Começou, agora termina queride!

Conquista Literária
Conto publicado em

Prólogo

Epílogo

Conto

Áudio drama
Miados
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Os miados dos gatos aqui perto de casa me dão muito medo. Aquele som terrível e macabro assombra meus sonhos. Não sei como eles agem, mas parecem ser em grupos, pela forma de como estão sempre em conjunto. Malditos, malditos! Torço para alguém dar um jeito neles. Deus me perdoe mas que fosse até na base dos venenos. A cada noite que se passava o número deles aumentava, era como se os miseráveis fossem máquina de reproducão.

Acordei sem nem quase pregar os olhos direito, embora o sono ainda me perseguisse. Tive de seguir para a escola e ouvir sermões da diretora por chegar atrasado na escola - aquela velha gorda sempre pegou no meu pé. Assisti as aulas de aritmética sem entender bulhufas... e a sensação de temor foi alimentada pela maneira de agir da professora, ela parecia miar a cada tom agudo de sua fala e seus olhos castanhos escuros, agora, de modo misterioso, haviam sido alterados por uma coloração mais amarelada. A mulher encarava-me com frequência, parecia saber da minha repulsa pelos felinos, agindo assim para me irritar ainda mais.

"Não tem como escapar, Kevin", disse ela para mim.

Olhei ao meu redor e vi meus colegas de sala de cabeça baixa responderem a questão sugerida. Eram eu e ela, e nossa troca de olhares ameaçadores. O esperado sinal tocou, dando por finalizada mais um dia naquela escola pública. Peguei minhas coisas e coloquei-as na mochila sem nem sequer dar adeus a professora. Meus passos estavam apressados, não via a hora de chegar em casa e tentar dormir mais um pouco ou esperar o cansaço me vencer.

"Kevin!", gritou meu amigo Mike com a mão na barriga.

"O que houve com você, cara? Tá passando mal?", perguntei.

"Desde anteontem sinto um forte enjoo. Já tomei vários remédios e nada de amenizar", respondeu-me ele.

"Por que não vai ao médico?"

"É isso que irei fazer..."

Antes mesmo do meu amigo conseguir terminar a frase, pôs-se numa postura curvada enquanto tossia muito. Saliva escorria de todos os cantos da sua boca e ele aparentava querer vomitar, pois seus olhos giravam em sincronia. Então, presenciei uma das coisas mais absurdas vistas em minha vida: alguém cuspir uma bola de pelo enorme.

"Tá acontecendo, Kevin, ajude-me", suplicou Mike.

Juro, tentei ficar calmo e prover assistência ao meu amigo, mas foi um dia estranho demais para mim, ainda mais com essas "coisas de gato". Senti uma aura sinistra permeiar o ambiente cujo qual não queria ficar. Corri sem olhar para trás, no meu trajeto em direção à minha casa. Entrei sem bater na porta e meus pais olharam-me pasmos.

"O que houve, filho?", perguntou minha mãe com uma bandeja de prata em mãos.

"Parece que você viu um fantasma", disse meu pai sentado à mesa.

"Não, nada...", respondi ofegante, quase de cócoras.

"Então venha jantar, temos um banquete especial hoje", disse minha mãe.

Embora suado, aproximei-me para averiguar qual seria esse tal "prato especial", pois fome tinha de sobra. Vi  os finos dedos das delicadas mãos da chefe da casa levantarem a tampa do prato de inox. A princípio não dava para ter certeza do que fora assado para a janta, talvez um pato, se esse não fosse grande demais, ou quem sabe então uma galinha. Negativo... Na verdade, havia um rato enorme assado naquele prato com detalhes árabes. Um asqueroso rato com sua calda comprida.

"Estou com água na boca, meu amor", falou meu pai para sua esposa depois de lamber os lábios.

Vi minha própria mãe tirar um pedaço daquele animal e saborear cada parte crocante dele. Depois disso ela ronronou, como os malditos felinos fazem. Fui para o meu quarto, tranquei-me lá, esperava acordar daquele pesadelo. Era impossível algo como isso acontecer! Todos estavam loucos! Debaixo das cobertas ouvi uma sucessão de sons cujo quais arrepiaram meu corpo: os malditos miados. Levantei-me e fui até a janela, quando dei de cara com várias pessoas em frente à minha casa miando alto. Inclusive, a professora e meu amigo Mike estavam entre eles.

"Só pode ser brincadeira", pensei.

A porta do meu quarto foi aberta com força. Minha mãe segurava um gato preto, com pintas douradas na extensão do seu corpo, mas o que realmente chamava atenção, eram os olhos daquele animal: vermelhos como sangue.

"Junte-se a nós, filho", disse meu pai.

"Vamos todos miar também, meu bem", falou minha mãe, já com os olhos amarelados.

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