Sinopse
Estamos preparando e revisando este conto, em breve o publicaremos aqui. :DUma senhora, quase nada chamativa.
Prólogo
Epílogo
Conto
Eu tinha o costume de pegar o metrô com a minha avó. Ela com seus 83 anos, é mais rápida do que muito jovem na hora de conseguir um acento preferencial, e mais rápida ainda em segurar o acento do lado dela pra eu poder sentar e descansar para ir ao trabalho. Ela gosta de conversar com as pessoas no metrô, falar sobre um tempo que ela fazia tudo a pé, ou simplesmente escutar a história de alguém e dar alguns conselhos (e as vezes umas broncas).
Ela adora pegar o metrô para ir na casa da minha tia, que mora do outro lado da cidade. Ela se sente independente, já que as filhas não gostam que ela pegue o carro e dirija sozinha. Então o metrô sempre foi um misto de aventura e independência.
Após algum tempo, comecei a ter que ir trabalhar muito mais cedo, e só encontrava ela na volta para casa. A gente combinava em qual vagão ia se encontrar e ela sempre me avisava quando o metrô tinha saído da estação anterior àquela que eu iria pegar. E lá estava ela, guardando um lugar pra eu poder descansar um pouquinho.
Em um desses dias de retorno, brinquei com ela sobre suas roupas. Ela estava toda de rosa, desde a blusinha, o cardigã, a calça, as sapatilhas e até a bolsa. Com o cabelo loiro parecia uma Barbie, de 82 anos, mas ainda uma Barbie muito charmosa. Algumas estações depois, entrou um jovem no metrô, com uma caixinha de som, boné de lado, pedindo licença a todos os passageiros, pois iria cantar alguns versinhos.
É claro que, em meio aos versos de rap brincando com os passageiros, ele colocou os olhos na minha avó (e tinha como não notar aquela senhorinha toda de rosa?). Chegou perto dela e começou a cantar:
*"Olha o que vejo aqui,
será a Penolope Charmosa?
A Senhora toda chique
parece a Pantera Cor-de-Rosa!"*
Minha avó deu boas risadas, aplaudiu e deu um trocado para o jovem. Perguntei se ela gostou e ela me deu uma resposta que até hoje, quando me lembro, fico sorrindo:
"Ai minha filha, quando a gente chega numa certa idade, a gente não quer mais ser invisível e se esconder no banco perto da janela. A gente gosta de ter atenção, mesmo que seja uma brincadeira. Fiquei muito feliz com a brincadeira e não vejo a hora de contar pra sua mãe. Anota o versinho que ele cantou pra gente contar pra ela quando chegar em casa!"
Até hoje, se alguém perguntar pra ela sobre esse dia, ela conta essa história com um sorriso no rosto.