O Alvorecer do Pêndulo

Aventura
Novembro de 2020
Começou, agora termina queride!

Conquista Literária
Conto publicado em
Os Herdeiros de Trismegisto

Prólogo

Epílogo

Conto

Áudio drama
O Alvorecer do Pêndulo
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No alvorecer do século XIV, quando Filipe IV, o Belo, rei da França estava no auge do poder, três figuras de alto porte caminhavam com dificuldade sobre um extenso planalto a leste da Antiga Mesopotâmia. Não tiveram tempo de abastecer odres ou carregar mantimentos. A variação do clima açoitava seus rostos encovados, protegidos apenas sob o fino véu dos tecidos negros e empoeirados.

Em um ponto equidistante, no alto Tibet, três homens os observavam de dentro de uma gruta, iluminados pela luz de uma enorme pedra esmeralda. Usavam trajes idênticos e algo semelhantes aos dos andarilhos, mas nada os podia ligar, exceto pelo broche de Caduceu preso às suas túnicas.

Os andarilhos conheciam bem as redondezas, mas não faziam parte daquela época. Estavam incumbidos de seguir as Leis Herméticas datadas de um tempo fora do tempo.

Longe dali, a realeza intentava dominar territórios e implantar a força o reflexo de uma política dogmática atribuída a um deus autoritário. Guerras insanas se disseminavam pelas colônias, varrendo vilarejos até as margens do mar Cáspio. Os caminhantes intentavam passar por essas terras aparentemente como meros expectadores, antes que estas fossem alcançadas pela horda de cavaleiros, pois os aldeões não faziam ideia do que os aguardava.  

Assim na Terra, como no firmamento, havia uma ordem para toda a criação, para a essência das coisas que foram invocadas além da materialidade conhecida, e os sábios estavam lá para garantir que o equilíbrio fosse respeitado.

Relatos antigos atestavam que seres cósmicos haviam passado pelo planeta e ensinado mecanismos sobre a perfeita interação do ser com o Universo. Com o passar dos séculos esses princípios foram esmaecendo, necessitando que, de tempos em tempos, escolhidos procurassem religar a primazia da criação aos princípios do Uno, O Criador. Portanto, tais sábios, incumbidos de proteger esses conhecimentos, deviam repassá-los àqueles que fossem dignos os possuir, custasse o que custasse, principalmente em períodos onde um espesso manto ameaçava ofuscar a frágil divindade existente no próprio homem. Fiéis o suficiente para guardá-los acima da ignorância que assolava o planeta, respondiam as provocações ao longo da jornada com o requinte da sabedoria assimilada a despeito da temporalidade. Procuravam inspirar os homens, mediante sutileza da manipulação dos elementos e, por meio destes, estabilizavam a oscilação do pêndulo da vida quando a iminência dos danos suplantava a possibilidade dos riscos.

Sem origem definida ou etnia visível foram convocados desde a madre, a missão de incentivadores da consciência plena em prol de um despertar coletivo, e promover a religação com o Uno. Mas, o que a criação conhecia por eternidade não se comparava a atemporalidade do Criador.

Conhecido por diferentes nomes, ignorado, temido, mal compreendido, subdividido e desacreditado, aquilo que reconheciam como fonte criadora, de fato tinha a habilidade de se manifestar por meio de toda forma de existência. A humanidade necessitava de provas para crer que fazia parte de algo maior que seu próprio umbigo, e perceber que não passava de ondas vibracionais compostas de átomos com elétrons em seu núcleo, geradores de uma energia nata com o poder de alterar tudo que estava ao redor. Caso não encontrassem discípulos dignos, com ouvidos abertos ao entendimento, seus lábios plenos de sabedoria se manteriam fechados.

Ao longo do tempo, outros sábios chegaram a ocupar lugares de destaque, assumindo a identidade daqueles que se tornaram notórios por suas ações e palavras, inspirando gerações.

No entanto, os homens persistiam em atribuir excessivo valor à materialidade das coisas, arvorando-se no domínio sobre o semelhante, perdendo gradativamente a clareza dos sentidos e capacidade de assimilar o que lhes faria genuinamente felizes.

Ainda que o Universo não os julgasse devido sua amoralidade, os homens acabavam atraindo para si exatamente o que vibravam e, por conseguinte, as mazelas se espalharam como um vírus sobre a Terra.

Por se pensarem especiais, criavam estratagemas, acumulando posições e títulos que lhes permitisse amealhar inúmeras posses, crendo que alcançariam certa divindade e um poder do qual ingenuamente se distanciavam. Afastados do destino esperado, confinaram-se a um plano que os mantinha em uma ciranda sem fim. Em momentos assim, quando o sangue tingia os rios, a escuridão se alastrava pelo firmamento e os lamentos não transpassavam as nuvens, eis que os magos surgiam incólumes, ora vagando em trajes simples, ora se imiscuindo em postos inexpressivos para transmutar as ondas vibracionais, detendo a degradação coletiva.

Não temiam a morte, não temiam o tempo, e mesmo que encarcerados, humilhados, famintos ou vilipendiados eram livres, pois se tornaram conscientes de sua natureza metafísica e dignos de transmitir a leis Herméticas por meio do Caibalion.

Houve um tempo, porém, que o homem, seduzido pela impunidade de suas transgressões, ancorou a fé aos jogos políticos de poder, e suas atitudes inconscientes contaminaram a existência com a escuridão, dando início àquela que foi denominada a Idade das Trevas.

Provocaram o caos e, consequentemente, a produção de alimentos se tornou insuficiente para o crescimento demográfico. Com a degradação da fertilidade do solo e chuvas inclementes, as colheitas se perdiam e a fome exterminava muitas vidas.

Exatamente nessa época os iluminados voltaram a aparecer, percorrendo áreas críticas para interromper o fluxo rápido e progressivo das mazelas que açoitavam o planeta. Fome, epidemias, guerras, o afluxo de metais preciosos, e monopólio comercial das cidades italianas ameaçavam a ordem e o equilíbrio da luz.

Os sábios passavam por feudos alvoroçados pelo frenesi da guerra e alcançavam os vilarejos mais remotos vitimados pela fome para pernoitar. Ainda que não fosse necessário, trocavam turnos, não como guardiões, mas observadores das forças ocultas que circundavam os arredores e, por vezes, possuíam crianças e donzelas. Insones, consultavam as estrelas e relembravam as ásperas ocasiões passadas pelo Nigredo, Albedo e Rubedo, a grande jornada espiritual que lhes conferiu a impessoalidade necessária para não se envolverem nas fendas sangrentas da região, lembrando que, assim como eles, também renasceram sobre cada uma delas. Intencionavam inspirar a vontade de viver dos aldeões já combalidos pelas desgraças. Na comunhão das coisas distintas, do nascer e morrer em corpos ainda quentes, os sábios faziam pulsar novamente os corações e a verve que ainda os mantinham de pé, salvando ao menos suas vidas astrais, como legado espiritual para as futuras encarnações de um mundo aparentemente sem solução.

Exauridos, caminhavam rumo a banda ocidental, contornando as regiões onde mais nada havia por fazer, a não ser lamentar aqueles que aguardariam por um novo ciclo do despertar de suas almas.

— Não tenho memória de um momento tão complicado.

— Darás conta, por certo, Ezra. Não és mais um dois de paus sem serventia. — riu Zoraz.

— Antes de partirmos, consultei o acervo e trouxe comigo pequenos artefatos, caso necessite de suporte.

— Não será necessário, — interpelou Atruz — a sincronia nos precede. Teremos sucesso. Como sabes, nossa função é plantar as sementes, não necessariamente colhê-las.

O Pêndulo Kármico tinha se afastado demais do eixo da virtude, portanto, até que tornasse a passar novamente pela cerviz e oscilasse para o lado positivo, a humanidade sofreria muitas dores.

Assim que os primeiros raios de sol tocava suas faces, agradeciam, meditavam e saiam silenciosamente carregando consigo o fardo pesado dos semblantes desesperançados.

Atruz era o mais velho e mais sábio dentre os três. Extraia sua força dos campos de energia, mantendo-se fortalecido a despeito dos horrores que presenciava. A clareza com que via as coisas lhe permitia a manutenção do foco, ou certamente sucumbiria. De inteligência ímpar, mantinha-se atento aos preceitos herméticos, crendo em seu íntimo que este seria o último ciclo de sua Sansara.

Zoraz, o equilibrado, conseguia facilmente se identificar com a mente infinita. Possuía um alinhamento simbiótico com o todo que lhe permitia apaziguar qualquer desequilíbrio em seu entorno. Como um ramo enxertado à mente universal, assimilava o conhecimento e o reverberava com a sensatez exigida para cada situação.

Ezra, o mais novo, permanecia com seus ouvidos atentos para os ensinamentos da sabedoria, no entanto, ainda que tivesse alcançado uma existência abençoada, faltava-lhe a impessoalidade necessária. Sua senciência não lhe permitia passar pelos vales da evolução humana, sem que, de alguma forma, intervisse em suas dores. Utilizava-se inúmeras vezes de manipulações alquímicas para amenizar o sofrimento que não podia suportar. Sua fragilidade era a de carregar a agonia dentro de si e, ainda que entendesse o processo Kármico da ação e reação, não ascendia para níveis mais elevados de consciência. Era diligente, prestativo e de caráter indubitável, porém, punia-se por não conseguir eliminar o ego. A dor que não suportava no outro era a mesma que ainda não havia sobrepujado dentro de si. Havia experenciado toda a magnitude das vidas humanas que desfrutara e se apegado a cada uma delas com imenso amor, um paradoxo incondizente com a evolução que almejava ao intencionar fazer parte do Todo. Os vigilantes da caverna sabiam disso, e ele também. Em sua jornada, submetia-se novamente ao grande desafio de transmigrar sua alma nas espirais do tempo, tendo sempre a sorte — ou azar — de vir na condição humana. Acreditava poder vir a ser um dos eternos observadores da evolução da espécie até sua definitiva ascensão. Seria um privilégio, mas também um cárcere extremamente longo, até que outro viesse a tomar o seu lugar quando a consciência plena decidisse definitivamente absorvê-lo.

Haviam atravessado longas distâncias, e exaustos, chegaram a um vilarejo que ainda não tinha sido atingido pelo furor dos Cruzados. Era um lugar que exalava encantamento. Os povos originais haviam deixado alguns ensinamentos de como manipular elementos na confecção de chás e unguentos que auxiliavam a medicina da época para os que não tinham acesso a ela.

A vida nos vilarejos podia ser bem difícil, e com a chegada dos sábios os aldeões se sentiram renovados. As jovens criaram viço e dançavam durante a noite, trazendo uma alegria que há tempos não via. Muitas delas se conectavam com as forças da natureza, prosperando a colheita e abrindo a madre para os novos nascimentos. Entretanto, a atmosfera díspar certamente criaria ressentimento em algum passante refugiado que procurasse cair nas graças do clero.

As notícias chegavam com rapidez e alertavam que o inimigo estava próximo. O medo tem o poder de materializar aquilo que se teme, e não foi diferente para aqueles que imaginavam a que horas viria o agressor, criando uma forte correspondência para a criação dos futuros eventos. Ezra também lutava contra sua intuição. Sentia em seus ossos o que poderia vir a acontecer a despeito de sua aparente frieza, pois foi o lugar onde mais tempo permaneceram.

Isentos de pagar o dízimo à Terra Santa, os cavaleiros do templo tornaram-se ricos, poderosos e influentes ao longo do tempo. Embora basicamente formados por rudes fazendeiros, estavam insuflados pelo princípio da caça aos infiéis e sonegadores.

Dia após dia, aquelas terras sofriam com caravanas de escravos, e carnificinas que ceifavam vidas de ambos os lados. Os rumores carregados de notícias malfazejas eram cada vez mais altos, aumentando a frequência negativa e alterando a polaridade da recente harmonia.

Certa noite, houve silêncio. Não acenderam a fogueira no meio do arraial. Não houve música ou dança, somente um porco foi assado mais cedo e dividido entre as simples edificações.

Ezra estava inquieto. Podia ouvir os gritos em sua cabeça. Aquilo não era mais uma guerra física; era espiritual. Próximo à sua cama, Atruz dormia serenamente e Ezra se perguntava como ele conseguia manter a calma.

— Aquieta-te Ezra.  — disse Atruz com os olhos fechados. — Não há mais o que fazer. Nossa tarefa está cumprida e devemos partir antes que eles cheguem.

Ezra lançou-lhe um olhar cansado, traduzindo a experiência de vivências passadas. Por ser de temperamento mais sensível, estava ligado a criatividade da psique e, portanto, aos planos mais sutis. Preocupava-se que apenas poucos conseguiriam se sobressair, não sendo o suficiente para transmutar a ordem vibracional.

Sentia o medo deles. Medo por seus filhos, por suas mulheres, sua colheita e da ferocidade com que seriam atingidos.

— Dessa vez é diferente Atruz, a guerra esta muito próxima, e o tempo não foi suficiente para que assimilassem os conhecimentos. Esse vilarejo mal tem uma milícia, a resistência será patética.

O quase monólogo de Ezra acordou Zoraz.

— Caro, não subestime os ensinamentos. Caso eles compreendam a natureza do que está por vir, terão a capacidade de aplicar a polarização de forma eficaz. Lembre-se do que Atruz lhe disse sobre não ficarmos para colher as sementes plantadas.

Porém, durante a madrugada, cascos de cavalos se aproximaram. Ezra levantou-se de pronto e encontrou os amigos já de pé atrás da porta.

— Shiu. Silêncio. — sussurrou Zoraz por trás do indicador. — É só um batedor.

— Não percebem que não podemos ir embora assim. Precisamos fazer alguma coisa. — insistiu Ezra.

Atruz e Zoraz se entreolharam por alguns instantes.

— Pegue aquela cuia ali no chão. — ordenou Atruz.

Ezra cruzou a ambiente como um gato e limpou os restos da tigela. Sabia o que iriam fazer e deixou que um sorriso lhe escapasse dos lábios.

O sol avermelhava o horizonte ao som do sussurro de mantras e gesticulação de mudras. Ezra, por sua vez, macerava alguns elementos dentro da tigela e entoava baixinho suas orações. Conectados com os sábios da caverna, os andarilhos precipitaram um denso nevoeiro que encobriu todo o vilarejo, mas que não duraria muito tempo. Ezra saiu a passos largos, alertando de casebre em casebre para que fugissem e se escondessem até que a horda seguisse seu caminho. No fundo, mesmo que conseguissem salvar suas vidas, os aldeões sabiam que os cavaleiros levariam o que pudessem e deixariam um rastro de destruição.

Para surpresa dos três o povo decidiu lutar, acreditando que seria impossível sobreviver sem alimento e a mercê da própria sorte. Nenhuma vila a frente os acolheria, e as da retaguarda já sofriam com o próprio infortúnio.

Os cavaleiros chegaram trotando pelas vias laterais, encurralando os moradores.  Com suas espadas baixas, bradavam o nome do rei e de Deus, enquanto arrancavam as cabeças daqueles que estavam em seu caminho. Não havia para onde correr. Os gritos das mulheres podia ser ouvido ao longe ao serem arrastadas pelos cabelos. O celeiro era saqueado e as cabanas incendiadas ao mesmo tempo em que uma enorme cruz era erigida no arraial.

Um clérigo surgiu por trás da bruma que ainda se dissipava aos primeiros raios de sol, ordenando a alguns soldados que colhessem madeira seca para uma grande fogueira.

— Hoje queimaremos suas bruxas. — ele gritou.

Os andarilhos, afastados para um ponto fora da visão, intercediam mentalmente pelos sobreviventes que insistiam em lutar. Atruz e Zoraz neutralizavam o ritmo das ações dos algozes, alternando-o para uma compensação equivalente.

Procurando desviar o mínimo de seus princípios, Atruz arriscava o fim de sua sansara manipulando simultaneamente a sequência de acontecimentos, de forma que as ordens se voltassem contra o clérigo.

— Vejam, aquela moça ali. Ela tem longos cabelos ondulados e uma beleza que inspira lascívia. Certamente é uma bruxa. Peguem-na! – incitou o clérigo.

Os pais da jovem se puseram no caminho empunhando ancinhos, mas não tiveram a menor chance contra a força das espadas.

Ezra olhava aflito de Atruz para Zoraz, que não moviam um músculo de tão concentrados que estavam. No momento que os pais da moça caíram ao chão e os guardas se dirigiam para agarra-la, mudaram subitamente de direção indo de encontro ao clérigo.

— O que pensam que estão fazendo? – gritou o homem. — Vão! Peguem a moça!

Mas, os guardas não obedeceram, e os que ainda se mantinham de pé subiram em seus cavalos e saíram lentamente da aldeia em profundo transe. Os guardas que ficaram prenderam o clérigo na cruz que ele tinha mandado erigir e atearam fogo, partindo sem olhar para trás.

Após o incidente, Atruz e Zoraz não foram mais vistos e os aldeões insistiram para Ezra permanecesse na aldeia. Ezra sabia que havia falhado e que talvez essa história jamais fosse contada, exceto entre os filhos, e os filhos dos filhos dos aldeões.

A idade das trevas se estendeu por mais algumas décadas. Fome e peste alastraram-se pelo oriente e deixariam marcas profundas nas gerações seguintes, mas não foi o fim, como muitos haviam imaginado.

Em uma longínqua caverna no Tibet, Atruz e Zoraz retornaram resilientes aos seus corpos, onde continuariam a aguardar pela próxima oportunidade para reestabelecer novamente o equilíbrio. Já não contavam com o terceiro sábio, que evanesceu.

Ezra tinha decidido permanecer em sua última missão a fim de repassar os ensinamentos para um dos sobreviventes dentre os aldeões — alguém com ouvidos abertos ao entendimento —, durante o tempo que julgasse necessário. Talvez jamais tornasse a ver seus companheiros. Talvez.


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