – Reed parecia um pouco irritado já, ele terminava de abastecer o canhão central do convés com pólvora e olhava para o aprendiz. – Por que não vai arrumar o que fazer? O deque está cheio de sujeira.

- Por que então você não vai lá? – Beck parecia contrariar o companheiro, enquanto ainda continuava a caçoar do mesmo. – Aposto que tem medo de ir ao deque também.

- Se tem tempo para conversar, acredito que devem estar sem serviço, certo? – Comentou então o imediato do navio, seu nome era Gray R. Bones.  Ele era forte, não tinha barba nenhuma como era um protótipo pirata, mas ele tinha vestes piratas e cheirava a rum. Seus olhos eram verdes e seus cabelos loiros, não tão grandes. – Por que não levam para o deque esses caixotes de peixes que pescamos?

Os dois aprendizes nem questionaram, sabia que quando Bones dizia era para ser feito de imediato. Eles levaram os caixotes lá para baixo, no deque. O lugar por ser um navio pirata estava bem arrumado, havia cordas enroladas e presas em pequenos suportes de madeira, caixotes com os peixes e outros caixotes vazios e alguns outros caixotes menores.

Bones sorriu ao despistar os jovens aprendizes, ele então se apoiava na guarda do navio que era de madeira, ele observou as águas e notou que estavam ainda tranqüilas, olhou para o céu escuro e sorriu. Ele parecia estar prevendo algo.

A tripulação do navio era composta pelo capitão, Red “Cervantes” Klaus, um homem de quase meia idade, tinha uma barba bastante preta, seus cabelos também eram longos e era o único no navio a usar um chapéu. Ele tinha vestimentas de couro, desde botas até luvas e uma espada curvada em sua cintura. Além do capitão, havia o mestre do navio, aquele que realmente sabia o funcionamento do navio e como navegar em alto mar, este era Elgin Alexanders, um homem quase da mesma idade do capitão, não possuía barba, usava uma bandana escura na cabeça e tinha um tapa-olho do lado direito, suas vestes eram mais leves e não possuía nenhuma capa. Usava consigo, duas espadas na cintura, uma pistola de calibre alto pendurada em sua perna esquerda e ele parecia estar fumando um cachimbo naquela noite.

Não muito distante de Alexanders, estava Lindtt Lee Leon, o mestre das armas, aquele que possuía conhecimento em todas as armas e era o melhor espadachim daquele navio. Sua espada tinha pedras no pomo e no cabo, continha uma lâmina meio escura e ela estava sempre com ele, guardada. Suas vestimentas eram brancas e amarelas, sua capa amarela também.  Encostado no mastro do navio estava o carpinteiro que tirava uma soneca, era o mais velho dali, seu nome era Brown Elias. Tinha uma barba e sempre que possível bebia o máximo de rum que conseguia. Na proa, a única mulher da tripulação, seu ofício era atirar com os canhões ou com qualquer outra arma que ela tivesse em mãos. Seu nome era Vidda Melissa, tinha longos e lisos cabelos ruivos e um corpo de dar inveja a qualquer outra mulher, olhos azuis e lábios carnudos.

O navio em si também era belo, o casco todo trabalhado de uma madeira bastante resistente, o mastro era todo trabalhado, as velas eram perfeitas, o convés não tinha nenhuma marca de buraco, nem mesmo fazia barulho quando pisavam, a madeira do navio era realmente incrível. Haviam dois canhões no convés, um de cada lado. E mais seis canhões nos deques, era um navio de grande porte, mas tinha poucos tripulantes para um navio deste tamanho.

A noite era quieta, tediosa. O mar não lhe oferecia perigo algum e pela expressão de todos os tripulantes, aquilo não fazia parte da jornada deles.

De repente, um vento forte soou e o navio respondeu fazendo uma madeira solta bater contra a guarda. Aquele era o sinal que algo diferente finalmente ia acontecer ali. Quando o vento forte bateu, imediatamente Klaus, o capitão, sorriu.

- É o que estou pensando, Alexanders? – O capitão estava na parte superior do navio, onde estava o leme e a popa. Ele encarou os céus como se fosse desafiar a ele e novamente riu.

- Uma tempestade se encaminha nesta direção. – Ele tirou o cachimbo da boca e baforou, o cheiro daquele fumo era horrível. Ele mudou sua expressão e ficou mais alegre ao saber da tempestade. – Vamos nos preparar então. – Ele se posicionou diante do leme.

Todos os tripulantes então começaram a se mexer, menos o velho Elias que continuava a adormecer. Os dois aprendizes chegaram ao convés novamente, pareciam um pouco assustados.  Alguns poucos minutos depois, eles ouviram um trovejar. O clarão do trovão cegou-os momentaneamente e o forte barulho estrondoso do raio ecoou pelo mar.

O trovão desencadeou muitos outros trovões e também invocou a chuva. Esta caía gélida naquela noite escura, já que a lua era tampada pelas nuvens carregadas. O mar ficava agitado, os trovões o agitavam ainda mais, a chuva fina aumentava e o chão do convés, feito de madeira se tornava escorregadio cada vez mais.

Reed teve que se segurar para não cair e afundar no mar, as águas do mar começaram a subir no convés, mas elas desciam para o mar novamente com o chacoalhar do navio. Nesse momento Elias finalmente acordou, mal percebeu o que estava acontecendo e se levantou um forte vento bateu e ele se sentiu arrepiado, rapidamente despertou.

- As fortes tempestades não vão danificar o casco do navio, mas os trovões são completamente imprevisíveis. – Ele rapidamente alertou à todos, mas falava especialmente para o capitão. – Tem certeza que vamos nos manter neste curso, capitão?

Klaus nem respondeu, seu sorriso estava a encarar aquela enorme tempestade que então começava a se intensificar. Os pingos de chuva eram freqüentes, eles pareciam como pedras sendo lançadas contra eles, pingos grossos caíam como rajadas de flechas em suas vestimentas. Os trovões iluminavam os céus e as marés direcionavam o navio para onde quer que fosse, era realmente terrível.

Uma forte onda surgiu na popa do navio, rapidamente Alexanders virou o leme todo a bombordo a onda bateu na guarda do navio e uma porção considerável de água adentrou no convés e se esparramou por ali. O mar não cessava e mais uma onda surgiu, o movimento do navegador agora foi para estibordo, outra onda adentrou o convés e levou consigo o que estava espalhado pelo chão.

A visão de cada um deles começava a ficar turva devido à forte chuva, seus corpos já encharcados estavam pesados e eles procuravam se manter firmes por ali. Outras ondas vieram na direção deles novamente e Alexanders conseguia manter o navio equilibrado, mas ele não saberia por quanto tempo mais.

De repente as ondas cessaram. O céu diminuiu a freqüência das descargas elétricas, a chuva voltou a ficar fina. Os tripulantes estavam exaustos, lutaram pela sobrevivência nas ondas e também para resistir à força do mar, apesar de experientes, uma tempestade sempre era uma tempestade.  Melissa se apoiou no mastro junto de Elias, pareciam cansados, Reed e Beck simplesmente deixaram o cansaço tomar conta e deitaram ali mesmo no convés molhado. Bones se agachou para tomar um pouco de fôlego e perguntou ofegante.

- Finalmente... Quando vamos encontrar o que buscamos? – Ele estava de cabeça baixa.

De repente, uma poderosa voz, ecoou por ali, como se fosse mais forte que um trovão.

- O que fazem aqui?

Foi o suficiente para todos esquecerem seus cansaços e olharem na direção da popa do navio, onde justamente o capitão Klaus estava.  Havia algo lá. A silhueta parecia ser de um homem gigante apenas do tronco para cima, seu corpo era mais escuro que a própria noite, sua cabeça era careca e reluzente como uma lua e seus olhos tão estranhos como se fossem espelhos, era uma criatura totalmente estranha.

Em primeiro momento, Beck começou a tremer, estava frio, mas ele tremia era de medo, não demorou muito para que ele desmaiasse e a criatura neste momento ficou ainda maior. Reed se sentiu da mesma maneira, tentou gritar por socorro, mas sua voz não saiu, ele se viu diante de uma imensidão de pessoas e nenhuma delas conseguia ouvir o jovem, era como se a criatura não o deixasse gritar, logo em seguida, perdeu os sentidos e desmaiou. A criatura ficou ainda maior.

Deixando um pouco os tripulantes do convés de lado, Alexanders que estava próximo da criatura, não conseguiu acreditar no que estava vendo, suas pernas tremiam tanto que ele mal conseguia se movimentar, os olhos da criatura entraram na mente do navegador. Neste momento então, a criatura refletiu o maior medo de Alexanders. O pirata se viu morrendo em combate, sendo traído pelos seus próprios companheiros. A dor das espadas perfurando seu couro pareciam reais e ele acabou desmaiando também.

- O que fazem aqui? – Novamente a voz poderosa como trovões ecoou pelo mar. As palavras eram tão fortes que os ventos começaram até a desmanchar o navio, as madeiras que eram tão resistentes e agüentaram a tempestade, foram levadas apenas com o tagarelar da criatura.

Com a segunda pergunta feita pela criatura do mar, um tornado começou a se formar ali próximo do navio, causando agitação nas águas e até mesmo um redemoinho. Elias, o homem responsável pelo bem-estar do navio, não agüentou, ele foi tomado por algo diferente, suas mãos começaram a tremer, ele se sentiu vazio e vendo tudo escuro ao seu redor, o carpinteiro desmaiou nesse processo. Melissa se segurava forte também, a mulher lutava contra seu instinto para ficar acordada, mas aos poucos ela ia perdendo os sentidos. O primeiro sentido a perder foi o tato, não conseguia sentir aonde se segurava, se ela estava realmente em pé no convés, ela não sentia nada, depois seus ouvidos foram atingidos por um zunido que ela ouviu e isso ecoava por dentro de sua cabeça, logo depois o sentido da visão também se foi e ela não conseguia mais saber onde estava, acabou desmaiando assim como os outros. Só restavam Klaus e Bones acordados.

- Capitão? Capitão? – Bones, não conseguia olhar diretamente para a criatura, sua careca era bastante brilhante e quando seus olhos enxergavam aquele brilho, eram como se seus olhos queimassem. – Capitão? – Ele não conseguia ouvir devido ao forte tornado que se formava bem ao lado do navio, a chuva fina era um tempero para a tempestade e o redemoinho começava então a tomar conta do navio. – Capitão? – Pela quarta vez, Bones tentou chamar seu capitão e acabou por desmaiar também. Estava sem força e seus gritos para o seu capitão foram inaudíveis para ele. O maior medo de Bones também o atingiu. A criatura refletia o medo de cada um, com seus olhos de brilhantes. O medo do Imediato era estar sozinho, ficar sozinho e ele se sentia dessa maneira naquele instante.

A lua já não mais aparecia, as nuvens deixavam o lugar completamente escuro. A careca da criatura era a única coisa de brilhava naquele vasto mar. O tornado destruía o que restava do navio, o redemoinho engolia suas peças em sua imensidão. As ondas agitadas batiam contra o casco e a cada vez mais era nítido que o navio não agüentaria. Os olhos da criatura eram como espelhos e naquele momento refletia o medo de todos do navio. O capitão de frente com a criatura, apenas estava a rir.

- Vou perguntar mais uma vez... O que faz aqui pirata? – A voz era mais poderosa que todos os efeitos da natureza naquele instante. O navio estava se despedaçando, as madeiras iam junto com o tornado e o redemoinho engolia a metade do navio, a popa era a única coisa que estava a restar.

- Eu vim conquistar todos os mares do mundo e enfrentar criaturas como você. – Klaus retirou a sua espada da bainha, uma espada curvada e com um brilho descomunal. Ele estava a sorrir diante da enorme criatura e sua expressão era de confiança. – Venha!

- Você não tem medo de mim? – Era como se as tempestades fossem causadas por aquela voz poderosa. Os ventos eram cortantes e o restante do navio se foi, a popa estava sendo engolida pelo redemoinho e a criatura gigantesca tinha controle de tudo o que acontecia.  Os olhos de espelho naquele instante não refletiam absolutamente nada. Era como se não houvesse nenhum medo.

- Se eu tiver medo de você, minha vida de pirata não teria sentido algum.

Foi então que relâmpagos começaram a cair do céu, uma tempestade forte retornou, a criatura parecia fazer um forte rugido, o redemoinho já havia engolido todo o navio, as ondas não paravam e a chuva voltou a cair forte.  O cenário se transformou por completo, estava tudo desmoronando, tudo estava ruindo, menos a determinação daquele homem, Klaus. Os olhos de espelho da criatura entravam na mente do capitão, mas era diferente com ele.

Houve um imenso clarão naquele céu escuro e a única coisa que foi vista, foi o capitão Klaus pulando da popa do navio na direção da criatura, com sua espada em mãos.

O dia amanheceu, um lindo sol aparecia no céu e presenteava a todos com alegria e calor. As nuvens haviam sumido e o mar estava bastante calmo naquele amanhecer. Na beira de uma praia qualquer, estava o navio pirata todo destruído, suas partes estavam espalhadas pela praia, o mastro enfiado na areia, o leme despedaçado, a vela rasgada e a gávea perdido pelo mar. Os tripulantes, todos desacordados deitados na areia e o capitão ao lado deles, acordado, tomando rum de uma garrafa velha.

O primeiro a acordar foi Reed, sua cabeça doía e ele parecia meio zonzo. Não se lembrava de muita coisa e do que se lembrava, fazia sua cabeça doer a ponto dele querer esquecer.

- Capitão? – Ele olhou para o capitão de relance, o sol machucava seus olhos. – O que aconteceu? Lembro-me de uma criatura... – Seus olhos ficaram surpresos quando olhou para frente.

Aquela criatura estava diante deles, mas estava morta na beira da praia. A enorme criatura devia ter seus doze metros e era completamente negra, sua careca não mais brilhava e nem parecia ter mais olhos de espelho.

- O que você sentiu, quando viu a criatura Reed? – Questionou o capitão com um sorriso no rosto.

- Eu acho que medo. Eu não conseguia gritar por socorro. – O aprendiz ficou meio confuso, suas lembranças eram claras agora e ele sabia o que era sentir medo, na verdade, ele descobriu ali o seu maior medo, que era do ser silenciado e não ser notado por ninguém. Viver sozinho, Reed tinha medo da solidão. Em um momento de coragem, questionou ao seu capitão. – E você, capitão? Não sente medo de morrer?

- A morte virá a todos um dia, sem exceção. Então para que sentir medo dela? Vamos viver a vida como se fossemos morrer amanhã, por que amanhã talvez não estaremos vivos para vivê-la.  – O capitão sorriu e ofereceu ao aprendiz um gole de rum. – Beba o rum e você estará pronto para ser um pirata de verdade.

- Mesmo eu sentindo medo? – O jovem aceitou o rum.

- Sim. Pois é com seus próprios medos que você um dia vai aprender, Reed.

E assim o amanhecer aconteceu, a criatura foi derretida pelo calor do sol. Os tripulantes foram acordando um a um e nenhum deles se lembrava diretamente o que havia acontecido. Aquela história a respeito daquela criatura, apenas duas pessoas sabiam o desfecho, Reed e o capitão Klaus.

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